Capítulo 3

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Maya Routledge
14 anos

— Desculpa por isso — JJ disse quando me viu jogar o algodão sujo de sangue dentro do pequeno cesto de lixo.

— Tudo bem — Dei um sorriso fechado enquanto colava em sua bochecha um curativo com desenhos de sereias — Você caiu onde?

— Na hora de pular a janela.

Fingi concordar, ouvi John B contar pro meu pai que JJ tem tido problemas em casa, mas não toquei no assunto já que ninguém me contou nada.

— Você é muito corajoso, sabe, de pular do segundo andar — Sorri — Metade dessa ilha não teria coragem.

— Me acha mesmo corajoso?— Ele me encarou com os olhos azuis focados nos meus castanhos claros, como se fosse ler neles se eu estivesse mentindo.

Por que eu estaria mentindo?

— Por que é a minha melhor amiga.

Meu sorriso cresceu, ele nunca havia me chamado sequer de amiga, quem dirá dizer que sou a melhor.

— Por isso eu nunca mentiria pra você, somos melhores amigos e amigos não mentem.

Senti o peso de seu braço sobre meu ombro e seu hálito quente batendo contra meu rosto bem de pertinho.

— Então diga que sou seu amigo mais bonito, legal e inteligente.

Senti meu coração bater forte, me afastei disfarçando essa sensação com uma risada.

— Por que eu deveria chamá-lo de Pope?

— O que? Não! Espera, você gosta dele.

— Não gosto não.

— Acha ele tudo isso e não gosta dele?

— De onde você tirou que precisa ser tudo isso pra me conquistar? Eu sou muito menos seletiva.

— Seletiva? Você nunca beijou ninguém.

Me sentei sobre o sofá pegando o livro de quadrinhos e abrindo na página que parei.

— Você não tem certeza disso.

A porta foi aberta e meu irmão passou por ela, olhou pra gente e revirou os olhos.

— O que ainda estão fazendo aqui? A gente tem que ir encontrar a Kiara.

— Quem é Kiara?

— É a nossa nova amiga, ela é demais — JJ foi quem contou — Você vai adorar conhecer ela — Antes de passar empolgado pela porta ele parou e disse para John B — Deveria deixar sua irmã de castigo, ela anda com a imaginação muito fértil.

— Fica quieto cabeção — Reclamei saindo de casa junto com os dois.

Com John B a alguns passos a nossa frente JJ voltou a me abraçar de lado e cochichar sobre o que eu disse.

— Me diz, você nunca beijou ninguém, beijou?

— Por que quer saber isso?

— É que — Ele olhou para as ondas do mar — Você ainda é muito nova e eu não quero que quebrem o seu coração.

— Temos a mesma idade.

— É diferente.

— Não é não.

— Não importa quantas vezes o meu coração pode ser quebrado, o importante é o seu estar intacto.

— Que papinho esquisito, você não me respondeu o que eu perguntei, do desconversou.

— Só, não beije ninguém ainda. Tá legal? Seu primeiro beijo tem que ser especial, com alguém especial.

— E quem seria esse alguém especial? Vivemos literalmente em uma ilha.

— Aos 16.

— 16?

— Guarda seu primeiro beijo até os 16.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora