23h:17min - Sábado.
Ok.
Admito que talvez ter vindo até o pátio sozinha tenha sido uma péssima decisão. Só que eu não controlo o meu corpo quando ele está passando por um estresse fodido.
É algo inconsciente.
E eu juro que daria tudo pra ter arrastado os meus amigos pra cá comigo ou o Rick. Ele com toda a certeza do mundo me daria todo o apoio necessário.
Me ajudaria a passar por isso como vem fazendo desde antes de nos envolvermos.
Com o coração na garganta, o corpo todo trêmulo e a respiração descompensada eu caminhei apressadamente até a arquibancada.
Fiquei tentando controlar a minha crise de pânico enquanto observava algumas crianças brincando de esconde-esconde.
Não acredito que depois de ter mandado a gravação pra polícia sobre a ameaça explícita do Osmar.
Ele ainda tem a cara de pau de aparecer aqui, como se não estivesse sequer sendo procurado.
Qual é a obsessão desse cara comigo? Por que ele simplesmente não me deixa viver a minha vida e ser feliz?
Tentei fortemente afastar todas as coisas ruins da minha imaginação fértil e fiz a única coisa que poderia para o momento. Peguei meu celular e disquei o 190.
Estava aguardando ser atendida quando o meu celular foi tirado de maneira agressiva das minhas mãos.
Assustada eu encarei o Osmar. Ele não só estava com um sorriso grotesco nos lábios, como fumava seu típico cigarro.
O olhar dele desviou do meu por segundos apenas para ver a minha ligação recente. Em seguida, Osmar deixou o meu celular cair no chão e pisou em cima dele.
— Não tem como fugir, Amadinha. Daqui você só sai se for comigo. — ele falou com seriedade e ao ajeitar a calça jeans me mostrou o coldre com a sua pistola usual. — E se você não for por bem, posso usar o rapazinho pra te convencer. Seria bem triste aquele rosto ser preenchido por uma bala, não acha? — Osmar riu.
Só de pensar no Rick ferido por minha causa, as lágrimas foram tomando conta de todo o meu rosto.
O soluço amedrontado foi ganhando vida a cada pensamento ruim que vinha a minha cabeça diante dessa situação.
Não pensei nos riscos quando coloquei o Ricardo nessa loucura comigo. Não falo dos riscos contra mim, isso pouco me importa, mas contra ele. Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com o Rick por culpa minha.
O Osmar tem tanta influência pela posição que tem na polícia e agora, me envolvendo com o Ricardo eu acabei de colocar ele como principal alvo.
E o Osmar pode muito bem fazer uma jogada com o dardo e acertá-lo em cheio, sem pensar duas vezes.
— Você já destruiu a minha vida. Não vou te deixar destruir a do Ricardo também. Eu vou com você pra onde quiser ir, desde que deixe o Ricardo fora disso. O seu problema é comigo e não com ele. Eu termino com o Rick se for necessário, mas não encosta a porra das suas mãos nele. NUNCA. — me levantei e encarei-o furiosa enquanto limpava o meu rosto na força do ódio.
— Aceito a sua oferta, mas se você me passar a perna, Amadinha, saiba que não vai sobrar ninguém pra contar história. — Osmar disse entredentes ao apertar fortemente o meu pulso entre os dedos.
— Preciso falar com as minhas amigas também.
— Arranje uma desculpa esfarrapada que as convença, por mim tanto faz. — ele deu de ombros e me puxou para mais perto, soltando seu hálito de cigarro contra o meu rosto. — Vamos nos divertir tanto no nosso passeio. Você vai ver o quanto o seu corpo vai gostar.
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Minha doce melodia
Storie d'amoreMesmo fazendo terapia há cinco anos, Amanda Siqueira ainda carrega inúmeros traumas dentro de si. Apesar de ter alguns receios, ela busca sempre ver o melhor da vida, por mais difícil que seja. Extremamente determinada no que diz respeito ao trabal...