Capítulo 26: Um encontro

111 19 18
                                    

14h:22min - Quinta.

Eu estava tão ansiosa quanto a mixagem de som que havia feito pra presentear o Rick. Passei horas finalizando ela, exatamente para ficar do jeitinho que eu sabia que ele gostaria.

Não fiz isso por conta do livro que ele me deu. Fiz para agradecê-lo por ter sido tão gente boa comigo na chácara da minha família.

Enfim, eu caprichei na playlist para que pudessem ter uma sintonia perfeita, igual no filme "escolha perfeita" ou como costumam fazer nos filmes "ela dança, eu danço", que juntam várias músicas.

Queria que o Ricardo pudesse usar as canções da forma que desejasse.

Essa área de mixagem sempre me atraiu, era uma das disciplinas que eu mandava muito bem na faculdade. Me ajudava a ter foco nas coisas, me ajudava quanto a criatividade, sempre foi um hobby divertido pra mim.

Tinha pedido pro Rick me avisar quando sua aula da turma avançada acabasse e se fosse possível que passasse no meu escritório logo depois.

Óbvio que ele ficou apreensivo e assustado, mas gostei de fazer esse suspense. Principalmente quando ele chegou em minha sala ofegante.

Ricardo foi deslizando dramaticamente na parede até se sentar no chão. Fiquei encarando a cadeira e ele, me perguntando o porquê o Rick não se sentou nela.

— Só um minutinho, preciso recuperar o fôlego. — ele ergueu o indicador enquanto tocava o peito com a outra mão.

Assenti e abafei um riso.

Ricardo apoiou o queixo sobre o joelho e ficou me encarando com desconfiança. Sendo assim, decidi acabar com o seu nervosismo.

Mexi na minha bolsa e retirei de lá um estojo de CD todo embaladinho em papel de presente.

Sim, eu gosto dessas coisas mais "antigas". Embora use recursos mais atuais, eu não consegui me adaptar com os aplicativos de música, nem nada do tipo.

Na verdade, sou fissurada por coisas antigas. Discos de vinil principalmente. Adoro passear por essas lojas e me perder entre uma fileira de discos e outra.

Inclusive, tenho diversas capas desses discos colados nas paredes do meu quarto. E amo usar a minha vitrola para ouvir as músicas dos anos 70, 80, 90.

Como me sinto viajar no tempo ao ouvir clássicos do Beethoven.

Com o CD em mãos, desci da minha mesa e caminhei lentamente até o Ricardo. Quando ele fez menção de levantar, fiz um sinal com a mão, dizendo que ele podia ficar onde estava. Depois disso eu me sentei no chão na sua frente.

Observei seu peito subir e descer mais lentamente e sorrir ao mordiscar o lábio inferior, ansioso.

— Eu fiz isso pra você. — estendi o pacote pra ele.

Rick estreitou os olhos, tentando decifrar o que tinha ali dentro e mesmo estando inseguro quanto o presente, ele delicadamente o retirou da minha mão.

Fui vendo-o tomando todo o cuidado que podia para não estragar a embalagem, mas não tendo um bom resultado e desistindo do processo, rasgando tudo de uma só vez.

Ri baixinho da sua impaciência e fiquei com o coração aquecido ao vê-lo arregalar os olhos e tapar a boca enquanto lia o que escrevi.

Bilhetinho: "Reuni em uma mixagem várias canções das suas aulas. Estou te dando esse CD e te dando a certeza que coloquei todo o meu coração nele. Pra que você possa, não somente se lembrar de mim, mas que possa ser útil pra você no dia a dia. Obrigada por ser esse cara do caralho. Nunca vou esquecer o que tem feito por mim."

Minha doce melodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora