CAPÍTULO DEZENOVE

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Acordei somente para almoçar, o lugar era relativamente mais bem cuidado que o anterior. Tinha mais nobres ou pessoas que pareciam ter um poder aquisitivo melhor, espero somente que a comida seja tão gostosa como a de ontem.

Sentamos em uma mesa próximo a janela e eu respirei o ar puro. Do lado de fora podia se ver um pasto vasto, quase sem nenhuma árvore. Era tudo tão limpo que eu podia ver as montanhas no horizonte, todas cobertas de um verde vivo que parecia encher-me os olhos.

— Irei ao balcão, um minuto — disse Esdras levantando-se.

Continuei olhando pela janela, admirando a paisagem e tendo certeza que eu adoraria andar naquele pasto, sentir a brisa nos cabelos, deitar-me na grama e olhar as estrelas.

Será que haveria de ter uma sensação melhor do que sentar no banco pintado de branco e olhar a copa da árvore? Eu acreditava que não, mas alguma coisa em mim gritava que sim.

E estava assim, esperançosa, quando vi um homem passar do lado de fora, sério, andar firme. No começo não dei importância, até quando meu cérebro o reconheceu. Levantar da cadeira foi inevitável. Meu coração disparou em desespero.

Não... Não!

Olhei em volta em busca de Esdras, mas não via em lugar algum.

Como Robert Barreto me achou ali? Como?! E se ele entrasse ali e desse de cara com Esdras, certamente saberia que eu estava com ele! Precisávamos sair dali o mais rápido possível.

Pensei nisso, mas meu corpo não reagia, simplesmente eu não consegui sair do lugar. Minhas pernas não respondiam aos comandos da minha mente e tudo o que eu conseguia fazer era suar frio e sentir uma ânsia quase incontrolável.

Até que vi Esdras passar por uma porta, a parte de tudo o que estava acontecendo. Do outro lado, Barreto passava pela entrada, os sinos tocavam e uma mulher se apressava para lhe dar as boas vindas.

Eu tinha que agir se não quisesse uma tragédia!

Se eu não fizer nada...

Não, isso não resolve nada!

Calma, Sissi, você consegue.

Respirei fundo e dei mais um passo. E depois outro, quando vi, já andava rapidamente em direção a Esdras que olhou-me confuso.

— O que...

O empurrei pela porta aberta, antes que ele falasse qualquer coisa com aquela sua voz grave. E quando fomos engolidos pela escuridão daquele corredor mal iluminado, parei.

— O que houve? — perguntou ele, segurando minhas mãos, as quais eu ainda mantinha espalmadas sobre seu peito.

— Barreto está aqui — expliquei.

Não sei se ele xingou alto ou se eu somente consegui ler seus pensamentos pela sua expressão, mas Esdras olhou para trás de mim. Pensou um pouco e disse.

— Não tem como ele saber que você desapareceu, não ainda.

— Eu não quero ficar aqui, se ele me achar, ele vai me levar.

— Como se eu fosse permitir isso...

— Mas ele pode te prejudicar também, ele é poderoso...

— Ah, Sissi... eu não sou um covarde, não vou fugir — falou olhando nos meus olhos, confiante.

Pisquei. Era impossível tirar alguma coisa daquele olhar, mas, eu sentia que podia confiar nele. Quase como se fosse natural, certo, devido.

Assenti.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora