Capítulo 33

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— Tô terminando de finalizar meu cabelo — Gritei brava com a loira que me apressa — Meu Deus, se eu fizer rápido meus cachos vão ficar fora do lugar. Para de andar Emma, você sabia que eu tinha que finalizar o cabelo hoje porque ele arma depois que eu lavo.

— A gente vai andar de barco, seu cabelo vai molhar — Ela disse sem paciência ja olhando pela janela pela terceira vez em cinco minutos — Você só vai conseguir poluir o mar com tanto creme.

— Mas você tá contra mim hoje em — Falei perdendo a paciência e metendo creme no cabelo, depois dei uma amassada me levantando — Tá feliz?

— Por você ter terminado? É claro que sim — Falou já passando pela porta — Mãe a gente já está saindo.

— Juízo e não voltem tarde — A mulher gritou de algum cômodo daquela mansão.

Não voltem, como se eu morasse aqui.

Eu vivo aqui, mas não moro.

— Você tá nervosa por conta do lance do casamento arranjado? Não é culpa minha, se eu tivesse grana casava com ele por você.

— Você deveria é ter me dito que aquele doce idiota era uma péssima ideia, eu estava me exibindo de forma geral e não para os Thornton, e essa ideia de dizer que se casaria com o Topper por mim é a cara da Traci então nem pense em falar algo desse tipo perto daquela doida.

— Não vou dar a ideia, Traci é boa o suficiente pra pensar nisso sozinha então vou guardar minhas palavras pra tirar essa idiotice da cabeça dela.

— Ótima ideia — Emma sorriu quando viramos a esquina dando de cara com Kelce que nós aguardava — Oi amor — Revirei os olhos com toda a babação já entrando no carro.

— Bom dia pra você também — Kelce disse quando entrou no veículo e me observou mexer no seu aparelho de som.

— Bom dia — Dei um sorriso em sua direção antes de me concentrar no que fazia.

Foram duas músicas da Ariana até chegarmos, no início da passarela, de acesso aos iates de luxo, já podíamos ouvir uma incansável discussão entre Traci Willians e Topper Thornton.

— Onde estão as trincheiras?— Brinquei subindo no barco com um pouco de dificuldade, essa vida de rica pobre tem me cansado ultimamente.

— Que bom que vocês chegaram — Traci estava linda com um maiô preto e uma saída de praia cumprida branca que talvez parecesse uma rede de pesca, mas com todo um conceito — Digam ao Topper que eu serei o capitão — Sorriu colocando um chapéu branco de marinheiro — Eu até trouxe o meu chapéu.

— Você mal conseguiu dirigir o seu carro até aqui — Topper acusou — Ou você acha que daqui eu não pude ver você usando esmalte pra esconder um arranhão.

— É mar aberto, não tem onde bater — Ela disse correndo para a sala de comando — Se você quiser eu deixo você me ajudar ou então você pode curtir o passeio.

— Eu vou deixar ela pilotar até bem longe da costa e lá nós vamos jogar ela no mar — O Thornton planejou em voz alta — Não liga o barco ainda, falta o Rafe.

— E ele vem? — Kelce comentou — Ontem eu passei por lá e o clima estava meio estranho.

— O pai dele pegou ele cheirando cocaína — Topper foi bem claro — Não tem como o clima estar normal.

— Mesmo assim — Kelce disse — Tenho minhas dúvidas se ele vem mesmo pra cá caso se livre do castigo, o Rafe que eu conheço já tem uma rota de fuga.

— Eu me atrasei cinco minutos e vocês já estão falando merda sobre mim — A voz do Cameron fez todos ficarem quietos.

Vestindo uma camisa de botões listrada e boné preto Rafe Cameron não fez questão de esconder sua feição de mau humor.

— Agora podemos ir — Topper disse se arrependendo em seguida quando Traci afogou o barco, se é que esse termo existe.

Dizemos que afogou o carro quando ele morreu, mas não faz sentido dizer isso sobre um barco que de fato não afogou. Se bem que poderia ser naufragou. Que droga não entendo nada sobre veículos.

Era a minha vez de cuidar do som, vi quando Emma e Kelce se afastaram para aproveitar o sol que atingiu a frente do barco. Resolvi deixar todas o meu amado reggaeton, o motivo das minhas danças mais ridículas quando estou sozinha.

O relógio não marcava mais de dez horas quando Rafe Cameron inalou sua primeira fina linha branca, eu queria estar ocupada o suficiente para não estar encarando contando, mas é muito difícil quando se está presa em um barco mesmo que grande.

Me levantei do sofá que estava indo até o que Rafe estava aparentemente confortável, me sentei ao seu lado.

— Precisa mesmo disso pra se divertir?

O minuto de silêncio seguinte me fez pensar que não iria ter uma resposta.

— Não é da sua conta.

Bom, se isso pode ser considerado como uma.

— É estranho a forma que o mar e o céu de completam — Tentei puxar assunto.

Rafe levantou a cabeça e encarou o horizonte por alguns segundos.

— Parece normal pra mim.

— A resposta certa é "por que?".

Dessa vez não ouve nenhuma resposta.

— Eu te digo mesmo assim, um dia algum idiota olhou pra tudo isso e disse "tem um buraco lá, a terra é plana" depois disso muita gente passou a acreditar — Contei empolgada a história que acabo de inventar — Imagina olhar para o céu e o mar se completando e imaginar que na verdade tudo acaba. Que tem realmente um fim.

— Que idiotice é essa? Está mesmo enchendo o meu saco falando sobre a terra ser ou não ser plana?

— É um assunto muito bom, gosto de teorias sobre o mundo — Respirei fundo pensando em como continuar — Tipo o Big Bang.

— Se você for falar sobre a morte dos dinossauros nessa suposta explosão me avisa pra eu ter tempo de me afogar.

Dei um sorriso virando o rosto para encarar o Cameron, pronta para dizer que era o momento certo pra ele fazer isso já que eu tenho inúmeras teorias sobre como o mundo pode ter chegado ao Big Bang, mas o olho roxo do garoto me fez recuar.

Engoli em seco.

Eu já havia visto uma cena como aquela tantas vezes, mas dessa vez pela primeira vez depois de muito tempo eu não sabia o que fazer.

Em situações como essas não se dá para simplesmente perguntar o que aconteceu, quem fez ou se está tudo bem. Todas essas perguntas já deveriam estar respondidas já que se tem tanto interesse.

Não precisa perguntar a um amigo se ele tem problemas em casa ou se ele precisa de ajuda, todas essas perguntas são respondidas no dia a dia.

Rafe Cameron não iria responder nenhuma pergunta, muito menos parecia disposto a aceitar ajuda.

Então eu apenas encostei minha cabeça em seu ombro.

— O que está fazendo?— Questionou quando entrelacei meus dedos nos seus.

— Você disse que não quer ouvir a minha teoria do Big Bang, então eu só vou ficar aqui, quietinha do seu lado.

— Por que você faria isso?— Levantei minha cabeça encarando seu rosto, Rafe não olhou em minha direção então precisei tocar seu queixo puxando seus olhos na direção dos meus.

O roxo não estava forte, talvez um soco que pegou de raspão ou uma queda desastrada.

— Por que eu quero estar aqui com você, Rafe.

Ele abriu os lábios pronto para dizer alguma coisa, mas os gritos de mais uma discussão no barco o fez recuar.

Voltei a colocar minha cabeça sobre seu ombro fugindo da discussão de Emma e Traci.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora