Capítulo 23

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— Péssima ideia — Comentei segurando o braço de Emma um pouco mais pra trás da turma — Não faz nenhum sentido a gente entrar nessa.

— Relaxa, a gente já fez um milhão de vezes, o pai da Traci é dono desse prédio todo.

— E isso impede que a gente seja preso por invadir a prefeitura?

— Não é a prefeitura, não exatamente — Emma levantou os ombros despreocupada.

O prédio onde fica a prefeitura tem seis andares, cada um deles deveria ser dedicado ao melhor da ilha, mas no décimo sexto está a Estilo Willians.

Não importa se a dona é também a primeira dama, no lado kook não falamos sobre nepotismo.

Dentro da enorme boutique sem alarme (graças a um cartão de Traci) os kooks se espalharam, provando jóias, roupas e tomando champanhe enquanto mexiam em documentos "confidenciais".

— Olha Traci, a sua mãe deve uma grana em impostos — Topper sorriu — Ainda bem que seu pai vai dar um jeito de provar que recebeu por eles.

— Não fale da desonestidade dos meus pais em voz alta — Traci disse saindo do provador com um bonito vestido bege com lantejoulas — Acho que vou usar esse na festa dos Thornton.

— Você vai?— Topper perguntou estranhando a atitude dela — Não precisam fazer isso, manter as boas maneiras em minha casa.

— Todo mundo é obrigado a ir, ou acha que iríamos por você idiota?— Rafe disse quando parou por um segundo de brigar com Emma, a loira o fazia ajudar enquanto separava os vestidos que quer provar.

— Eu vou por você — Falei empurrando alguns papéis pra me sentar sobre a mesa do escritório, Kelce que estava no canto riu da cara de Topper que tentou juntar tudo em ordem novamente.

— Você ao menos foi convidada? — Ele disse de uma forma grosseira enquanto me observava tentar abrir um pirulito de cortesia.

— Emma me convida — Gritei pelo apoio de minha amiga que em seguida colocou o rosto pra dentro do escritório e sorriu.

— Ela é minha convidada Topper — Garantiu — E vai usar esse aqui — Levantou um vestido preto cumprido na altura do seu rosto — Ai eu to tão animada, Rafe para de fumar perto dos vestidos vai deixar tudo cheirando a maconha barata — Voltou ao centro da loja reclamando.

— Cara, olha isso aqui — Topper chamou o Kelce para ver algo em alguns documentos — Esse Big John Rutledge não é o pai morto do tal John B?

Desci da mesa e me aproximei da cadeira, podendo ver o que eles olhavam com atenção.

— São documentos da prefeitura — Kelce observou — Por que estariam aqui e não no quinto andar?

— Quem é Ward Cameron?— Perguntei sem ter certeza se receberia uma resposta.

— É o pai da Sarah — Topper foi quem respondeu — Qual a possibilidade desse documento indicar um casamento por contrato? Por isso a Sarah precisaria terminar comigo e ficar com aquele idiota.

Peguei o papel de suas mãos.

— Nenhuma — Deixei claro observando tudo com mais atenção — É uma autorização, pra mergulhar no mar aberto — As letras estavam apagadas, como se tivessem tentado passar uma borracha mágica sobre tudo — Algo sobre um possível navio naufragado.

A data escrita logo abaixo das assinaturas fez um aperto aparecer em meu peito, algo que a algum tempo eu não sentia. Um dia antes do meu pai desaparecer, uma dúvida se formou em minha mente, se Ward Cameron conseguiu a autorização junto a ele, por que só um deles voltou para casa?

— Anda Maya, vem provar o vestido — Emma disse voltando à sala, coloquei o papel sobre a mesa novamente, tirei do bolso de meu moletom o celular que Traci levou para casa para carregar um dia desses e tirei algumas fotos daqueles documentos.

— Vamos querer saber qual seu interesse nisso?— Kelce me perguntou desconfiado.

— Sou uma espiã contratada pra investigar o fim de Sarah e Topper, não é óbvio?

Deixei a sala encontrando Emma que vestia um lindo vestido rosa decotado e saltos pretos.

Fui guiada até o provador onde tentei vestir o longo vestido preto de camurça, mas falhei.

— Emma me ajuda com o zíper — Perdi sendo respondida com silêncio e sussurros — Emma se você não vier logo eu vou tirar isso.

O provador foi aberto e Rafe contestou mais uma vez antes da porta ser fechada.

— Ela tá fazendo o operação cupido — Rafe disse antes de tentar abrir a porta e falhar — E é muito focada.

— Tá — Falei sem dar muita atenção para as ideias mirabolantes de Emma — Só fecha isso aqui pra gente poder sair daqui logo.

Puxei meus cabelos sobre os ombros e esperei alguns segundos até que senti as mãos geladas de Rafe deslizarem de uma forma lenta por minhas costas despidas, senti meu corpo se arrepiar e tentei me manter neura sobre a situação.

Quando alcançou minha nuca, o Cameron não se intimidou ou tentou se afastar, ele apenas aproximou seus lábios de meu pescoço e deixou um beijo ali. Meu cérebro gritou que eu deveria empurrar e socar seu rosto, mas meus olhos se fecharam aproveitando cada segundinho daquele toque.

Suas mãos seguraram minha cintura, joguei meu pescoço um pouco para trás sentindo seu aperto contra mim.

Senti tocar meus lábios e com um único movimento nossos corpos estavam de frente um ao outro. Sua língua passeava por minha boca e suas mãos por meu corpo, senti meu corpo flutuar com a agilidade encontrada por Rafe para descer o zíper que tanto havia demorado a subir.

— Já acabaram os sete minutos no paraíso, a gente tem que ir pra casa — Traci bateu na porta de madeira com presa — Vamos logo com isso, queremos ver como ficou o vestido.

Um, dois, três selinhos demorados foi o que eu deixei sobre os lábios de Rafe Cameron antes de me afastar para me ajeitar, quando o vestido estava mais uma vez fechado, deixei o Cameron no provador enquanto me exibia.

— Tirando que está amassado você tá linda — Emma deixou claro.

Me encarei no espelho, aquele vestido realmente é lindo e eu nunca vi nada igual.

Mas os quatro números na etiqueta deixavam claro que eu nunca o vestiria novamente.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora