CAPÍTULO VINTE E UM

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- O que está pensando? - perguntou ele, a voz sonolenta, os olhos pesados e com a guarda completamente baixa.

Senti aquilo no baixo ventre de novo, quase como se um músculo meu, até então desconhecido, latejasse.

Isso não é normal, só posso estar doente.

Mas de alguma forma, tinha haver com esse homem bem na minha frente. Eu não estou gostando dele, estou?

Bom, ele é adorável, às vezes, mas eu não posso simplesmente gostar dele!

Não deu tempo para isso. Respirei fundo o analisando, sentindo vontade de tocar seu rosto e a barba por fazer, ele parecia quente, aconchegante e convidativo. Então é isso que é sentir atração?

Pensei que atração era só querer ficar perto, mas não vejo outra palavra que explique o que eu estou sentindo. Eu não quero, necessariamente, ficar o tempo todo perto dele, mas é como se meu corpo tivesse pedindo por isso.

- Me desculpe por mais cedo - disse ele, quase caindo no sono.

Pisquei.

Esdras era mesmo interessante, engraçado que, quanto mais tempo passava com ele, mais interessante ficava. Esdras tem me mostrado muitas faces que eu sequer podia imaginar... ele parecia bem durão, sério demais, objetivo demais, mas também, olhando-o agora, também era fofo.

Então ele deu um suspiro longo e fechou os olhos, dormindo bem na minha frente. E eu o olhei com cuidado, ele tinha um sinal bem abaixo da sobrancelha esquerda, e relaxado como estava, parecia ser muito tranquilo. Nem precisei chegar mais perto para saber que sua presença exalava um calor aconchegante.

O abraço dele deve ser bom.

O beijo dele é bom.

Uh! Pare de pensar nisso!

Me virei para o outro lado rapidamente, antes que começasse a fantasiar coisas demais e me forcei a dormir.

***

Hm...Quentinho...

Espera.

Abri os olhos em um rompante e percebi que estava presa. Presa com um braço ao redor do meu corpo. Corpo esse que estava grudado com outro corpo quente, agora eu estava com calor.

Ele estava me abraçando.

Certo. Sem pânico. Se eu sair com cuidado, pouparei uma sucessão de ações constrangedoras.

Esdras se mexeu e eu travei, fechando os olhos como se isso fosse impedi-lo de acordar. Mas ele apenas se aninhou ao meu pescoço, respirando próximo a ele, fazendo-me arrepiar e pulsar.

Mordi o lábio inferior. Eu teria que me acostumar com isso? Quer dizer... Não é ruim. Não sinto nenhuma espécie de aversão, pelo contrário, é bom...

Ah, não quero pensar nisso agora. Eu só preciso... sair daqui. Sair!

Tomei coragem e comecei, aos poucos, a me desvencilhar dele. Não foi uma tarefa nada fácil, afinal ele estava bem rente a mim e não queria sair do conforto, mas, enfim, consegui. Fiquei de joelhos na cama, olhando-o.

Muito bem, Sissi, ponto para você.

- Esdras... o sol já nasceu - o chamei.

Ele murmurou alguma coisa, então se virou para o outro lado. Me aproximei dele, cutucando-o, e nada. O homem tinha um sono pesado assim mesmo ou ele estava doente? Levei minha mão a sua testa.

Não, estava com temperatura normal.

- Esdras... acorda - disse, e nada.

Cruzei os braços.

UMA DAMA E QUATRO CAVALHEIROS Onde histórias criam vida. Descubra agora