Capítulo 40

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Minha risada ecoava pelo quarto enquanto as minhas duas melhores amigas brigavam mais uma vez, dessa vez Emma havia afinado demais o rosto de Traci com um truque de maquiagem.

— Não tá péssimo — Tentei ser otimista — Só parece que você é um cadáver em decomposição.

— Parece que eu levei um soco — Traci disse voltando a se sentar.

— Pode dizer que fui eu quem te bati se te fizer bem — Emma disse voltando a se concentrar no sangue falso que escorre por seu pescoço manchando o decote de seu vestido azul de saia cheia.

— Não vai — Traci disse por conta própria tentando concentrar o que Emma deu certeza que sabia fazer, me aproximei do espelho ajeitando a tiara que está bem presa em minha testa, o brilho dourado dela se misturava com meus cachos em pequenas ondas do que deveria ser ouro.

A sandália gladiadora em meus pés é confortável e mesmo que tampada pelos movimentos da saia cumprida de duas fendas que chegam a zona limite de minhas coxas, é baixa no estilo rasteira e com tranças que chegam a minha panturrilha.

Um acessório ourado faz um barulho engraçado enquanto ando com ele preso em minha cintura, meus braços ficam pesados com pulseiras grossas da mesma cor.

O batom vermelho que carrego em meus lábios é o mesmo tom que Emma e Traci levam nos seus, assim como o pequeno pontinho azul que temos no final do delineado e as argolas que temos na orelha.

Emma completa vinte anos na próxima semana e estava animada com todos os detalhes dos preparativos, o salto alto que usa em seus pés teriam feito buracos no segundo andar se Kelce não tivesse se oferecido para cuidar dos últimos detalhes para ela.

Traci mal completou seus dezoito e eu ainda vou levar um tempo para chegar aos dezessete.

É estranho pensar que talvez se dependesse dos nossos anos escolares, das turmas do ensino médio ou simplesmente de uma sociedade com idades bem divididas não estaríamos aqui.

Tirando fotos em um espelho sujo em uma mistura de creme de cabelo e base para o rosto enquanto fazemos poses clichês de halloween. Uma daquelas fotos passou a ser tema da tela de bloqueio do meu celular, nela Emma fazia um lindo biquinho, Traci fazia uma péssima careta e eu me encontrava entre elas erguendo dois dedos próximos ao meu rosto.

— Já começou a chegar gente — Kelce avisou entrando no quarto — E uau, parece que estou me apaixonando novamente pela mulher da minha vida e eu nem sabia que isso seria possível.

Traci e eu fizemos caretas desviando os olhos quando ele beijou Emma.

— Ótimo, onde está o Topper? Ele precisa descer as escadas junto com a Traci.

— Sobre isso — Kelce fez uma pausa dramática — Ele tá aqui no quarto ao lado tentando ajeitar aquela gravata borboleta ridícula.

— Não é ridícula — Traci defendeu — É chique, eu vou lá.

Não precisamos dizer nada já que em segundos ela deixou o quarto.

— Eu que não vou ficar aqui vendo isso — Falei sobre o casal que se encarava sem dizer uma palavra sequer agora.

No quarto ao lado, Traci sem nenhum jeito para aquilo ajeitava a gravata do seu noivo que vestia um terno roxo e gravata preta. Não entendi bem o conceito.

— Já podemos beber? Ou ainda tem muito desse teatrinho?— Rafe Cameron parecia um vulto, falhei em evitar um sorriso quando o vi.

— Draco Malfoy ou Tommy Shelby?— Perguntei.

— Não faço ideia, era isso ou uma fantasia idiota de Chucky.

— Combinava com você, a gente esperava que vocês escolhessem a certa pra vir combinando, mas nem nisso vocês acertam.

— Ah, por isso uma das minha opções era Tiffany? Deveria saber que a única que usa branco é a noiva.

— Não pensei nesse detalhe — Ela falou se afastando para observar seu trabalho bem feito — Menos mal — Sorriu para Topper.

— Antes que cada um vá pra um lado — Emma falou entrando no quarto de hóspedes — Fotinha dos amigos pra Traci colocar na sala da enorme mansão que ela vai ganhar de presente de casamento.

Mesmo com reclamações e tentativas de fuga, Emma sabe ser convincente, a Benneton só se deu por vencida quando tirou uma foto em que gostasse de sua aparência.

Como a anfitriã, ela e Kelce foram os primeiros a descerem pelas escadas cobertas por um tapete vermelho digno de realeza de mãos dadas, eles aproveitavam para exibir seu relacionamento em público.

— Não vamos ter que fingir ser um casal, não é?— Rafe perguntou em voz alta quando começamos a descer juntos as escadas.

— Como se alguém quisesse ser vista de casal com você — Respondi parando para que o fotógrafo contratado fizesse uma foto nossa.

— Seria a realização de um sonho pra você, não é?— O Cameron passou um dos braços por minha cintura, apoiei minha mão sobre seu peito. Enquanto Rafe manteve sua cara emburrada, dei um dos meus melhores sorrisos para a fotografia.

— Eu sei que você quer ficar pertinho de mim — Dei dois tapinhas onde minha mão estava apoiada — Mas não vai rolar.

Terminei de descer pela escada, a sala dos Benneton já estava lotada quando esperei por Traci e fizemos nosso primeiro brinde com jelly shot de morango.

A noiva ainda achava ter sido o centro de todas as atenções, eu acreditei que ela manteria esse posto até que um grupo muito conhecido não só do outro lado da ilha passou pela enorme porta de madeira que é aberta por um funcionário específico.

Os Pogues resolveram assumir sua loucura quando exibiram suas fantasias de pirata na festa, a fantasia mais importante de toda essa ilha.

— Seu gatinho tá aí — Emma fez questão de me dizer o óbvio — A Traci já conhece a regra, então eu vou dizer pra você — Ouvi a voz calma dela — Se for pra transar faz isso no quarto de hóspedes, nem no quarto dos meus pais e não no meu. E também evite os banheiros, odeio pegar fila quando tô apertada porque tem gente fudendo.

— A Traci é a sua amiga que transa, eu vou só ser invisível hoje.

— Você está brilhando — Traci disse sorrindo — E é a única solteira entre nós, você vai ser perseguida por garotos carentes, vai negar os primeiros que serão bonitinhos e no fim vai estar bêbada, louca pra dar uns beijinhos — Emma e eu a encaramos com atenção — Aí você vai acordar na cama de um boy mais ou menos se perguntando o que fez de errado.

Ela tocou com o dedo a gelatina de limão antes de virar tudo entre os lábios.

— Que específico — Emma comentou.

— Você tá bem?— Perguntei estranhando a história de Traci.

— Ótima — Sorriu — Preciso fazer xixi.

Segunda opção - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora