17| Uma segunda vez

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Era noite quando escuto o primeiro estrondo do lado de fora da casa. Eu estava dormindo quando fui acordada pelo susto.

De início, fico alguns segundos parada na cama, tentando raciocinar o que estava acontecendo, até Laila adentrar meus aposentos com panos nas mãos e eufórica.

ㅡ Vamos, menina!

Levanto da cama, ainda perdida mas sem hesitar em obedecê-la.

ㅡ O que houve?!

ㅡ Eles adiantaram o ataque e nos pegaram de surpresa.ㅡ ela abre um casaco preto para mim.ㅡ Coloque por cima da camisola! ㅡ assinto, vestindo a mesma.ㅡ Escute, precisa correr o mais rápido que puder até a porta dos fundos.

ㅡ Ao lado da sala de armas?!

ㅡ Sim, sim! Está vazia. Todos os homens estão em um confronto lá fora, em breve esse lugar será invadido caso Simon não chegue com os reforços.

Arregalo meus olhos, e seguro seus ombros.

ㅡ Marie, Simon não está aqui?! ㅡ ela faz que não e eu a encaro por alguns segundos.ㅡ Você vai comigo. Não pode ficar aqui!

Ela balança a cabeça.

ㅡ Eu sei me cuidar, garota. E você não tem muito tempo!ㅡ pega minhas coisas e me puxa para fora.

Marie checa para vê se não há ninguém no corredor antes de sairmos. Coloco o capuz do casaco, ainda sentindo a adrenalina entrar em minha veias.

Os sons dos tiros estavam aterrorizantes, me fazendo ficar em alerta à qualquer perigo. Ao chegarmos nos fundos da casa, no último corredor, Marie para e me olha.

ㅡ Siga em frente e não olhe para trás. Vá para o lado direito da rua, e ande até encontrar um táxi ou algo que te tire daqui. ㅡ me entregou uma bolsinha com dinheiro dentro.ㅡE isso deve ser seu...ㅡ ergueu um pingente, e logo reconheci ser o mesmo que minha mãe havia me dado.

Franzi o cenho, pegando a peça.

ㅡ Como...ㅡ comecei a falar, mas parei ao lembrar que eu já o usava quando Lucas me sequestrou.

ㅡ Não sei como Simon conseguiu, mas eu o vi com isso nas mãos enquanto conversava com Lucas.

Pisco algumas vezes.

ㅡ Lucas deve ter o dado como prova de...ㅡ mais um estrondo e gritos. ㅡ Preciso ir!ㅡ coloco o pingente no bolso.ㅡ Obrigada por tudo, Marie! ㅡ lhe dou um beijo na bochecha e a abraço apertado.ㅡ Espero te ver de novo, mas em outras situações.

ㅡ Eu também, Morgana...ㅡ ela se afasta, sorrindo gentil e acariciando meu cabelo.ㅡ Se cuida, ok?

Faço que sim, lhe dando um último abraço antes de sair em direção à saída.
Eu já estava distante, a casa era grande assim como esse lado do corredor com curvas. Eu estava prestes à sair, quando sinto alguém me agarrar por trás e encostar algo gelado em minha garganta.

ㅡ Tá indo pra onde? ㅡ uma voz pesada sussurra contra meu coro cabeludo.

Mas não dura muito. O homem cai duro no chão após a pancada de alguém.
Me viro assustada, me deparando vom Laila com uma estaca na mão.

Automaticamente solto um suspiro de alívio, levando a mão ao coração.

ㅡ Que sorte você me encontrar, puta que pariu..ㅡ xingo, recuperando o fôlego do susto.

Laila faz um sinal de silêncio com o dedo indicador contra os lábios, e indica a porta com a cabeça. A sigo com cuidado, e quando estamos do lado de fora ê que percebo que estava segurando a respiração.

Mesmo daqui, eu não estava segura. Mesmo que os guardas tivesse recuado e grande parte confrontava o que quer que seja lá fora, ainda tinha chances de me pegarem.

ㅡ Vamos, o caminho para a rua que Marie lhe indicou está coberta de corpos.ㅡ ela fala enquanto caminha logo à minha frente. ㅡ Tem um atalho.

ㅡ Marie falou sobre eu querer fugir? Por que está me ajudando? Você devia ficar na casa!ㅡ a repreendo, mas continuo a segui-la.

ㅡ Somos amigas, Mor.ㅡ diz baixo.ㅡ Sei que os planos de Simon não eram nada bons para você.

Fico quieta.

ㅡ Mas não pense que estará segura fugindo.ㅡ fala enquanto abre caminho pelo jardim, até darmos de cara com um muro alto.

ㅡ Laila...ㅡ abro a boca já entrando em desespero.

ㅡ Calma.ㅡ aponta para uma escada, que parecia ter sido colocada ali por coincidência.

Ela se aproxima do objeto, o firmando no chão até a borda do muro.

ㅡ É bom nos apressarmos...ㅡ ela me olha. Eu estou parada, a olhando fazer àquilo com casualidade.ㅡ O que foi? Quer ficar presa aqui?! É melhor se adiantar, Simon já deve estar furioso com a sua fuga, até porque deve ser o seu pai o atacando e ele não pensaria duas vezes em te usar como escudo.

Quando ela termina de falar, engulo meu medo e desconfiança e ando até a escada.

ㅡ Para onde isso me leva?

ㅡ Para o outro lado da ria em um beco, eu vou com você até estar segura.

Assinto levemente, e subo até estar no topo e observar o outro lado. Realmente era um beco, com lixos e ratos mexendo nos lixos ali.

Faço uma careta e me penduro no muro, saltando sobre uma dorna larga de lixo. Me ajeito da queda, e espero Laila pular.

Ela desce com mais agilidade que eu, e logo está ao meu lado me guiando para a saída do beco.

Por um momento, me sinto aliviada por ter feito amizades na casa de Simon. O plano de fuga não havia saído do meu jeito, visto que eles atacaram primeiro e antes mesmo de eu se quer pensar em algo. Ainda hoje pela tarde eu estava conversando com Marie sobre isso, e logo pela madrugada já se ouviam os tiros.

Saímos do beco. Laila para e me olha.

ㅡ Obrigada.ㅡ agradeço.

Laila sorri fraco, e faz um gesto com a cabeça.

ㅡ Caso volte, diga a Marie o quanto sou grata pelos seus cuidados.

ㅡ Vou dizer.ㅡ responde, enfiando as mãos no bolso.

Sorrio um última vez e me viro para andar. Essa não era a rua que eu imaginava, mas dava para o gasto. Passo pelos carros estacionados perto da calçada, já sentindo a brisa gelada bater contra meu rosto.

Quando chego na esquina, pronta me virar, um carro preto para do meu lado e de repente saem homens com armas apontadas para mim.

Sou imobilizada e puxada para dentro com facilidade, mesmo me debatendo e tentando me se soltar.

Minha cabeça gritava para que Laila tivesse corrido, caso contrário, Simon a mataria por vê-la me ajudando. Um pano é colocado em meu rosto, e um tecido com um cheiro forte é pressionado contra meu nariz.

Aos poucos minha visão escurece.

Não, de novo não...

(...)

Meu Doce Vilão (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora