CAPÍTULO DEZOITO

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Acordei com o sol batendo no meu rosto, foi aí que percebi que a cortina tinha um buraco. Olhei em volta à procura de Esdras e não o achei nem na cama, nem na cadeira. Dei um pulo para fora, mas acabei pisando em algo estranho. Gritei, ele gritou e eu voltei para cima da cama olhando o homem encolhido no chão resmungando algo em uma língua desconhecida.

— Você... por que você está no chão?! — Me defendi... — Desculpa, machucou?!

— De todos os lugares... — ele grunhiu e eu levei a mão à boca me sentindo culpada.

— Se você tivesse deitado na cama, isso não teria acontecido!

Esdras se sentou, vermelho. Só não sei se era de raiva ou de dor.

— Se eu tivesse deitado na cama... — ele mordeu os lábios, contendo-se, então se levantou com uma careta. — Vamos... que belo despertador.

Me arrumei com rapidez, então voltamos para a carruagem e seguimos viagem a São Victório. Segundo o cocheiro, mais 4 dias e estaremos lá.

4 dias... Parece pouco.

Mas é muito tempo.

Olhei o homem emburrado na minha frente, fitando a janela como uma criança que acabou de perder um doce.

— Desculpe por hoje de manhã — disse.

Esdras me olhou de soslaio, então respirou fundo.

— Espero que tenha sido sem querer.

— Eu jamais pisaria nas suas partes íntimas assim... o senhor não me fez nada...

— Bom saber que haveria motivos para tal ato insano.

Sorri.

— Confesso que já senti vontade de chutá-las — disse e ele me olhou, perplexo. — O senhor é muito irritante, às vezes — expliquei.

— Acho que é a senhorita que perde a cabeça com muita facilidade.

— Ora, isso não é verdade.

— Ora, é sim.

— Eu sou muito tranquila.

— Comigo nunca me pareceu.

— Não sei que imagem tens de mim.

— Bom... por onde eu começo...

O tom dele estava me tirando do sério. Tudo isso por que eu pisei nas partes sensíveis dele hoje de manhã? Cruzei os braços, esperando o que ele tinha a dizer.

— Viu? Já está ficando irritada.

— Estou esperando a sua definição da minha pessoa.

— insegura, ingênua, emocionada, acho que essas três palavras lhe resumem muito bem.

Bufei.

— Você é arrogante, irritante e ...

Nada vinha à minha mente.

Talvez lindo, atraente e céus, másculo!

Não, isso não serve, eu estava insultando-o.

— E? — perguntou ele, com um sorriso irritante nos lábios. Senti um incômodo vindo do interior do meu baixo ventre, e aquilo me deixava desconfortável.

— Convencido — disse, foi a primeira coisa que veio à minha mente.

Aquilo não pareceu ofendê-lo. Droga.

Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, me remexi no banco pensando em qualquer assunto, então lembrei-me do que o senhor Barreto falou.

Pigarreei, fazendo-o me olhar. Aquela era uma boa questão.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora