Minha doce melodia

Capítulo 37: Me faz acreditar

(Ricardo)

13h:02min - Terça.

A coisa mais prazerosa pra mim, além de ficar de chamego com a Mandy, é poder me sentir orgulhoso dando as aulas que gosto.

É sensacional e emocionante ver o quanto os alunos vem melhorando nas danças cada vez mais.

Agora, por exemplo, estou mostrando alguns passos mais tranquilos de break para que eles possam me acompanhar nos movimentos.

No inicio todos ficaram perdidos, mas depois que pegaram o jeito da coisa, fluiu demais.

E é gratificante pra caralho!

Ainda mais quando tem alunos que não tem condições financeiras de arcar com as aulas, sendo recebidos de braços abertos por mim, graças a Amanda.

A mulher é foda!

Eu soube disso desde o primeiro momento que botei meus olhos nela. Tive mais certeza ainda quando tinha o seu corpo embaixo do meu.

Eu nunca quis fazer uma mulher tão feliz na vida como desejo fazê-la. Principalmente após ter tido a visão triste dos machucados pelo seu corpo.

Eram tantos...

Não somente cortes e queimaduras, tinham marcas nítidas de mordidas em alguns locais. Isso me deu clareza sobre os seus gatilhos quanto a mordida.

E eu juro que eu não sei o que eu faria se eu pegasse o arrombado que fez tudo aquilo no corpo dela.

Um corpo judiado pelos machucados que a vida lhe deu, mas gostoso pra porra. Ela é toda gostosa! Desde o sorriso, até o corpo curvilíneo que ela esconde por baixo das roupas longas.

Ter uma noção de tudo pelo que ela passou, me fez admirá-la ainda mais. Me fez querer protege-la de todas as formas possíveis.

— Tio Rick. — senti uma mãozinha puxar levemente a minha calça para ter a minha atenção.

Olhei para baixo, dando de cara com o Iago. Um garotinho de 8 anos, com cachinhos castanhos e olhos cor de mel. Me abaixei para ficar na altura dele e apoiei minha mão em seu pequeno ombro.

— O que foi, rapazinho?

— Você acha que estaremos prontos mesmo pra apresentação? — ele questionou, inseguro.

— Óbvio, pequeno gafanhoto! — brinquei, fazendo-o rir baixinho.

— É que eu não acho que devia ficar na frente, eu não sou o melhor dançarino da turma.

Iago foi o garotinho que mais progrediu nas minhas aulas. Que merece a posição de destaque na qual o coloquei.

— Você dança com carisma, isso ganha muitos pontos com as pessoas. Você dança com o seu jeitinho único, por isso te escolhi. — falei com tranquilidade e ele mexeu uma mãozinha na outra.

— Certeza? — Iago me encarou com os olhinhos esperançosos e no mesmo momento que eu assenti, ele me abraçou apertado. — Obrigado, titio!

Ele foi se soltando de mim aos poucos e eu fui me despedindo de todos os meus alunos. Caminhando até a minha mesa e desligando a música que tomava conta da sala de dança.

Virei para o espelho e dei uma conferida no meu visual.

Acabei sorrindo ao ver as minhas bochechas coradas e o meu cabelo desgrenhado, porque isso me fez pensar em uma senhorita que acabou comigo há dois dias atrás, ao ponto de me deixar no mesmo estado.

Por falar na Mandy, será que a aula dela já finalizou também?

Olho rapidamente para o relógio do meu pulso e tento me recordar até que horas vai a aula e quem é o aluno que está lá ensaiando com ela.