Capítulo 78

535 64 7
                                    

— Então vocês tão juntos como um casal de verdade agora? Namorados?— Tracie perguntou sentada em sua casa enquanto eu desembaraçava os cabelos em frente ao espelho.

— A gente não falou sobre isso, só estamos deixando acontecer, sabe, sem forçar — Respondi.

— Entendi, não é nada sério e por isso por conta de uma chamada perdida você sentiu que ele ia dizer que estava vindo te buscar e está toda arrumada.

— Tracie, eu só tomei banho — Falei óbvia — Não estou toda arrumada esperando ele vir me buscar, talvez ele nem venha.

— Claro, você nem está com expectativas — Ouvimos a buzina do lado de fora, me levantei  juntando minhas coisas para que elas não ficassem espalhadas já que não vou levar agora — Nenhuma mesmo — Ela debochou.

— Você não tem um casamento pra organizar? — Perguntei fugindo do assunto, fui até ela dando um beijo em sua bochecha — Vejo você amanhã.

Sai de seu quarto e desci as escadas dessa vez sem parar para admirar a enorme casa do prefeito, na sala de estar a irmã mais velha de Tracie estava sentada no chão em meio a um monte de documentos, exatamente da mesma forma que estava quando nós chegamos.

Me despedi dela com um acenar de mãos e um sorriso, me apressando para sair.

Rafe estava sentado em sua moto, com os cabelos bagunçados após tirar o capacete e vestindo uma camisa social azul, com os primeiros botões abertos. Minha respiração chegou a falhar em frente a tamanha beleza.

— Eu achei que você estava brincando sobre vir me buscar — Falei parando de andar a alguns passos da moto.

— E deixar você toda pra Tracie? — Ele deu um sorrisinho de canto e esticou a mão, a segurei dando mais alguns passos agora pra perto dele — Foi mal ter te tratado daqui jeito, eu só preciso resolver umas coisas.

— Não está metido em problemas, está?— Rafe riu, riu como se eu estivesse contando uma piada.

— Você é tão inocente, Maya — segurou meu rosto e beijou meus lábios com força.

— Eu tô falando sério — Falei me afastando — Você vai ou não contar a verdade?

— Dá pra você só confiar em mim e parar de desconfiar, eu não sou a droga de um criminoso que está escondendo uma vida dupla de você — Rafe disse sem nenhuma paciência — Tá melhor agora? Se sente aliviada, Maya?

— Não — Respondi colocando o capacete — E não tô nem aí, se vira sozinho com os seus problemas se é o que você quer. E me ajuda a fechar essa merda porque eu não sei.

Rafe levou um segundo para apertar e fechar o capacete.

— O que a gente vai fazer?— Perguntei antes de subir na moto.

— Eu preciso falar com o Barry, depois a gente pode fazer o que você quiser.

— Barry de novo? Vocês já se viram hoje.

— É coisa rápida.

— Vai ser rápido mesmo, senão eu pego a moto, vou embora e deixo você pra ele — Ameacei, me sentei na garupa e agarrei sua cintura com força antes que o Cameron acelerasse saindo de forma veloz.

Rafe correu tanto com aquela moto que foram poucos minutos até que eu estivesse sozinha segurando os capacetes enquanto ele havia virado a esquina a pé para encontrar o traficante. Inquieta eu cheguei a dar alguns passos naquela mesma direção, mas voltei pro mesmo lugar sem fazer isso.

Os minutos pareceram horas até que Rafe Cameron voltasse em passos apressados.

— Você demorou — Comentei enquanto ele pegava o capacete das minhas mãos com pressa — O que aconteceu com seu rosto?— Tentei me aproximar para ter certeza de que estava vendo sua pele vermelha começando a inchar.

— Coloca o capacete — Rafe praticamente fez isso por si próprio já que o enfiou e fechou em um piscar de olhos, subiu em sua moto e mal esperou que eu fizesse o mesmo para arrancar com ela.

— O que tá acontecendo?— Perguntei sem entender vendo-o virar em ruas estranhas.

Mas Rafe não respondeu, ouvi o som de outra moto e o senti acelerar ainda mais me fazendo segurar com mais força.

Meu coração batia tão rápido que eu podia senti-lo doer, quando essa moto quase nos alcançou e eu pude ver que era o Barry eu senti medo. Medo por mim, medo pelo Rafe, principalmente pelo Rafe.

O Cameron logo diminuiu a velocidade e cortou por um beco estranho, do outro lado acelerou novamente. Eu não vi mais o Barry.

Desci da moto assim que Rafe a estacionou de qualquer jeito, tirei o capacete tão rápido que nem pude entender como.

E o assisti jogar seu capacete contra o asfalto com raiva antes de chutar a própria moto.

Minha respiração demorou a se tranquilizar, mas a dele parecia que não ia fazer isso tão cedo.

Suas mãos estavam apoiadas sobre a moto, eu podia ver seus dedos tremerem levemente sobre aquele aperto e os olhos estavam focados ali.

Cocei meu pulso tentando pensar no que fazer, falar, ou como agir. Mas nada passava pela minha cabeça.

Então eu só andei até ele e deixei um beijinho em seu ombro antes de apoiar minha cabeça ali, em silêncio o abraçando de um jeito desengonçado, entretanto totalmente quentinho e confortável.

Ficamos um bom tempo ali em silêncio até que Rafe "voltasse" a ajeitar sua postura, me permitindo conseguir abraçar ele de verdade.

Sentir seu aperto contra meu corpo me fez respirar aliviada, ele deixou um beijo em meu pescoço antes de se afastar pra olhar para mim.

— Você ganhou um belo olho roxo — Falei tentando sorrir para deixar o clima melhor.

— Tenho certeza que ainda estou bonito.

— É, você está — Concordei — Mas e então, vai me contar agora ou vai esperar a gente sofrer um acidente de moto antes?

— Eu sou o melhor piloto dessa merda, a gente não iria cair e nem sermos pegos.

— Claro, estou convencida agora — Cruzei os braços dando alguns passos para longe dele — Começa a falar.

— Eu tô devendo, estou devendo uma grana pro Barry.

— Rafe Cameron, o kook, devendo e pra traficante?

— Não é motivo pra rir, Maya.

Não sei se estou rindo por achar graça ou de desespero.

— Qual é, tenho certeza que não é tanto assim, não deve nem fazer cócegas na conta bancária da sua família.

— É burrice achar que dá pra usar o dinheiro do meu pai pra pagar um traficante.

— É que eu não tenho pai, dinheiro e nem o vício, então desculpa de as minhas ideias pra te ajudar são burras.

— Eu não disse que as suas ideias são burras.

— Me leva pra casa.

Tentei soar o mais diferente possível da mulher de branco, sempre que uso essa frase tenho medo de falar assustadoramente igual.

Eu a imitava pra assustar o John B quando éramos mais novos, é difícil perder velhos hábitos.

— Quer dizer, se não for perigoso a gente voltar, agora já viram que eu conheço você.

Imagina se o Barry resolve me cobrar pela dívida do Cameron, tudo o que eu tenho são traumas, um chaveiro achado na rua, dois vestidos caros e um colar de brilhantes.

Um colar que vale dinheiro e foi me dado pelo próprio Rafe.

— Já sei como vamos resolver o seu problema.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora