CAPÍTULO DOIS

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Acordei em um pulo e pouco me importei se a minha visão ficou meio escurecida ou se parecia que eu ia desmaiar, o importante era que hoje é meu aniversário e eu estou absurdamente animada.

O senhor Pantufas levantou a cabeça da cama e, com toda a sua falta de graciosidade e excesso de fofura, espreguiçou-se por completo, então se sentou olhando-me com muito sono.

- Acorde, senhor Pantufas, hoje eu tenho 17 anos! Sou uma dama... - Olhei no espelho rapidamente. Meus cabelos estavam ainda mais avermelhados, meus olhos estavam bem laranjas hoje, e meu rosto parecia com menos sardas do que o costume. - ... Sem muitos atrativos ainda, mas eu ainda sou uma dama, e muito adorável, segundo Liam... Me perguntou se eu devia me sentir feliz com essa informação. O que você acha?

O gato piscou lentamente para mim, então bocejou.

- Espero que esta não seja a sua resposta - resmunguei.

Aquele dia tinha tudo para ser perfeito, e eu mal podia esperar pelas surpresas que estavam reservadas para mim. Por essas e outras decidi por um dos meus vestidos novos. Um belo vestido azul claro com pequenas flores bordadas. Trancei meus cabelos que já estavam bem compridos e muito cheios, e os prendi ao redor da cabeça, formando uma espécie de tiara de tranças e deixei apenas duas mechas curtas ao lado do rosto. Levantei os seios com as mãos, mas nada o que fiz parecia criar um vale entre eles.

- Acredito que tenha que usar um traje de festas para fazer o efeito que desejas - explicou Matilda, voltando-se para o gato que estava adorando ser escovado por ela. Segundo a minha dama de companhia, aquilo era essencial para que a casa não ficasse toda coberta de pelos.

Assenti, confiante que ainda que meus peitos fossem como limões, eu ainda era graciosa.

- Ah... feliz aniversário, senhorita Hopkins - disse Matilda e eu sorri envergonhada.

Hoje eu era praticamente uma mulher adulta. Desci as escadas de casa com uma certa velocidade e encontrei a cozinheira e mais alguns empregados na sala de jantar. O café da manhã seria bem reforçado hoje, com direito ao meu bolo favorito.

- Onde está a minha filha favorita? - Papai entrou na sala já com os braços abertos e eu fui a seu encontro, abraçando-o rapidamente. - Feliz aniversário!

E lá estava uma pequena caixa em suas mãos. Dei um pulinho de alegria pegando meu presente e o abrindo ali mesmo.

Era um livro.

- Am... obrigada!

- Melhor do que entregar-lhe o ouro, é ensiná-la onde encontrá-lo - falou papai e se dirigiu a mesa.

Bem a cara dele mesmo.

Contive um sorriso e virei-me para a cozinheiras e ajudantes.

- Obrigada a todos!

E o bolo estava esplêndido, de fato. Meus aniversários sempre costumavam ser assim, e eu estava satisfeita, apenas me perguntava como seria caso mamãe não tivesse ido embora e me amasse como qualquer mãe ama sua filha, ela certamente seria a primeira a me dar os parabéns, me abraçaria forte e diria que me amava. Pensando bem, acho que eu nunca ouvi tais palavras de ninguém. Nem da mamãe, nem do papai.

Balancei a cabeça desejando esquecer aquilo, não era momento e nem lugar para ser tão negativa. Hoje tinha tudo para ser um dia especial.

Depois do café da manhã, eu estava inquieta, rodei a casa inteira e passei quase uma hora olhando o céu pela minha varanda, distraída nos meus devaneios. Ansiosa pela tarde e quando ele chegaria.

Liam chegou um pouco depois do almoço, mas precisamente às 15 horas. Eu me esforcei muito para não olhá-lo se aproximar pela minha janela, não queria estragar a surpresa. Só de ouvir sua voz ecoando pela casa, meu coração parecia que ia saltar pela boca.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora