Capítulo 44: Minhas sujeiras

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(Amanda)

00h:00min - Domingo.

Eu fiz o possível e o impossível pra bloquear todos os meus sentidos e todos os sentimentos que estavam me corroendo.

Não daria o gostinho pro Osmar de me ver na merda.

Ele já tirou tanto de mim, que tudo o que eu quero é não deixá-lo tirar mais nada.

Ser forte pra suportar tudo que está destinado pra acontecer a partir de agora. Saber que embora eu possa não ter um final feliz, ao menos eu fui muito feliz nos últimos tempos.

Provei um pouquinho dos sentimentos mais puros e das sensações mais prazerosas do mundo.

Me libertei de mim mesma. Me permiti de verdade. Vivi os momentos mais memoráveis da minha vida.

Se for pra eu partir dessa vida para melhor, eu serei eternamente grata pelo que me foi proporcionado nos últimos tempos.

E foi pensando nessas coisas que eu me toquei que, sim, Deus é maravilhoso. Escreve certo por linhas tortas. Nos faz passar por diversas provações, porque sabe o quanto podemos aguentar.

Sem dúvidas estava escrito essa história de amor linda que vivi, mesmo podendo acabar precocemente. É bom saber que eu fui amada.

Eu mal prestei atenção no caminho que estávamos percorrendo de carro. Qual rodovia estávamos pegando, eu só conseguia pensar que deixei o meu coração pra trás, com o Rick.

Que ter tomado a atitude que tomei e ter me prestado a viver o meu inferno pessoal de novo, valia a pena, pelo simplesmente fato de querê-lo bem.

— Ele chegou a te foder como eu te fodia? — Osmar quebrou o silêncio e eu me mantive calada, olhando para a janela. — Claro que não. Ele não saberia usar o seu corpo da maneira certa. — ele desdenhou.

Respirei fundo enquanto mordia fortemente o meu lábio inferior até sangrar.

— Diferente de você, Osmar, o Ricardo me amou. Como eu merecia ser amada.

— Ê boquinha respondona, daqui a pouco farei você ficar caladinha do jeito que eu gosto. — ele retrucou e tirou uma mão do volante para passá-la pela minha perna.

Me encolhi toda no banco do passageiro, tentando a todo custo me afastar do seu toque nojento, mas era inútil, visto que eu estava com as mãos e os pés amarrados.

Isto havia sido a primeira coisa que ele fez quando me enfiou dentro do carro. De acordo com ele, foi o ideal para me manter sob controle.

Se ele tentar colocar aquela coisa repugnante que ele tem no meio das pernas na minha boca de novo, eu juro que ele sai sem. Porque eu vou fazer questão de morder com tanta força que seria capaz de arrancar um pedaço.

E seria a melhor coisa que eu poderia fazer, não só por mim, mas pela Tamy também.

— Quer saber uma coisa engraçada, Amadinha? — ele falou bem humorado.

— Nada que venha de você é algo bom. Então, não. Não quero saber.

Abracei as minhas pernas sobre o banco e fiquei olhando para o céu estrelado, tendo noção que eu estava em alguma estrada em sentido ao interior de São Paulo.

Ele está mesmo me levando pra Campinas?

Os policiais de lá passariam tanto o pano pra ele assim? O acobertariam a esse ponto?

É claro que sim. Tudo um bando de corrupto.

Depois de um tempinho passei a reconhecer exatamente o percurso que ele estava fazendo, estávamos indo em sentido a chácara, mais precisamente para o casebre que ele tem.

Minha doce melodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora