Capítulo 22: Eu sempre estou

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(Amanda)

11h:00min - Terça feira.

Não acredito que além de aturar as meninas em casa, estou sendo obrigada a aturar a curiosidade delas aqui.

As três simplesmente invadiram o meu escritório, que já não é dos maiores, para tagarelar. Sério, só cabe uma mesa, uns armários de arquivos, uma pequena poltrona retrátil e alguns quadros nas paredes.

Tudo pra saber das fofocas do final de semana. Que eu sequer havia comentado com elas.

Na real, eu sempre fugia do assunto e sempre fazia de tudo para não enfiar o Ricardo no que eu fiz no sábado e no domingo.

E agora eu me sinto quase uma claustrofóbica lutando para dividir o oxigênio desse cubículo com minhas amigas.

E não, não adiantou nadinha pedir para que elas saíssem ou para que fôssemos para nossas respectivas turmas.

— Nananinanão. Nada disso, gatinha. Você não vai sair deste escritório até responder o nosso questionário. — Lari cruzou os braços enquanto a Pri fechava a porta e virava a chave.

— Dá um jeito na sua namorada. Não quero ficar em cárcere privado até responder o que querem. — resmunguei ao ajeitar as partituras embaixo do meu braço.

— Só queremos saber porquê levou o Rick pra conhecer sua família. — Bele rebateu e girou sobre a minha cadeira do escritório.

— Como sabem disso? — olhei-as horrorizada.

Elas se entreolharam e por um milissegundos pensei que o Ricardo havia colocado a boca em um auto falante e berrado pra todo mundo o que rolou entre a gente no final de semana.

— A Tamy mandou uma foto de vocês pra gente, querendo saber se conhecíamos ele. Se vocês realmente estavam envolvidos. — Lari explicou e aproveitou pra fazer uma bolinha com seu chiclete e estourar.

Dependendo do que elas falaram, meu nariz de pinóquio vai estar alcançando a entrada do Centro.

— O-o que vocês falaram? — perguntei, preocupada.

— Você deve ter tido razões pra ter levado ele como sua companhia. Então, só restou concordarmos que sim, vocês estavam juntos. — Pri abriu um sorrisinho esperto pra mim.

— Fomos suas salvadoras. — Bele joga os cabelos ruivos para trás, se gabando.

Priscilla observou a cena com encantamento e se atirou no colo da Bele, enchendo-a de beijos, mas dando trégua quando a própria Pri enjoou do grude.

Sabendo que não sairia daqui sem uma explicação plausível, me sentei sobre a mesa e ri quando a Pri escondeu a chave dentro do sutiã.

— Não queria aparecer lá da mesma maneira que fui embora. Com todos aqueles receios. Queria que vissem alguma mudança concreta, sabe? — suspirei baixinho ao vê-las assentir. — Por isso que precisei do Rick. O Rafa e o Ícaro não conseguiriam interpretar bem. O Sid seria um bocudo. Era capaz dele mesmo abrir o jogo. — cochichei com pesar.

Tirando que o foco do Sidney tem sido outro. Pensei, ao olhar fixamente para a Larissa.

— Entendi. O Ricardo era menos óbvio e saberia entrar nessa numa boa, porque ele só seria ele mesmo. Agiria contigo com todo carinho e respeito. Como sempre faz. — Lari acrescentou compreensiva.

— Ele não se aproveitou de você, né? — Pri semicerrou os olhos e me avaliou cuidadosamente.

— O Olaf foi um amorzinho, mesmo quando eu não fui com ele. — sussurrei, relembrando o empurrão que lhe dei.

Minha doce melodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora