Capítulo 50

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— Carro novo?— Perguntei saindo da casa e vendo Rafe encostado em um jeep Wrangler vermelho que eu ainda não tinha visto.

— Talvez, sua amiga Emma acha que você vai aprender a dirigir de uma maneira mais prática se for em um carro zero — Disse despreocupado — Talvez ela fosse uma motorista melhor se tivesse tentado essa tática.

A Emma deve estar ficando louca, se eu bato um carro desse preciso ressuscitar umas cinco vezes e viver até os 80 anos em cada uma delas.

Rafe jogou a chave na minha direção.

— Sabe onde colocar isso, não sabe?

Não exatamente.

— Com toda certeza — Menti dando a volta no veículo, tive um pouco de dificuldade para subir e joguei minha mochila no banco de trás — Não tem banco — Questionei em voz alta me levantando um pouco pra ver que não.

— É removível, como o teto — Rafe colocou o cinto de segurança — Vamos acabar logo com isso, liga o carro.

Coloquei a chave a girei uma ou duas vezes não tenho nenhum resultado.

— Maya — "O que" respondi concentrada — Pisa na embreagem e tira os chinelos.

Joguei meus sapatos para trás junto à mochila e coloquei os pés sobre os pedais.

— Esse é o freio — O Cameron me corrigiu — Embreagem é o primeiro, o segundo o freio e o menor o acelerador. Primeiro você pisa na embreagem e fora a chave — Feito — Agora coloca a primeira e solta o pé devagar.

— Primeira, o que?

— Marcha.

— Tá, acho que isso eu sei — Falei empurrando para frente fazendo o carro fazer um barulho estranho, então eu tirei o pé e ele desligou.

— Acho que não é uma boa ideia você sair de terceira, liga ele de novo — Fiz tudo novamente, dessa vez Rafe foi quem colocou a marcha — Agora tira o pé, devagar — Morreu — O que eu tô fazendo aqui? Já vão completar vinte minutos que eu perdi da minha vida e você não saiu do lugar.

— Eu não te pedi pra fazer isso — Me irritei — Você está fazendo porque a Traci pediu.

— Claro, por que eu faria se não por ela?— Ele disse mal humorado.

Liguei o carro mais uma vez e dessa vez consegui tirar o veículo do lugar, mas me animei soltando o pé logo em seguida fazendo com que ele parasse mais uma vez.

— Viu isso?— Sorri animada — Eu dirigi.

— Fomos ultrapassados por uma formiga, mas já é alguma coisa.

— Dá pra você ficar feliz por mim ? Pensa bem, quanto mais rápido eu souber menos tempo você precisa passar comigo.

— Liga de novo e faz tudo devagar dessa vez, fica de olho nos retrovisores e sempre olha pra frente.

— Tá legal, olhar os retrovisores e olhar pra frente ao mesmo tempo — Falei em voz alta — Acho que posso fazer isso.

O sol já começava a se esconder quando parei o carro próximo a praia Pogue onde eu deveria dizer a verdade e ir para casa.

Desci do carro primeiro indo até a frente do veículo, senti a grande bola laranja do seu queimar meu rosto e meus olhos arderam um pouco. Tenho ficado tanto dentro de casa com a Emma ou então visitando a Traci que está em um eterno castigo que me esqueço do qual bem me faz esse lugar.

— Você não foi péssima hoje — Rafe se encostou ao meu lado mantendo uma pequena distância — Estamos vivos.

—É — Respondi sem jeito — Tem razão. Eu queria falar sobre uma coisa com você.

— Se for sobre a Traci eu já disse que não achei que ela fosse usar tudo de uma vez.

— Não, não é sobre isso — Me mexi para ficar de frente a ele — É sobre a gente.

— A gente?

— É, a gente.

Cruzei os braços, Rafe olhos nos meus olhos como se buscasse explicações neles, mas eu desviei o olhar encarando meus pés. É impossível conseguir falar.

— O que você quer falar? Quer saber o que somos ou alguma merda desse tipo? Isso é pelo que aconteceu no quarto da Emma?

— O que?— Levantei a cabeça confusa — Não — Dei um tapa em seu ombro — A não ser que você queira falar sobre isso.

Fiquei confusa por ter terminado assim a frase, falar sobre isso? Agora eu vou parecer uma boba apaixonada.

E eu não sou apaixonada, boba talvez, mas não sou apaixonada.

Não por ele.

Rafe esticou seu braço direito e passou pela minha cintura trazendo meu corpo em um passo para o seu, minha respiração pesou sentindo a sua próxima.

— Não precisamos falar, a gente tá bem do jeito que está — Brincou com um dos meus cachos com o dedo indicador — Se você começar a falar agora, a gente vai brigar.

— Por que a gente brigaria?

— Porque vamos ter opiniões controversas sobre o que queremos, aí você vai se chatear e criar um grande drama por conta disso.

— Você acha que nossas opiniões são controversas porque se interessou por mim pensando apenas em sexo e acredita que eu me apaixonaria por você?

— Quem te disse isso?

Encarei os olhos azuis da cor do mar de Rafe Cameron de perto, com seus braços ainda prendendo meu corpo contra o seu sem me dar chances para fugir.

— Para quantas pessoas você disse?

Rafe pensou por um segundo.

— Deixa pra lá — Disse sabendo o que aconteceu — Deixa isso tudo pra lá, se eu só quisesse fazer isso já tinha feito, oportunidades não me faltaram.

— Está falando sobre me forçar a fazer?

— Não iria precisar chegar a esse ponto e não seria capaz de continuar sem ter certeza que você queria o mesmo.

— Então por quê tem tanta certeza que já teria feito?

— Por que você é louca por mim e não consegui esconder isso, nem mesmo de você.

— As pessoas têm razão quando dizem que o vício em drogas afetam o cérebro — Acertei meu dedo indicador sobre sua testa com força, fazendo ele fechar os olhos antes e apoiar a cabeça sobre meu ombro por um segundo antes de voltar a ficar de frente a mim.

— As pessoas têm mesmo razão, uma droga específica tem mexido comigo ultimamente, mais que qualquer outra. É muito mais viciante.

— Maconha? Crack? Cocaína? Heroína? Loló?

— O nome dela é — Esperei por um nome óbvio de droga que não me lembrei, talvez fosse um paieiro — Maya.

— Eu — Respondi quando eu ouvi ele me chamar, Rafe deu risada me deixando confusa — O que?

— Você é a merda da droga que tem mexido comigo, Maya, eu não sei te dizer o porquê, mas eu tô totalmente viciado em você.

— Que susto, cara — Tentei me afastar enquanto ria — Eu pensei que você tava usando cogumelos ou alguma coisa desse tipo e você brincando comigo.

Rafe tocou meu rosto.

— Não é brincadeira — Fechei os olhos sentindo seu carinho quente — Mas cogumelos, sério?

Apoiei minha cabeça sobre seu peito sentindo seus braços me abraçarem.

— Sabe, Rafe — Chamei sua atenção ainda de olhos fechados — Agora eu gostaria que você tivesse apenas um vício.

Senti seus lábios tocarem minha testa e então o único som presente além dos turistas que passeiam era o som das ondas quebrando a poucos passos de nós.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora