14| Pânico

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Se isso era o conceito de liberdade para Simon, o que seria prisão?

Mais quatro dias haviam se passado, e eu não havia nem pisado os pés do lado de fora.
O quarto que ele havia deixado eu ficar, era maior e mais confortável que o primeiro, mas parecia me sufocar da mesma forma.

Eu já estava entediada de encarar os quadros sem graça na parede logo à frente, ou de fitar o teto. Eu só queria sair um pouco... Fugir disso tudo.

Marie já devia saber a essa altura que Simon estava me prendendo aqui, visto que eu não saia do quarto para nada e meu quarto sempre era trancado por algum segurança. Mas la não havia comentado nada.

Mas para a minha sorte, Simon não havia pisado os pés aqui também. Eu não tinha notícias de Thai e nem das meninas há dias, e isso sim me preocupava.

ㅡ Será que o jumento do Lucas ao menos conseguiu soltar Thalita? ㅡ me perguntei em meio à escuridão do quarto.

Ao citar seu nome, apenas raiva surgiu. Eu não havia chorado em nenhum dia aqui. Não sei como havia me segurado, mas sabia que o que prevalecia era o ódio.

Talvez fosse ele quem estivesse camuflando a enorme tristeza em meu peito.

Me alertei quando escutei o barulho da tranca ser aberto, e alguém entrar.
Liguei o abajur, impossibilitada de acender a luz do quarto, e tentei enxergar a figura ali de pé.

ㅡ Sou eu...ㅡ a voz de Marie me consolou.ㅡ Mas logo seu noivo irá vir.

O alívio não durou muito.

ㅡQuê?! Ele voltou da viagem? ㅡ me levanto da cama, sentindo meu coração disparar no peito.

ㅡ Sim, e não parece estar com uma cara muito boa.

ㅡ Quando?! E por quê?!

ㅡ Ele chegou pela manhã, mas não pôde passar aqui.ㅡ ou não quis, para que , seja lá o motivo da sua raiva, não me "esganasse". Era bem a cara dele. ㅡ E eu não sei o porquê dele estar assim, mas presumo que não tenha encontrado Caveira, ou se encontrou, as coisas não foram lá muito boas.

Coloco a mão na testa, indo até a penteadeira e me apoiando lá para não cair.

Se Caveira tivesse dispensado Simon, era o meu fim?! Caveira havia realmente dito que não se importava comigo?!

ㅡ Marie, por favor, faça o que eu a pedi.ㅡ a olhei como quase súplica.ㅡ Não me questione, apenas faça, por favor!

Maria piscou algumas vezes, indecisa.

Após alguns minutos, escutamos alguém bater na porta e logo em seguida ela ser aberta. Simon entrou sem nenhum convite, e olhou para Marie em um aviso simples e silenciosos para que ela nos deixasse à sós.

Engoli em seco, afastando qualquer sinal de medo e o encarando.
Simon trancou a porta e me olhou logo em seguida.
Fico calada, esperando ele falar alguma coisa.

ㅡ Não mentiu quando falou sobre seu pai.ㅡ coloca as mãos no bolso, dando um passo e depois mais outro em minha direção. ㅡ Tentei conversar com ele, mas parece que ele nem mesmo desconfia de que a filha esteja em minha mãos, pois nem me deixou entrar em seu território.

Tive que morder as bochechas para evitar sorrir. Seria muito atrevimento.

ㅡ Mas isso é confirmado pelas mortes que andam aparecendo no meu território. ㅡ riu ácido.ㅡ Sabe quantos dos meus homens já foram mortos, somente nessa semana?

Continuei calada.

ㅡ Mais de quarenta.ㅡ ele trincou o maxilar, uma veia saltando em sua testa.ㅡ E eu não vejo outra facção, se não a porra da do seu pai para fazer tal coisa! ㅡ avançou contra mim, e eu dei passos para trás, batendo meu quadril contra o móvel ali atrás.

Meu Doce Vilão (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora