CAPÍTULO VINTE E SEIS

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- Confesso que estou com fome, e você? - perguntou Esdras assim que chegamos na pousada em que estávamos.

- Muita...

- Milord, Milady, sejam bem vindos novamente... - disse a mulher assim que passamos pela porta.

- Conway! - Um homem entrou logo atrás de nós. Não o conhecia, mas pelo visto Esdras sim, pois sorriu.

- É um prazer vê-lo, Andrey.

Ah...

Então o Andrey se aproximou, intimidador, depois olhou para mim com uma expressão cavalheiresca.

- Senhora Hopkins, estou certo?

- Mackenzie agora - corrigiu Esdras e eu senti uma pontada de alegria dominar-me.

Assenti. Ele sorriu, então voltou-se a Esdras, zangado.

- Você se casou primeiro que eu, seu maldito.

Esdras deu de ombros.

- Se importa se eu levá-lo emprestado algumas horas? - indagou Andrey.

- Não me importo - disse, sorrindo de como Esdras não parecia nada feliz com aquilo, mas ainda assim foi levado pelo amigo.

Homens...

- Vou acompanhá-la até seu quarto - disse a mulher, quando eles saíram e me deixaram sozinha ali.

Entrei no quarto e me sentei na poltrona, olhando o anel que papai me deu. Então aquela era a cor dos meus olhos? É bem bonita mesmo.

Sorri.

Bateram na porta e eu me levantei, faminta, hoje a cozinha estava com cheiro de ensopado de carne com batatas. E eu adoro ensopados! Já estava até com água na boca.

Levei a mão à maçaneta, então senti aquele cheiro. Aquele cheiro que eu conhecia muito bem.

Ar faltou nos meus pulmões e eu senti as pernas bambearem.

Era Robert Barreto, eu tenho certeza!

Dei dois passos para trás e estremeci quando ele bateu de novo na porta.

Olhei a janela. Estávamos no segundo andar, não teria como pular dali, ou teria?

As batidas ficaram ainda mais fortes. Andei até a janela e olhei a varanda do quarto vizinho, dava para passar. Sem pensar duas vezes, levantei a saia e comecei a passar entre as varandas, uma a uma. Até que ouvi tiros vindo do meu quarto e me encostei na porta de uma delas. Temendo que ele pudesse me ver.

Barreto não estava mais aqui para me levar, ele queria matar-me!

Com certeza ele deduziu que eu vim para cá, preciso dar um jeito de sair daqui!

Céus, Esdras, eu espero que você esteja bem!

Cheguei à última varanda e olhei, com cuidado, para trás, ele ainda não havia percebido que eu estava ali? Como se tivesse escutado meus pensamentos. Barreto saiu na varanda, então olhou para os dois lados, segurando uma pistola. Me mantive rente a porta, naquele espaço, ele não conseguia me ver.

Então o ouvi passar de uma varanda a outra. Tentei abrir a porta daquele quarto, mas ele estava fechado. E agora?!

Uma mulher gritou e ele parou.

- Sissi? - o ouvi falar com aquela sua voz doentia. Então atirou contra algo e a mulher gritou ainda mais alto.

Olhei para baixo, estava na esquina do prédio e era muito alto, então me inclinei sobre a proteção olhei para a lateral do prédio. Tinha uma escada onde, possivelmente, usavam para fazer a manutenção no andar de cima. Era minha única alternativa. Estiquei meu corpo o máximo que pude, e quando alcancei a lateral metálica daquela escada...

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora