Capítulo 3: Esses olhos...

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(Amanda)

Atualmente...

07h:20min - Sexta Feira

Eu sinto tanto orgulho de onde consegui chegar, de ter aberto o meu próprio Centro.

Desde que me juntei com as minhas amigas e abrimos esse espaço, eu me sinto completamente realizada, profissionalmente falando.

Nunca senti falta das outras áreas na minha vida, mesmo que a minha terapeuta viva dizendo que eu tenho que me arriscar mais. Abrir novas portas, deixar pessoas me conhecerem de verdade, sinto que existe uma barreira ainda.

Algo que venho tentando derrubar com o passar dos anos e admito que essa minha reconstrução não tem sido nada fácil, mas uma hora eu chego lá, né? Afinal, a esperança é a última que morre.

Parada aqui, no pátio da ComArt, eu vejo o quão grandioso e importante esse projeto se tornou. Demorou pra sair do papel, mas quando vi tudo criando forma... Nossa, foi a melhor coisa que eu botei meus olhos em anos.

Embora eu tenha arcado com a maior parte dos gastos, as minhas três inseparáveis amigas entraram de cabeça nessa comigo como minhas sócias. Não podia ter escolhido pessoas melhores pra compartilhar comigo essa conquista.

— Passa ano, vem ano e, eu não consigo me acostumar com o tanto de alunos novos que conseguimos. — Lari solta um suspiro e fica com o seu semblante sonhador.

Adoro o quanto nós quatro somos completamente diferentes umas das outras. Não só na personalidade, mas nos trejeitos, nas cores de cabelo, pele e maneiras de se vestir.

A Lari é tão fofinha. Em tudo. Suas roupas usuais são as floridas e românticas, ela vive fazendo uma trança lateral com seu cabelo loiro. Ela fez faculdade de dança, mas preferiu focar mais no jazz e no ballet, que é onde tinha maior aptidão.

Contrastando com ela temos a Pri, nossa gótica maravilhosa. Apesar de parecer ter a alma sombria, ela me lembra muito a Abby de NCIS. Tenta sempre ver as coisas por boas perspectivas. E fez artes cênicas. 

Ela atua bem demais! Pri já nos tirou de cada enrascada através da atuação, que é digno de um Oscar, sério mesmo.

E por último, temos a nossa raposinha, a Cibele. Ela é a namorada da Pri desde a época do colégio. Bele sempre foi apaixonada por educação física, se formou nessa área, e decidiu usar isso a seu favor, dando aulas de natação, hidroginástica e polo aquático.

— As divulgações estão a todo vapor, não só nas redes sociais, mas os próprios frequentadores nos exaltam por ai. Por isso é essencial o nosso atendimento ser excepcional, termos pulso firme quanto aos nossos horários pra continuarmos sendo bem falados. — respondi com um pequeno sorriso e reparei no olhar tranquilo das minhas amigas em mim.

— Somos fodas, não tem como falarem mal. — Cibele falou, convencida.

— Podem repensar sobre isso, viu, meu amor? — Pri abraçou-a e apontou para o relógio de pulso, nos mostrando que tínhamos cinco minutos para chegarmos as nossas respectivas salas.

Nos entreolhamos e mesmo que não disséssemos mais nenhuma palavra, sabíamos exatamente que nossa corridinha seria um tipo de disputa.

Passamos por alguns alunos, cumprimentando-os com um breve aceno e maneio de cabeça.

Porém, ao virarmos no final do corredor que dava para algumas salas e para a escada, acabamos colidindo com quatro caras que vinham do lado oposto ao nosso.

Estavam vindo do refeitório. Sei disso porque as minhas queridíssimas amigas derrubaram a bebida de três deles, mas quem saiu na pior fui eu.

Tive alguns dos meus cadernos de partitura jogados contra o chão, mais precisamente em cima de uma das poças de coca cola.

Minha doce melodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora