33| Um Bar

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Estou observando os carros ficarem para trás com facilidade e rapidez.  Caspian está acelerando demais, tanto que sinto que estamos voando.  Lembro que quando mais nova, eu adorava pilotar com Thai em alta velocidade, até ela ter um acidente e a moto ficar incapaz de ser usada.

As rodovias estão quase que desertas, o que facilita isso.

ㅡ Não pensei que o seu plano de me matar lhe incluísse junto.ㅡ digo, o que o faz despertar do que quer que fosse que se passava em sua mente.

ㅡ Como?

ㅡ Porque é isso é está fazendo. Um tentativa de suicídio e homicídio ao mesmo tempo.

Caspian ri pelo nariz, para a minha surpresa, e acelera mais ainda. Ergo as duas sobrancelhas, percebendo que ele estava se divertindo com isso.

Engulo em seco e me ajeito no banco. Não havíamos trocado nenhuma palabra desde a saída do hospital, o que foi uma surpresa para mim pois eu estava esperando um bela bronca ou ameaça.

Enfio as unhas na coxa, engolindo em seco novamente. O aue diabos ele queria fazer?!

ㅡ Tá, você agora, realmente, está me assustando.ㅡ solto, piscando rápido ao vê-lo desviar de uma moto como se ela não passasse de um obstáculo.

Ele permanece do mesmo jeito por alguns segundos, até que foi diminuindo a velocidade, parecendo entediado.

ㅡ Não me diga que está com medo.

Olho o seu perfil. Ele está sério como sempre, a expressão neutra.
Me pergunto se ao menos sorriu sem estar sendo debochado ou irônico.

ㅡ Quando é você no volante? Sim.ㅡ cruzo meu braços. Embora isso tenha parecido uma farpa, era verdade.

Sabe se lá o que se passava na sua mente maquiavélica.

ㅡ Fala como se eu fosse terrível.

ㅡ E é.ㅡ não consigo morder minha língua antes disso sair. Fecho os olhos, inspirando o ar.

Cala. A. Boca. Morgana.

Porém, Caspian sorri levemente, ainda encarando a pista.

Só assim percebo o quão vulnerável ele estava. Caspian não havia me prendido. Eu estava livre ao seu lado. Era como se ele soubesse que eu não tentaria nada.
Aliás, morreria ele e eu.

Odiava o fato de ele ficar tão à vontade perto de mim, enquanto eu só sabia ficar tensa e irritada.

ㅡ Você gosta disso.ㅡ sussurro, e ele franze o cenho, sem entender.

ㅡ Disso o quê?

ㅡ Você gosta de estar por cima. De dar medo às pessoas. Deve alimentar seu ego.ㅡ digo, o encarando.

Caspian dá de ombros.

ㅡ Olhe a minha profissão. Seu erro é olhar para um cacto e esperar flores.  ㅡ me lança um olhar de canto, e sinto meu corpo gelar. Mas logo desvia o olhar para a rodovia novamente.

Crio coragem novamente, e continuo:

ㅡ Eu tinha um cacto em casa, e ele dava flores. E alguns dão frutos.ㅡ digo e sorrio fraco ao me lembrar.ㅡ Mas nem todo mundo sabe disso.

Caspian não responde. Me encosto no banco, acalmando um pouco minha inquietude.

ㅡ Porque ainda não me matou?ㅡ não consigo segurar a pergunta entalada em minha garganta.

Ele suspira.

ㅡ Caralho, você fala demais.

Me sinto atingida.

Meu Doce Vilão (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora