Capítulo- 23

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Sentada no meu escritório, escuto Ted reclamar da foda da noite anterior. Meu único amigo nesse lugar, ele não faz ideia que essa é uma empresa de fachada, só sabe que está sendo pago– E bem pago– Então faz o que mandam fazer sem reclamações.

— Você tem noção que o cara chorou por achar que a namorada dele me chupou com mais vontade do que quando foi a vez dele?

— Acredito! Eu acredito na monogamia extrema, Ted. E para ele chorar, não queria estar ali tanto quanto ela e bom, se ela sentiu tanto tesão em chupar um pau que não era do namorado, quer dizer que o relacionamento não anda muito bom. Ele não chorou pelo que viu, mas pelo que ele finalmente entendeu na hora.

Ted é um homem lindo, um colírio para os olhos de qualquer mulher ou homem e isso é inegável. Seus ombros eram largos e seu corpo magro, mas definido, Ted tinha a pele bem escura e brilhante, seus olhos castanhos quase que pretos e arredondados. E o melhor de tudo, meu amigo era extremamente confiante, o que atraía olhares em qualquer lugar em que ele botasse os pés.

— Eu fui usado então? Usado para que a garota finalmente terminasse o relacionamento

— Sim— Sorri em resposta a sua indignação, mas meus pensamentos estavam longe.

— O que foi? Você está distante demais— Eu sou completamente transparente as vezes e isso é uma fraqueza

Não posso dizer que não estou preocupada com meu pai, porque eu estou. Lembro-me das noites depois de tudo aquilo, que ele esvaziou a casa para que ninguém corresse perigo comigo surtando. Só ele estava lá, me permitindo caçá-lo e tentar mata-lo sem nem saber a quem eu estava atacando.

Anos antes...

Acordo com medo e dou um salto da cama, eu não posso dormir, não posso ficar desligada um segundo. Não irei permitir que me toquem, matarei a todos eles com minhas próprias mãos e dentes. Minhas mãos tremiam pela ansiedade. Olhei o relógio e marcavam três da madrugada, o horário da troca de guardas.

Abro a porta com calma e vou caminhando pela ponta dos pés, o corredor está vazio. Estranho o silêncio completo, mas logo vejo um homem forte e mais velho sorrindo para mim, me chamando para pega-lo. Ele tinha facas em mãos, mas Deus sabe que eu não preciso de arma alguma para matar.

Abaixei e estiquei uma perna, calculando a distância e a velocidade que precisava para pegar o homem desprevenido, me preparando mentalmente para correr como um animal faminto atrás da sua presa. O homem continuava parado a minha frente, mas agora seu sorriso havia morrido, dando lugar ao meu. Sorrindo como uma figura demoníaca para seu rosto assustado.

— Corra!— Sussurei e o homem fez, correndo pela casa para se esconder em um lugar seguro

Eu não pararia agora, eu o estraçalharia em pedaços e arrancaria sua língua com os dentes

— Eu vou te achar, Leoncio— Ri ao ver a sombra da figura masculina no banheiro do segundo andar

Adentrei o banheiro e logo vi que cai em uma nova armadilha, o homem me imobilizou pelo pescoço. Lutando para me fazer ficar parada e conseguir me apagar, ele só se esqueceu eu eu era uma fera

Uma fera sedenta por sangue

Alcancei a faca em seu cinto e a acertei em sua costela com força, em questão de segundos o homem perdeu a força e me soltou sem fôlego. Gargalhei em resposta e o acertei mais uma vez, e outra e outra e outra. Até sua camisa branca se tornar vermelha.

— Tudo bem, eu perdôo você minha pequena. Os monstros se foram, meu amor!— Como se uma chave tivesse sido virada em meu cérebro, o mundo a minha volta mudou completamente.— O papai está aqui agora.

Rose Dans Le CrâneOnde histórias criam vida. Descubra agora