(Ricardo)
22h:23min - Sexta.
Todo o meu corpo parece estar querendo entrar em combustão.
Entre a loja de vinil que a levei e essa dança, posso jurar que muita coisa mudou entre a gente. Ainda mais da parte dela.
Da vontade de comemorar cada pequeno avanço que temos. Cada pequena conquista. Mas sei que não é momento pra isso e não quero entrar nesse tópico, pois o clima está perfeito demais pra trazer pautas desnecessárias para o momento.
— Você está com fome? — sussurrei enquanto avaliava cada pequeno traço de alegria em seu rosto.
— Morrendo. — ela admitiu, sem graça. — Podemos sair e comer em algum lugar aqui perto. O que acha?
Me afastei milimetricamente dela para poder cruzar os meus braços em frente ao corpo e olhei-a, indignado.
— Acha mesmo que te trouxe aqui pra cima e não trouxe nada pra comer?
— Você trouxe? — Mandy parecia realmente surpresa, o que me fez rir baixinho.
— Óbvio, linda! — digo carinhosamente e beijo-a na testa.
Reparo nos olhinhos emocionados dela e são tão perfeitos, que eu não me importaria de me afogar dentro deles.
— Tá pensando o que? Eu não vou pra um encontro sem ter planejado todos os detalhes. Me magoa você achar que não iria te alimentar. — Mandy soltou um risinho nasalado enquanto eu a encarava completamente incrédulo. — Quer saber de uma coisa? Vou te jogar desse telhado. Onde já se viu, se eu trouxe comida... — resmungo de maneira dramática.
Mandy pende a cabeça para trás, fecha os olhinhos e gargalha.
Fico petrificado com a sua beleza, como se eu tivesse entrado em contato com a própria medusa e tivesse virado uma pedra.
— Onde estão? Eu te ajudo a arrumar. — ela falou de maneira solicita.
— Nada disso, mocinha. Você vai apenas se sentar e observar tudo enquanto descansa ele corpinho lindo. — sorri de canto ao vê-la desviar o olhar do meu.
Amo deixar a Mandy envergonhada. De todas as versões dela, essa sem dúvidas é a mais difícil de ver, por isso, valorizo muito mais.
Caminho até a mochila que deixei sobre a pequena mesa, tirando de lá tudo que achei necessário trazer.
Primeiro estendi uma toalha de mesa sobre o chão cimentado e fui tirando aos poucos algumas coisas de dentro de uma mochila; começando a distribuir várias petiscos e bebidas para nós dois.
Mandy bateu no chão ao seu lado para que eu pudesse me sentar e assim que o fiz, ela passou a se servir. Pegando um pouco de cada coisa, seja fruta, docinhos e salgados, e colocou-as em um prato de plástico.
— Por que eu nunca te vi com ninguém? — Mandy pergunta, curiosa, e leva uma bolinha de queijo até a boca, em seguida ela cobre a boca para poder completar: — Digo, sempre vi o Rafa com caras, o Sid com mulheres, menos você. Bom, tirando eu, que desde o final de semana que pedi pra você fingir que estávamos juntos, começamos a sair mais. — ela riu baixinho e mastigou preguiçosamente o salgado.
— Apesar de eu ter melhores amigos galinhas, de eu ser todo tatuado, andar de moto pra lá e pra cá. Ser o típico "badboy". — faço aspas com os dedos. — Eu não sou fã de ter lances casuais, me relacionar por me relacionar, ter envolvimentos passageiros de uma noite só. Eu curto todo a sensação que estar apaixonado me causa. Por isso estou solteiro, porque não gosto de me envolver sem sentimento. — expliquei calmamente, fazendo-a sorrir levemente.
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Minha doce melodia
Roman d'amourMesmo fazendo terapia há cinco anos, Amanda Siqueira ainda carrega inúmeros traumas dentro de si. Apesar de ter alguns receios, ela busca sempre ver o melhor da vida, por mais difícil que seja. Extremamente determinada no que diz respeito ao trabal...