Capítulo 62

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— Aqui — Falei assim que levantei a vara de pescar vendo um peixe mediano sobre ela — Podem focar em beber e bater papo porque se senhora pescadora tá na área.

— Não é possível — Sarah lamentou sorrindo — Eu devo estar do lado errado do barco.

— Não é lado, é talento cunhadinha.

— Vou mostrar pra você, kook, como acabamos com talentos nessa área.

JJ se levantou tirando a camisa.

— Não faz isso, eu vou te acertar o anzol — Ameacei, mas ele apenas ajeitou sua bermuda, piscou na minha direção e pulou nas águas calmas.

— Eu vou matar você — Falei tirando minha roupa também deixando as peças sobre a caixa que é a única parte seca daqui.

— Já vou avisando que não vamos tirar ninguém das redes de pescadores de verdade — Ouvi Pope ser racional um segundo antes de dar uma ponta para fora do barco — Ah não, você também não — Ele disse quando voltei a superfície tentando evitar que Kiara saltasse.

— Já estamos aqui, o que temos a perder?— A namorada sorriu antes de dar uma ponta linda.

— A vida?— Pope falou como se fosse óbvio.

— Quer tentar? Nenhuma piscina se iguala a nadar aqui — John B tinha os olhos brilhantes ao falar com Sarah, ela assentiu concordando com o mesmo olhar.

É fácil ver coraçõezinhos em meio aos fogos que rodeiam aqueles dois.

Parei de encarar o casal quando John B pulou perto de mim me fazendo dar risada enquanto tentava me proteger da água que vinha em meu rosto mesmo molhado, dei risada nadando para longe enquanto ele balançava os cabelos.

Sarah jogou seu corpo contra a água e ainda estava bonita quando saiu dela, Pope parecia em panico tentando informar que era uma área de pesca com armadilhas por todos os lados.

Me aproximei de Sarah apoiando meu peso sobre ela com preguiça de nadar, ela sorriu pra mim puxando um pouco de água com a mão contra meu rosto me fazendo mergulhar.

Já estávamos cansados quando voltamos para o barco, com muitos pequenos peixes que chamamos de jantar e uma animação fora do normal.

Molhados, queimados do sol e bêbados, pousamos para uma foto com meu celular, o único carregado entre os nossos. Pela primeira vez em muito tempo os Pogues estavam de volta à minha página, em uma foto tremida e espontânea onde todos pareciam enlouquecidos.

John B me ajudou a descer na terra molhada enquanto eu não conseguia conter as risadas, tropecei quando ele me soltou para ajudar JJ que estava mais bêbado que todos.

— A gente deveria fazer uma loucura — JJ falou alto — Somos Pogues, não podemos só ir dormir e dar o dia como acabado.

Movida a cerveja levantei a latinha concordando.

— Vamos atormentar aqueles riquinhos — Todos o encararam com atenção — Eles vêm ao nosso lado da ilha, acabam com nossas festas, magoam os nossos e tentaram matar um de nós.

— A gente deveria dormir — Tentei ser racional — Não vamos arrumar mais problemas do que já temos.

— Então, Mayazinha — Ele deu um passo para jogar seu braço sobre meu ombro — A gente deveria mostrar a eles o que é uma festa de verdade.

— Já tá todo mundo cansado — John B disse após arrastar sozinho o barco.

— Amigo — JJ sorriu animado — A noite está só começando.

De fato não se passavam das 19 horas, mas às 09:00 já estávamos no mar então o cansaço da água já começava a pesar.

JJ sempre ficou ao meu lado, como sempre fiz eu o apoiei.

— Deveríamos dar uma grande festa, merecemos isso — Trocamos sorrisos — Na praia ou lá em casa, vocês quem sabem.

— Tem certeza?— Kiara perguntou — Você sabe, eles aparecem em todas as festas.

Dei de ombros.

— Já faz mais de duas semanas, tá tudo bem — Menti confiante — Vou tomar banho e a gente se ajeita — Avisei saindo dos braços de JJ.

Duas semanas e nenhum kook me deu notícias de vida, eu sabia que eles escolheriam um lado, sempre escolhem e não é novidade não ser o meu.

Eu tô em casa, andando desleixada e de pés descalços, nadando em água suja e bebendo cerveja barata praticamente quente, essa é a Maya que eu fui criada pra ser.

Qualquer coisa que me afaste disso deve também se adaptar ao meu mundo.

Tomei um banho, deitei em minha cama e apaguei por uma hora e meia.

Sarah, me acordou dizendo que a festa começaria logo e seria na praia.

Troquei de roupa e sem uma grande produção embarquei naquele mudinho que pouco frequentei.

Cabelos úmidos e amassados, camisa cobrindo o short e chinelo de dedo, areia nos pés e música alta nos ouvidos. Aquela parecia a minha versão que a tempos não via.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora