Capítulo 47

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— Não repare nessa zona — Falei quando entramos na minha casa — Vou chamar meu irmão.

As portas dos quartos estavam todas fechadas, então é muito provável que todo mundo esteja dormindo se não já saíram para "curtir".

Abri a porta do quarto de John B de uma vez, assustando o garoto que puxou o lençol se cobrindo.

— Não quero ver suas nojeiras — Falei fazendo careta — Pode se vestir? Preciso de ajuda.

— Não tá meio cedo pra você vir me pedir favores.

— Já são duas da tarde e o nosso laço sanguíneo permite que eu te peça favores a qualquer momento.

— Bom dia — Sarah sorriu sem jeito, aparecendo do outro lado do corredor, ela vestia uma das camisas de botões de John.

— Que nojeira — Comentei tentando não prestar muita atenção na situação que eu poderia ter presenciado — Por favor, John B.

— Não — Ele disse, óbvio.

— Eu pedi, por favor seu idiota desagradável.

— Tenho mais o que fazer.

— Nada deveria ficar acima de mim, eu sou sua irmã e você tem que cuidar de mim.

— Aconteceu alguma coisa?— Sarah me perguntou — Você parece preocupada.

— Aconteceu que seu namorado não quer ir no Barry comigo.

— O que? Barry? Você não usa nenhuma daquelas merdas, Maya.

— É, mas alguém que eu conheço usa e não dá notícias a quase doze horas.

Sarah virou o pescoço trocando olhares com John B.

— Eu vou com você — Ela disse indo se vestir.

— Sem chances — John se opôs — Qual o problema de vocês? É o clube do heroísmo?

— A gente não precisa de você, somos três mulheres corajosas o suficiente pra irmos sozinhas — Não somos, levanta — Vou esperar você na sala, Sarah.

Deixei o cômodo antes, passei no meu quarto, entrei em passos leves para não acordar JJ e coloquei um par de tênis para caso eu precisasse correr ou algo do tipo.

Quando retornei à sala, meu irmão já me esperava junto com Sarah e Emma que parecia explicar a situação.

— Podem me esperar na combi — Falou pras meninas — Eu preciso falar com você.

John B fechou a porta assim que elas saíram.

— Me diz que não está envolvida com isso.

— Com o quê?

— A vida kook, sexo, drogas e a ilusão de amizade com o Barry.

Neguei.

— Não estou, com nenhuma dessas três coisas.

John B passou as mãos pelos cabelos.

— E Rafe Cameron?

— Do que você está falando?

— Eu vi como você beijou ele ontem a noite, Rafe Cameron é viciado em drogas, é um dos grandes pegadores dessa ilha e acredita ser amigo de um traficante perigoso. Não quero que você corra riscos, que ele te coloque em riscos.

Passei a língua entre os lábios pensativa, talvez meu irmão tivesse razão, mas eu não queria acreditar.

— Ele não vai me colocar em riscos, não precisa se preocupar com isso.

— Vai me contar se as coisas mudarem?— Assenti enquanto ele me puxava pra um abraço desajeitado — A gente é irmão, cuida um do outro, mas eu não vou conseguir proteger você se você mentir pra mim. Entende?

— Eu sei, não vou mentir — Espero não precisar.

As garotas e eu ficamos na combi enquanto John B saiu para falar com Barry, o traficante nos olhou de relance e acenou com a mão como se fosse uma situação normal de seu dia a dia.

— Ela passou aqui por volta das quatro da manhã sozinha com o que ele chamou de grande meleca, ele disse que não ia vender então ele foi embora.

— Por que ela veio durante a festa e conseguiu drogas, mas de manhã não?— Sarah pensou em voz alta.

Acertei minha cabeça no vidro me ligando no que aconteceu.

— Ele não vende pra ela, não quer dizer que não pode entregar pra alguém repassar — Eu contei enquanto John B dirigia devagar.

— A grande meleca é um carro?— John B perguntou.

— É um conversível verde limão.

— Então já encontramos — Ele disse mudando de estrada, no carro verde, mal estacionado com o banco de trás quase deitado por completo Traci estava com a boca espumando e com os braços esticados.

Precisei esticar o braço para que Emma não caísse para trás.

John B esticou o braço tocando o pescoço dela e em seguida respirou aliviado.

— O resgate vai demorar muito pra chegar aqui — Falou se afastando — Emma você precisa levar o carro.

— O que? Não — Ela disse com lágrimas escorrendo pelo rosto — Eu não posso, eu não conseguiria, não, não dá, a gente precisa chamar ajuda.

— Não vão vir, quando falarmos o que é vão entender que é uma overdose e então não vão vir, não é prioridade — Sarah disse olhando para as seringas jogadas no tapete de veludo do carro.

— É a filha do prefeito — Emma disse — Se dizer isso eles vão vir.

— Vão esconder o caso, vai ter burocracia antes de chegarem aqui — John B voltou a dizer — Maya, você dirige.

— O que? Eu? Eu não sei dirigir — Lembrei com a voz falhando.

— Eu dirijo — Sarah tomou iniciativa — Mas eu não posso estar sozinha quando chegarmos ao hospital.

Abri meus lábios para dizer que iria com ela, mas fui impedida por meu irmão.

— É melhor que as duas kook cheguem juntas — Ele disse — Vão dar um jeito de dizer que você tem algo haver.

— O que? Mas eu não uso nada dessas coisas, não tem como provar que eu estava com ela.

John B abriu a porta para que Sarah entrasse no veículo.

— É o prefeito da cidade escondendo os problemas da família, é muito mais fácil jogar a culpa na amiga má influência do que admitir o que tá rolando — Sequei uma lágrima que escorreu por meu rosto, John B está certo.

— Me liga quando tiverem notícias — Falei a Emma enquanto me afastava.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora