CAPÍTULO VINTE E DOIS

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A melhor parte, definitivamente, era quando eu podia tirar aquela peruca.

- Acho que, a partir de amanhã, você não precisará usar isso. Estamos praticamente em São Victório.

Assenti, aliviada.

- É bem desconfortável - disse.

- Posso imaginar - respondeu ele, sentando-se na cama.

Jantamos uma deliciosa sopa, tivemos um pequeno embate sobre sopa não ser considerado jantar, eu achava que sopa era um jantar digno, mas Esdras pareceu abismado com a minha ideia e enfiou dois pães no seu prato. Homens e suas peculiaridades...

Nos recolhemos mais cedo, visto que nem eu, nem ele suportamos ficar naquela carruagem. Tomei meu banho, aproveitei para lavar minha camisola de ontem - assim teria tempo para secar - e fui remexer minha mala em busca de outra roupa para dormir, mas me impressionei com o fato de que não tinha mais nenhuma, a não ser que ganhei de Sol. Onde estavam minhas camisolas? Ah, lembrei-me que as deixei. Fiquei parada no mesmo lugar por uns segundos, então olhei a camisola de ontem estendida no cabideiro. Molhada. Droga.

- Eu mereço...- resmunguei.

- Algum problema? - perguntou Esdras.

Dei um pulo no mesmo lugar.

- Não... Nenhum - Senti minha voz tremer em um sorriso nervoso. Certo, Sissi, não há problema nenhum com a camisola nova, certo? Assenti para mim mesma, então a peguei antes que minha demora se tornasse estranha. Vesti a peça com certa facilidade, pelo ou menos o vestido era mais comprido do que qualquer outro que tive, até arrastava no chão, mas era fino demais e eu me sentia exposta. Isso não era transparente, ou era?

Agarrei o tecido próximo ao meus seios e tentei ver se enxergava algo além dele, mas não vi nada.

- Tudo bem ai? - perguntou ele.

Meu coração disparou e eu me senti nervosa.

- Claro, estou apenas... penteando meus cabelos...

- Hmmm

Respire fundo, solte, respire...solte... pronto...

- Pronto, sua vez de se arrumar. - Sai detrás daquela cortina, enxugando meus cabelos e parecendo segura demais até para mim.

Esdras estava sentado na cadeira, com seu óculos, lendo aquele livro.

- Já estou indo - disse sem me olhar. Graças a deus.

- Sobre o que fala? - perguntei, tentando parecer tranquila e descontraída.

- O que?

- O livro.

Ele olhou-me, mas foi só isso, porque não disse nada por longos 5 segundos.

- E então? - perguntei me sentindo exasperada. Céus, não me olhe! Foque no livro!

Esdras voltou a fitar o livro. Ufa!

- Onde está a sua outra roupa? - perguntou, para meu desespero.

- Bom, eu...eu a lavei, visto que a sujei ontem na hora do jantar... e ... qual o problema? - perguntei tentando parecer desentendida, mas estava óbvio demais que eu sabia exatamente qual era o problema!

Ele coçou a nuca.

- Você não acreditaria em mim - disse ele e isso me intrigou. O que seria?

- Ora, desembuche.

Um segundo depois, ele respondeu:

- Está atraente - disse. - Mais do que o normal.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora