Morgana é uma adolescente esperta, teimosa e curiosa, que decide aproveitar o seu último ano do ensino médio intensamente, mas o que ela não esperava era que essa sua "aventura" a levaria para um caminho diferente do qual ela estava acostumada.
Casp...
Meus dedos brincam com as mecha sedosos de Caspian. Esse movimento havia se tornado o meu predileto, ainda mais quando ele deitava a cabeça em minha barriga e fechava os olhos, apreciando o carinho.
Mas é um suspiro inevitável meu, que faz sua cabeça subir e descer conforme eu exalava, o que o fez abrir os olhos.
Alguns dias haviam se passado desde o momento em que disse a ele que voltaria para a minha antiga rua, nem que fosse apenas para ver as minhas amigas. Conversar e falar toda a verdade.
ㅡ Caspian...ㅡ minha voz sai baixa, comparado ao barulho do ar condicionado.
Ele murmura algo em resposta, indicando estar acordado.
ㅡ Preciso de ajeitar.
Após alguns segundos, ele suspira e levanta, se apoiando no braço para me encarar.
ㅡ Sei disso. Vou te levar até lá.
Assinto, agradecida. Ele se inclina e deposita um beijo em minha boca, antes de levantar e sair do quarto.
Eu não esperava que ele ligasse tão bem com a kinha partida, mesmo que temporária, ainda mais depois que passamos os últimos dias o mais grudados possíveis.
Me sento na cama, ajeitando meus cabelos e soltando um longo suspiro antes de andar até o banheiro.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Caspian para de frente à antiga casa de Hames. Não que eu fosse ficar ali... Cas havia se certificado de alugar uma casa confortável e que não chamasse muito atenção ali naquele bairro.
Mas eu ainda queria ver se ele estava ali.
A casa estava com as luzes apagadas, e o mato estava selvagem na frente da casa, indicando que não havia sido cuidada há um bom tempo.
Franzo meu cenho.
ㅡ Será que ele se mudou? ㅡ murmuro mais para mim mesma e abro a porta, saindo sem esperar uma resposta de Caspian.
O que eu diria à ele?
Ando até a porta da casa, vendo o quão suja a varanda estava. Levo minha mão até a maçaneta e giro, abrindo a porta, um pouco emperrada, com dificuldade.
Escuto passos atrás de mim, mas não espero por Cas antes de adentrar a casa. O cheiro podre adentra as minhas narinas, me fazendo querer vomitar ali mesmo.
Mas o que porra morreu ali?!
Com passos cautelosos, ando pela casa, cada vez o fedor mais e mais forte.
ㅡ Mor...ㅡ escuto a voz de Caspian, mais como um aviso ou reclamação pelo mau cheiro.
E é quando paro de andar, que me puxavam para ele, ainda na porta, mas agora encarando o sofá.
Meu olhos vão até o móvel, onde encontro o corpo pútrido de Hames.
Levo minha mão até a boca, tampando um pouco do nariz. Meus olhos lacrimejar, como se, percebendo o corpo em decomposição, o cheiro tivesse ficado mais forte.
Não espero nem mais um minuto antes de sair da casa, empurrando um pouco Caspian para fora e finalmente respirando o ar fresco.
Fecho os olhos, respirando fundo.
Não. Não... como? Há quanto tempo?!
ㅡ Morgana.ㅡ sinto a mão de Caspian em minhas costas.
ㅡ Quem fez isso? ㅡo encaro.
ㅡ Eu não sei, mas deve ter sido nesses últimos dias. ㅡ responde, com uma expressão de preocupação. ㅡ Você vai desmaiar...
ㅡ Estou bem.ㅡ minto e volto à olhar para a casa.ㅡ Ninguém o procurou, nem sentiram falta de seu corpo. Deveriam ter queimado a casa.
Alguns segundos de silêncio.
ㅡ Posso mandar que queimem, caso queira acabar com problemas. Vão achar o corpo uma hora ou outra.
Baixo o olhar, me sentindo tonta.
ㅡ Faça isso. Ele não merece um enterro.
Caspian não responde.
Eu sabia que Hames tinha muitas dívidas, mas ainda sim, o fato dele ter morrido sem eu ao menos ter tirado à limpo tudo o que aconteceu comigo enquanto morava com ele, me deixava enraivecida.
Eu desejava vê-lo deixar esse mundo, da mesma forma como minha mãe se foi. Queria que ele visse que, mesmo depois de tanto, eu não estava totalmente destruída.
Pelo menos era o que eu pensava.
Mas no fundo, estava surpresa com o quanto a sua morte havia me abalado. Não porque eu gostava dele... mas sim porque ele estava morto, e não iria me atormentar mais, no entanto, o estrago já estava feito; E a sua morte não mudava isso.
Eu pensei que mudava, mas não mudava porra nenhuma!
ㅡ Vamos.ㅡ Caspian toca meu rosto.ㅡ Ele não merece suas lágrimas. Qualquer dia seria eu a matá-lo.ㅡ enxuga minha bochecha, e percebo que algumas lágrimas haviam escapado.
Me xingo por isso.
ㅡ Preciso ver mais alguém antes de ir para casa.ㅡ anuncio e ele me olha um pouco em alerta.
ㅡ Eu posso saber quem seria?
Um leve sorriso percorre meus lábios ao se quer pensar na pessoa.
