CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

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2 dias depois decidi que iríamos conversar como dois adultos, estava chateada pela atitude dele já.

— Esdras? — Bati na porta do seu escritório, ele não respondeu, então a abri. Meu coração deu um pulo quando o vi, sentado na cadeira, olhando um documento, ele não parecia tão bem. — Esdras... — Entrei, estava disposta a arrumar aquilo, ao voltarmos ao que éramos antes.

— Estou ocupado — disse ele.

— Por que? — indaguei, olhando-o séria. — Você não está ocupado para me ouvir.

Ele olhou-me, friamente, sequer parecia o Esdras que eu conheci.

— Sissi, respeite meu espaço, eu deixei bem claro que nosso casamento seria baseado em respeito.

— Sim, mas você está diferente, o que aconteceu?

— Não aconteceu absolutamente nada — disse, voltando-se para seus papéis.

— Esdras... o que aconteceu?

— Eu já disse que nada.

— Então o que significa isso, esse tratamento, por que você está me tratando assim?!

Ele respirou fundo, impaciente.

— O que tem de errado com o jeito que estou te tratando? Nosso casamento é isso, não é? Um acordo e nada mais. Não vejo por que tratá-la diferente.

Fiquei parada, sem compreender.

— Você disse que não se importa, mas está agindo como se se importasse, e muito! — briguei, farta.

Esdras riu, para meu desgosto.

— Você quer que eu faça o que? Que eu minta e diga que gosto de você?

O que?

Fiquei sem palavras.

— Não, não era isso que eu quero, quero que seja verdadeiro — falei sentindo uma dor aguda no peito.

— Eu estou sendo verdadeiro agora, é tão difícil para você aceitar isso?

— E quanto aquele tratamento todo? O buquê?

— Isso é algo que eu poderia fazer com qualquer uma — disse ele, voltando para sua folha.

Qualquer uma.

Certo, a Sissi madura se foi. Droga.

— Qualquer uma? — indaguei com a voz mais estridente do que desejei.

O vi cerrar os lábios.

— Qualquer uma? — perguntei novamente, procurando em seu olhar qualquer coisa que fosse.

— Sim, Sissi, qualquer uma... Eis a grande verdade, você esperava o que? Que eu estivesse apaixonado por você? Que dissesse que eu te amo ou algo assim? Não seja boba, eu disse desde o início que isso nunca iria acontecer.

— Sim, eu esperava — falei sinceramente, o surpreendendo. Minha garganta parecia apertada, meus sentimentos à flor da pele. — Eu não sou tão sangue frio como você, jamais beijaria um homem, consciente, se não me sentisse minimamente apaixonada... e sabe? Parecia bem recíproco para mim...

Sorri de mim mesma. Eu era uma idiota.

De novo.

— Eu fui muito boba.

— O que, está arrependida? — o sorriso dele me deu ainda mais raiva, aquele sorriso torto como quem não quer dizer algo diretamente.

— Não, não estou. Minhas opções eram limitadas — As palavras saíam como ácido.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora