Capítulo 53

2.4K 214 8
                                    

Pov Rafe Cameron

Coloquei sobre a cômoda ao lado da cama a bandeja que Emma trazia para o quarto quando chegamos, o item pesado com uma xícara de chá  e uma sopa esquisita me foi entregue para que ela pudesse se jogar nos braços do meu melhor amigo.

Questionei duas ou três vezes sobre o que fazer com aquilo até que ela separou seus lábios dos dele para dizer que a Maya tava esperando pela sopa.

Quando eles voltaram a se agarrar desisti de ficar ali, subi as escadas pensando na ideia péssima que é confiar quando Kelce diz que vai ser algo divertido.

Dificilmente é quando envolve a namorada controladora Emma.

— Que tipo de doença contagiosa você tem?— Perguntei me sentando na beirada da cama, estiquei minha mão tocando a testa quente da garota.

— Não é contagiosa, eu acho — Ela disse afastando minha mão — Mas é melhor não arriscar, não quero ser a culpada por deixar você doente.

— Deveria ter ficado na sua casa então, só de estar aqui você é um risco pra todo mundo — Acusei — Nunca ouviu falar de quarentena?

— Não estou me tornando um zumbi, é só intoxicação alimentar.

— Não sabemos exatamente de onde vai vir o vírus zumbi, talvez seja uma intoxicação alimentar.

Maya sorriu ainda de olhos fechados.

— Você tem saído muito comigo, tá ficando paranóico.

— Talvez isso seja um problema — Afastei minha mão quando percebi que ia tocar os fios de cabelos que caem sobre seu rosto —  É melhor você se sentar antes que isso esfrie.

— Quem é você e o que fizeram com Rafe Cameron?— Ela perguntou se sentando com dificuldade ainda enrolada no cobertor mesmo com o sol forte que entrava pela janela.

— Ainda sou o mesmo, você tá delirando.

— E você está tentando ser gentil e cuidar de mim — Acusou — Pode pegar a xícara?

— Está alucinando, a febre deve tá muito alta — Entreguei a ela a xícara.

— Tá muito quente — Falou me entregando de volta.

— Você está abusando —  Coloquei de volta na bandeja enquanto pegava o prato, a primeira colherada foi eu provando — Horrível.

— Deixa eu ver — Disse abrindo os lábios próxima a mim, mexi um pouco o caldo quente antes de colocar uma pouco cheia em sua boca — Tá mesmo — Concordou.

— Mas tenho certeza que ainda vai ser melhor que o peixe assado que Emma vai tentar fazer.

— Não fala assim, ela é esforçada.

— Tem certeza que ela não cozinhou o que te fez mal?— Maya ficou pensativa por um momento.

— Tenho minhas dúvidas, eu comi um bolinho de batata antes de ir pra casa e lá só comi um cereal velho então tenho minhas dúvidas — Falou apoiando a cabeça sobre os joelhos.

— Me surpreende você ter uma casa, acho que você nunca me convidou pra ir até lá.

Maya levantou a cabeça de uma vez e coçou a garganta ficando esquisita.

— Meus pais não gostam muito de visita, são um pouco — Ela travou — Discretos.

— Parece que você acabou de inventar isso.

— É complicado.

— Você conheceu meu pai, é difícil que alguém tenha pior.

— Conheço um que se compare.

— O seu?

— Não, o de um amigo.

— Lamento por ele.

Eu não lamentava, não o conhecia e me sentia totalmente incomodado em saber que ela conhece bem o suficiente alguém para saber sobre algo tão íntimo.

— Quando você me pedir em namoro eu te apresento a minha família — Ela brincou me fazendo sorrir enquanto entregava aos seus lábios mais sopa.

— Não fala besteira, isso não vai acontecer.

— Minta pra mim, mas não pra você — Pediu me deixando pensativo enquanto ela voltava a deitar — Não posso comer mais isso ou vou vomitar.

— Quer que eu traga um balde ou chame a Emma?

— Não, mas tem um remédio em algum lugar dessa casa — Falou de olhos fechados — Pode pedir a Emma?

Desci as escadas e andei um pouco até encontrar um casal feliz picando temperos enquanto sorriam contando histórias.

— E aí, ela comeu tudo?— Emma perguntou enquanto eu colocava a bandeja sobre a mesa, apenas a xícara de chá deixei no quarto.

— Não, ela acha que vai vomitar então me pediu pra buscar um remédio.

— Rafe Cameron cuidando de alguém doente, nunca imaginei que veria isso — Dei um tapa na cabeça de Kelce para que ele calasse a boca.

— Não fala idiotices, não tô nem aí pra ela estar doente.

— Tá aqui — Emma disse após vasculhar uma caixinha — Pode dar pra ela tomar junto com o chá.

— Depois que ela engolir isso eu vou pra casa, não vou fazer o seu trabalho de babá.

— Claro que vai — Emma sorriu voltando a cortar o tomate.

Subi as escadas entrando no primeiro quarto em seguida, Maya estava sentada na cama com o pés flutuando no ar, cotovelos sobre os joelhos e com as mãos segurando sua cabeça baixa.

— Tá legal?— Perguntei me aproximando.

— Tô — Falou me olhando com os olhos fundos — Só — Parou de falar — Deixa pra lá, encontrou o remédio?

Entreguei a ela o comprimido e a xícara de chá.

Ela tomou sem muita dificuldade e agora ajeitou o travesseiro para que ficasse sentada, mesmo que de olhos fechados.

Olhei à minha volta vendo como aquele quarto tem mudado, Emma sempre foi a garota mais organizada que eu conheci e agora tudo o que eu vejo é um quarto semelhante ao que Sarah divide com whezzie quando viajamos.

Pelo visto a Maya era mesmo o que faltava pra tirar a Benneton da zona de conforto.

Tirei meus sapatos e me sentei ao lado dela.

— Você vai ficar?— Maya perguntou encostando sua cabeça em meu ombro, quis dizer a ela que não e que ela não deveria me passar seja la o que está sentindo.

Mas só consegui mexer em seus cabelos dizendo com meu silêncio que sim.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora