Capítulo 51

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— Até que enfim você apareceu — John B disse quando eu entrei em casa — As vezes eu acho que você se esquece que a nossa casa existe.

— É de família, a mamãe esqueceu, o nosso pai esqueceu, você tem momentos de amnésia e eu estou seguindo o mesmo caminho — Passei por ele indo até a geladeira — Além disso a única coisa que não muda é a geladeira vazia.

— Arruma um emprego e faz compras — John B mexia em um objeto metálico concentrado.

— Que humor em — Peguei uma caixa de cereal velha e me sentei sobre o balcão — O que é isso aí?

— Não é da sua conta.

— Uma bússola — Peguei em minhas mãos — Parece aquela que o papai me deu quando eu era criança ou é ela?

John B ficou em silêncio olhando para o nada.

— Como eu não me lembrei disso — Deu um tapa no balcão antes de sair da cozinha — Onde tá? — Perguntou alto provavelmente já do meu quarto.

— Acho que naquela caixinha onde eu guardo meus brinquedos favoritos, deve tá jogada em cima do guarda roupas.

Um breve momento de silêncio.

— Achei — John avisou voltando para perto de mim — Inclusive não acredito que você ainda guarda aquele ursinho de chaveiro encardido.

— O JJ que me deu.

— É, mas ele achou na rua.

— O importante é a intenção, ele achou na rua achou fofo e me deu de coração, então só não está na minha mochila porque o fecho está estragado e eu não quero perder.

— Posso ver depois se consigo consertar se você gosta tanto — Estendeu a mão pedindo sua bússola de volta.

— Obrigada — Entreguei o objeto — Não sabia que o papai tinha dado uma pra você também.

— Não deu, eu encontrei essa em um barco naufragado — Contou — Quais as possibilidades de Redfield ser alguém da nossa família?

— Na minha está escrito Routledge, se tem uma Redfield na nossa família eu não consigo me lembrar.

— Não faz sentido, se fosse algum tipo de tradição familiar, nosso pai teria me dado uma.

— Ou então ele acredita que você não se perderia no mar tão facilmente quanto eu — Deixei claro o pensamento que Big John sempre teve — Quem sabe não estivesse pensando em te entregar a dele quando resolvesse se "aposentar".

— Nossa bisavó, Olivia.

— O que tem ela? Nunca se importou com qual de nós se perderia no mar primeiro.

— Olivia Redfield, Maya, era o nome de solteira dela.

— Acha que ele pode ter deixado isso de propósito? Como uma pista pra que a gente soubesse que não devíamos parar de procurar?

— Eu queria muito saber, mas é difícil entender ele — JB confessou em um suspiro.

— Se você que era o filho querido não entende, quem dirá eu que vim só — Meu irmão me interrompeu.

— Não fala isso, ele só estava com raiva quando disse e você sabe.

Joguei entre meus lábios mais um pouco do cereal mucho e desci do balcão.

— Se encontrar ele vivo, diz que eu não movi um dedo sequer pra encontrar — Deixei claro — Mas tenho quase certeza que não vai encontrar, então.

— Você é o motivo pra ele ser tão fascinado por esse ouro, ele sabia que nós dois poderíamos sobreviver a essa vida Pogue, mas que você não suportaria por muito tempo e olha bem onde estamos — John B apoiou suas mãos sobre o balcão e encarou meus olhos — Agora você se veste como eles, anda com eles e duvido muito que conte tudo sobre nós a eles.

— Não foram essas as palavras que ele disse a mim, a mim ele apenas gritou o quanto eu sou fraca e estrago tudo.

— Você o provocou ao extremo.

— Eu tinha 14 anos e só queria pelo menos um pouco do que vocês tinham, mas pra ele era impossível amar nos dois da mesma maneira.

— Ele cuidava e protegia você como nunca tentou comigo.

— Ele te ensinava a se cuidar e a se proteger como nunca tentou comigo. Tínhamos versões diferentes dele, enquanto você era um garoto livre que podia fazer o que quisesse, eu precisava de autorização para pisar na rua como se estivesse em um campo minado.

— Ele tinha medo de perder você.

— Me perder? Como se alguém se importasse com a pequena Maya Routledge que vivia em uma bolha. A minha vida começou quando a dele acabou, eu ainda seria a garota acuada que vive atrás do irmão se ele estivesse aqui. Eu não teria amigos.

— Você sempre teve amigos.

— Eram os seus amigos.

— Você sempre teve a mim.

— Porque o nosso sangue te obriga a me amar.

— Eu vou procurar por ele, porque não importa onde ele esteja, ainda é o nosso pai e ainda vai voltar pra casa.

— Vou dormir, não esquece de dar o meu recado.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora