Capítulo 59

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— Eu ainda não entendi como eu nunca tinha visto você, em todas as vezes que fui ao outro lado dessa ilha, todos os embates contra Pogues e eu nunca ouvi falar de você. Eu nunca ouvi falar de Maya Routledge.

Apertei os lábios sem conseguir falar enquanto Rafe continuou sentado sobre os degraus agora olhando na minha direção.

— Agora tudo faz sentido, todas as vezes que você se enrolou para dizer coisas que deveriam ser óbvias.

— Desculpa — Não tinha mais o que falar.

— Não preciso das suas desculpas.

Encarei o teto quando meus olhos lacrimejaram.

— Precisa do que então? Quer que eu admita que tenho mentido durante todo esse tempo? Você já tem absoluta certeza disso.

— Eu queria entender o porquê.

— Porque você é um príncipe kook, é preso no seu mundinho perfeito e não aceita nada nem ninguém que viva fora da sua realidade.

Rafe deu uma risada curta e ríspida me fazendo dar um curto passo para trás.

— Me lembre desse momento, me faça lembrar de qual momento perguntei a você se você era do outro lado da ilha.

Ficamos em silêncio enquanto Rafe se levantava descendo alguns degraus até estar a alguns passos de mim.

— Mas você estava coberta de razão, tem sorte de ser uma boa mentirosa ou então não teria nenhuma chance de se aproximar de mim.

— Você é um péssimo mentiroso.

— Tem razão — Ele deu mais alguns passos, observei cada um deles com atenção até o corpo de Rafe estar a centímetros do meu, ele tocou meu rosto fazendo meus olhos se encontrarem com os seus.

Seu rosto estava sereno, Rafe não parecia estar chateado ou surtando e isso me fez ter receio de seus próximos atos.

— Tinha uma foto perdida entre as suas publicações, uma foto onde parabeniza John B Routledge, o pior entre os Pogues e o chama de irmão — Falou encarando meus olhos com atenção — Se não fosse por essa foto, todas as outras passariam despercebidas, toda a sua vida contada em fotos — Tocou os meus cabelos com a ponta dos dedos — Uma vida muito diferente da vida que você me disse ter.

Rafe afastou sua mão de meus cabelos e a trouxe até meu rosto, me arrepiou quando desceu seus dedos pela minha pele e ganhou toda a minha atenção quando o apertou me abrigando a olhar seus olhos agora tomados pela raiva. Rafe Cameron é alguém totalmente expressivo, é possível reconhecer cada um de seus sentimentos pelas feições de seu rosto.

— Me ouça com atenção, raio de sol, as mentiras acabam agora — Disse sério — Tudo o que você acha que conseguiu não pertence a você, então você vai embora e não vai olhar pra trás. Vai voltar a ser ninguém como sempre foi — Gotículas de sua saliva raivosa tocaram meu rosto, ele parecia outra pessoa.

Aquele era o Rafe que todos conheciam, que tanto me aconselhavam a manter distância. Desagradável, idiota, grosseiro e aterrorizante. E eu não podia tirar meus olhos dele.

Seu toque se afrouxou e eu imaginei que meu rosto deveria estar marcado quando ele se afastou, meu coração concordou com meu cérebro gritando que eu deveria ir embora e não olhar para trás como Rafe disse, que é o melhor a fazer.

Mas a garota pirracenta que mora em mim e não aceitaria sair por baixo concordava com algo que queimava em meu peito dizendo que eu não poderia simplesmente ir.

A impulsividade é um grande mal, nos faz cometer ações que às vezes não estamos em condições e nem preparados para.

Mas quando me dei por mim já havia cometido mais um dos meus erros.

Coloquei minha mão sobre sua nuca e sem dar tempo para que se afastasse, coloquei meus lábios junto aos seus.

Fechei meus olhos e sem me afastar desejei que ele retribuisse uma última vez.

E ele fez.

Seus lábios se abriram por um segundo e seu corpo pareceu perder toda a tensão que tinha a alguns minutos, senti seus dedos entre meus cabelos e seu braço abraçar o meu corpo.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

Foram pequenos segundos até que ele voltasse a si, mas ele não se afastou, eu fiz isso.

Sequei minhas lágrimas em um gesto brusco.

— Algumas coisas não eram mentiras, Rafe — Falei sem conseguir olhar em sua direção enquanto deixava para trás a casa praticamente vazia.

No jardim agora totalmente silencioso, os olhos se viraram para mim, olhares de pena e curiosidade.

Não olhei diretamente para nenhuma daquelas pessoas, eu só queria ir para casa e foi o que eu fiz.

Descalça com o rosto sujo de rímel e com os lábios inchados deixei o figure 8 para trás pela última vez.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora