20| Valor afetivo

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Eu passei a noite na maldita cadeira, sentada, sem conseguir dormir. Meu corpo já doía, minhas nádegas pediam por socorro há umas horas atrás, mas agora eu nem as sentia mais.

Joguei a cabeça para trás mais uma vez, em busca de ao menos mexer o pescoço e evitar um torcicolo - mesmo que me parecesse inevitável diante dessa situação.

A porta foi aberta quanto eu menos esperava. Uma homem me trouxe alimento, mas eu me peguei pedindo para que fosse Saly. O homem estava com metade do rosto tampado por um pano, ele desamarrou meus pulsos e me entregou a tigela com algo dentro.

Dou uma espiada na comida, agradecendo aos céus por terem ao menos me dado sopa. Nem esperei ele galar algo ou me dar algum comando para começar a comer.

Não era das melhores, mas visto que eu estava faminta, se tornava a melhor refeição da minha vida. Vi que ele trazia consigo metade de uma garrafinha d'água, a qual também bebi em um piscar de olhos.

Após terminar, ele pegou o prato, me amarrando novamente antes de sair.
Mais uma vez, eu estava sozinha.

Eu estava muito sonolenta

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Eu estava muito sonolenta. Sonolenta ao ponto de não aguentar manter os olhos abertos. Dormi feito pedra, o que para mim foi incrível, já que eu não aguentava mais o silêncio e a resistência ao sono.

Mas o que me pegou, foi que quando eu acordei, já estava em outro lugar. Provavelmente haviam me dado sonífero na sopa, para evitar que eu desse trabalho ou gravasse as salas, presumi.

Aqui não era mais uma salinha de tortura, embora não fosse muito diferente em questões de aprisionamento; aqui era uma quarto, pequeno mas um pouquinho maior que o último, com um colchão no chão, uma porta ao lado da parede á minha frente, luz e um travesseiro.

Me levanto ainda um pouco tonta. Ando até a porta pequena, onde o batente da porta quase tocava a minha cabeça, e a abri, vendo um minúsculo banheiro.

Havia uma pia, um vaso e um chuveiro com cortina para separar do restante. Haviam colocado uma toalha pendurada na parede, e também uma escova de dente ainda dentro do plástico sobre a pequena pia.

Havia um espelho pendurado, o qual abria, revelando uma pasta e um pente fino de cabelo. Trinquei o maxilar.

Meu cabelo embolaria naquele pente fino.

Engulo a bile que me sobe, e volto para o quarto, dessa vez notando uma sacola no canto da parede.

Ando até lá, e a abro, vendo tecidos ali.
Puxo para fora e observo dois vestidos pretos, peças íntimas novas e desodorante. Mei caso também estava ali, enrolado em um bolinho de pano. Levo minha mão ao bolso, verificando se o colar de minha mãe ainda estava ali, e suspirando aliviada ao tocá-lo.

Meu Doce Vilão (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora