CAPÍTULO DEZESSEIS

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Esdras deixou-me na sala de visitas onde a senhorita Mackenzie esperava-me pacientemente, ela se virou para a porta assim que um pequeno sino tocou ao abri-la. Olhei para cima, e percebi que todas as portas tinham um daquele.

Que delicadeza colocar aquilo para que a irmã pudesse ouvir... e nem era a casa dela. Notei que todos os móveis daquele ambiente tinham as pontas arredondadas, e que tudo era bem afastado um do outro, dando-lhe espaço suficiente para andar.

Sol se levantou, então abriu um sorriso em minha direção.

— Sissi... — Veio andando em minha direção, desviando-se do sofá com uma precisão impressionante. — Só pode ser ela, é o cheiro dela — continuou a mulher.

— Sou eu sim — disse mais alegre do que planejei. Sol abriu um sorriso ainda mais plano, e assim que tocou meus ombros, abraçou-me.

— Fiquei tão preocupada quando soube da sua situação! Todos nós ficamos, inclusive meu irmão.

Esdras? Preocupado? Não conseguia ver isso, mas ao mesmo tempo, eu tinha de acreditar nela depois de tudo o que ele fez.

Esdras era um verdadeiro mistério.

Como se ele tivesse sentido que eu pensava nele, entrou na sala, fazendo meu coração dar pulinhos estranhos. Senti o perfume dele envolver-me tal como se me abraçasse também, e me perguntei como seria receber um abraço dele.

— Precisamos partir, senhorita Hopkins, então...

— Eu trouxe um presente para você — disse Sol, o interrompendo, então voltou a andar de volta para o sofá, de onde tirou uma caixa. — Um presente de casamento — disse corando.

Isso deixou-me nervosa.

Esdras pigarreou, então pareceu desconcertado. Peguei a caixa meio sem graça.

— Se ainda tem algo para fazer, aproveite, que a nossa viagem será longa, senhorita Hopkins...

Certo, eu tinha coisas a fazer, como beber água e urinar. Assenti e uma empregada logo se adiantou.

Não demorou muito para que eu estivesse pronta para aquela viagem, pronta entre aspas, eu não estava nada pronta para me casar com um homem que não conheço como gostaria, ainda assim, a sensação era bem diferente do que sentia quando pensava em me casar com Barreto.

Primeiro que o Lord Barreto não chegava nem aos pés de Esdras no quesito respeito de espaço, gentileza e importância. Segundo que Esdras, querendo ou não, era sem dúvidas muito mais bonito e interessante do aquele homem velho, imaginar-me abraçando-o e beijando-o não me deixava enojada.

O que, no mínimo, era intrigante. Por que eu não estou apaixonada por ele como estive por Liam, ainda assim, algo nele chama-me atenção, como sempre chamou.

Me despedi de Sol e Efraim com bastante animação, eles estavam tão felizes que parecia que eu tinha tirado uma sorte grande.

— Não ouse fazer nada enquanto estou longe — falou Esdras a Efraim.

— Ora, você me conhece, eu respeito a Sol mais do que qualquer coisa. — retrucou Efraim, levantando ambas as mãos, rendido.

Esdras semicerrou os olhos, então foi até a irmã.

— Eu volto em duas semanas — disse beijando sua testa com carinho. Não deixe que ele lhe faça coisas indevidas — disse.

— Vamos casar em 7 meses, Efraim pode muito bem esperar — disse ela, confiante.

Esdras analisou bem seu rosto, então ajeitou seu cabelo. Era bonito ver como ele cuidava dela. Aquilo me deixou ainda mais intrigada.

Ele parecia ser aquele homem cético, grosseiro e petulante, mas havia alguma coisa a mais ali, eu sei que havia. Não porque eu queria ver algo, como fazia com Liam, e sim porque Esdras não era superficial, ele não fazia questão de se exibir e isso fazia-me querer saber como ele era em outras situações.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora