CAPÍTULO NOVE

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Eu não via a hora daquela música acabar, de eu me desvencilhar dele e me afastar, de não senti-lo tocar-me.

Quando a música acabou, dei um passo para trás, fazendo-o soltar minha mão.

— Ah, uma pena, creio que haja outro espaço no seu cartão.

— Infelizmente não há, senhor — disse me afastando, mas o homem continuava a segurar meu pulso com certa insistência.

— Certamente você pode abrir um espaço para mim...

— Não quero decepcionar outros senhores, nem meu pai, senhor — respondi, puxando meu braço. — Com licença — falei me afastando e indo em direção a mesa onde havia uma jarra de água e copos. Minha garganta estava seca e eu me sentia ansiosa.

Enchi um copo o mais lentamente que podia, por que, de alguma forma, sentia que ele me olhava entre as pessoas. Fechei os olhos com força e bebi a água sentindo uma certa dificuldade para engolir. E só agora reparei que tremia.

Papai, onde o senhor está? Olhei volta, para ver se o achava, mas estava cheio de gente, pessoas desconhecidas que sequer sabiam alguma coisa sobre mim, então me vi sufocada.

— Sissi! — aquela voz foi como ar fresco.

Efraim. Era tão bom ver conhecidos.

Ao lado dele estava Sol, que abriu um sorriso, mesmo que não exatamente na minha direção, mas eu sabia ser para mim.

— Céus, tentei te achar em todos os lados, mas ser alto não me ajudou em nada.

— Tentei te achar também, mas o resto você já sabe — disse Sol e eu sorri, me sentindo culpada por isso.

Efraim gargalhou.

— Você me mata — disse ele a ela.

— Fico feliz em vê-los, já estava me sentindo um pouco sozinha — falei.

— Bom, viemos te fazer companhia, então — declarou Sol.

— Mas antes tem a nossa dança, não é, Sol? — perguntou Efraim, fazendo uma expressão adorável.

Sol pareceu meio hesitante.

— Acho melhor você ir, afinal Efraim está olhando-a como um cachorrinho pidão.

— Não estou, não — disse ele, agora sério.

Sol riu.

— Não faço ideia de como seja um cachorro pidão, mas imagino que seja algo fofo, quase ninguém resiste a um cachorro pidão, ainda mais se tiver olhos enormes... Pelo ou menos é o que dizem...

Efraim a puxou delicadamente enquanto ela ainda explicava as características essenciais de um cachorro pidão e eu sorri os vendo ir para a pista de dança.

Me pergunto se Liam ainda vai chamar-me para uma dança. Do jeito que as coisas estão, eu duvido muito.

Avistei o senhor Barreto não muito longe de mim e decidi que deveria sair dali, logo ele viria me cobrar outra dança e como meu cartão estava praticamente vazio, não seria bom negar.

Andei sorrateiramente fazendo questão de me esconder atrás das maiores pessoas que ali havia, tudo para que ele não me visse. Esse era o benefício de não ser uma nobre, quase não chamava atenção, então poucas pessoas vinham falar comigo.

A casa de Liam era mesmo surpreendente. Estávamos em uma sala que parecia ser central, ou seja, ela tinha saída em todos os lados, sendo que dois deles levavam a uma varanda. O teto era alto e o enorme lustre iluminava todo o lugar.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora