CAPÍTULO VINTE E CINCO

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Virei-me de costas para a cama, olhando-o. Vi ele passear os olhos por mim lentamente como se eu fosse uma obra de arte que ele gostava muito, e eu não me importei por isso, aquilo fez minha pele eriçar como se ele tivesse realmente tocando-me.

Ele segurava-se na cama, tal como estivesse se controlando, mas por quê?

Esdras fechou os olhos e respirou fundo lentamente.

- Você está bem? - perguntei.

Por que ele não me beija logo?

Mas era isso que eu queria perguntar.

Queria saber se o coração batia tão forte quanto o meu, mas não tive coragem.

- Vamos dormir - disse, mas ele não se deitou, apenas virou-se de costas para mim, sentado na cama.

- Não vai deitar? - perguntei.

- Acho que comi demais, estou apenas aguardando um pouco.

- Bom... então boa noite.

- Boa noite - respondeu ele.

Observei suas costas, eram largas, bonitas, fortes e pareciam chamar-me. Mas o que aconteceria se eu o tocasse? Não sei se ele gostaria.

Controle-se Sissi...

Me encolhi e fechei os olhos com força. E mesmo que o sono não estivesse presente, me forcei a tal, forcei a ficar assim enquanto o ouvia se deitar ao meu lado. Sabe-se lá que horas.

Esdras ajeitou meu lençol, cobrindo-me até meu pescoço, então deu um longo suspiro e virou-se na cama, ficando de costas, penso eu.

E eu, sequer lembro a hora em que dormi, de fato.

***

Quando acordei, ele não estava mais na cama. E pelo visto, já tinha se trocado.

- Bom dia, Sissi! - a porta se abriu e a senhora entrou. - Espero que tenha dormido bem.

- Dormi muito bem, obrigada...

Olhei por cima do ombro que o tempo estava bem limpo, nem parecia que tinha chovido a noite inteira.

- As suas roupas secaram, deixar a noite na área da lareira sempre dá certo, diga de ouro!

Assenti, agradecendo por isso. O vestido estava um pouco sujo, mas era melhor do que nada. Hoje seria o dia do meu casamento e lembrar disso me trouxe uma outra onda de nervosismo.

Graças a eles, conseguimos uma carruagem que nos levasse até a catedral. Chegamos lá por volta do meio dia para encontrar Tomás e marcar o horário da cerimônia, então fomos atrás de roupas decentes para o evento e uma pousada para a arrumação.

Enquanto me arrumava, Esdras observou-me o tempo todo, calado. Eu confesso que no começo me senti um pouco envergonhada, mas, com o tempo, aquilo foi me dando um prazer incomum. Era interessante ver como o olhar dele mudava conforme os movimentos que fazia, e como ele desviava toda vez que o pegava no flagra pelo reflexo do espelho. Meu vestido era uma simples peça branca que foi improvisada às pressas para meu corpo. Não era um vestido de casamento, mas podíamos imaginar que sim. Não usei um véu, não era devido, visto à natureza do nosso casamento e o lugar, mas optei por uma tiara branca e singela, um achado em um pequeno penhor daquela cidade.

Esdras não me apressou, ao invés disso, aguardou-me tranquilamente, e quando fiquei pronta, virei-me para ele.

- Como estou? - perguntei.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora