07h:21min - Sexta.
Eu não estava mais aguentando ficar no hospital.
Ficar na UTI foi insuportável, fazer diversas transfusões de sangue nem se fala, não poder ter contato com o Ricardo foi o que mais me manteve inquieta e angustiada esses dias.
Queria estar perto dele, como sentia que ele também queria estar perto de mim.
Meus familiares ficaram desesperados quando souberam de tudo que aconteceu. No meu caso, a minha avó e minhas tias.
E bom, elas não pararam de chorar e não conseguiam ficar perto de mim sem me pedir mil desculpas... Todas estavam se sentindo culpadas por tudo que me aconteceu. Fiquei até com dó, porque elas não tinham como saber e nem deviam carregar esse peso nas costas.
Eu e o Rick fomos presenteados com a presença dos nossos amigos também. Eles não nos deixaram momento nenhum, revezavam entre um leito e outro, entre um quarto e outro, sempre nos mantendo informados.
Fiquei sabendo por nossos amigos que o Ricardo precisou passar por uma cirurgia invasiva, pois a bala havia atingido o baço. A cirurgia teve sim suas complicações, o Ricardo chegou a inclusive ter paradas cardíacas, mas no final deu tudo certo.
Quer dizer, na medida do possível, visto que ele acabou precisando fazer a retirada do órgão, porém de acordo com a equipe médica uma pessoa pode viver sem o baço.
Claro que eles especificaram que com a esplenectomia, retirada do baço, a capacidade do corpo de combater infeções fica bastante diminuída, fazendo com o que o fígado precise aumentar a capacidade de produção de anticorpos para combater possíveis infecções e proteger todo o organismo.
Enfim, precisa-se de cuidado.
E eu conheço o Ricardo o suficiente pra saber que ele fará tudo direitinho, que seguirá cada conselho médico para que sua saúde se reestabeleça o mais rápido possível.
Mas não estar podendo vê-lo por estarmos debilitados tem me deixado extremamente desanimada. Só conseguimos fazer uma chamada de vídeo, só que não foi o suficiente.
Preciso tanto ter o contato direto com ele, ter os olhos dele nos meus, não só pra saber que ele está bem e sim pra poder me declarar e me desculpar.
Ricardo apenas está passando por essa turbulência por minha causa. Eu me sinto completamente responsável por tudo de ruim que aconteceu a ele.
Se eu visse o rostinho dele pessoalmente, eu saberia dizer se nós dois estamos bem. É o que mais está me atormentando, não ter mais essa certeza.
Achar que o machuquei tanto, que ele jamais se relacionaria comigo de novo. Essa incerteza está me corroendo e me matando aos poucos.
Mais insuportável que isso, só o som dos aparelhos ligados ao meu corpo, não aguento mais ouvir esse bip e ver o quanto os meus batimentos cardíacos tem acelerado nos últimos dias nas infinitas crises de ansiedade que venho tendo.
— Os médicos não vão passar por aqui hoje não? — perguntei impaciente enquanto observava as minhas amigas conversando no sofá do quarto.
As três olharam rapidamente pra mim e abriram um sorrisinho compreensivo.
— Pode ter acontecido algum imprevisto, mas já, já, eles devem estar aqui. — Bele tentou me tranquilizar e eu apenas bufei.
— Sei que quer ver o Rick, mas ele está em ótimas mãos. Os meninos estão lá com ele. — Lari falou carinhosamente.
— Acho que entendo o lado da nossa docinho. Eu estaria assim também se não pudesse ver a Cibele. — Pri deu de ombros e depositou um selinho nos lábios da namorada.
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Minha doce melodia
RomanceMesmo fazendo terapia há cinco anos, Amanda Siqueira ainda carrega inúmeros traumas dentro de si. Apesar de ter alguns receios, ela busca sempre ver o melhor da vida, por mais difícil que seja. Extremamente determinada no que diz respeito ao trabal...