Capítulo- 35

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Antes dos primeiros rastros do amanhecer, levantei-me da cama deixando meu furacão para trás. Sabia que no momento em que colocasse meus pés para fora daquele quarto, Lorenzo viria ao meu encontro.

Coloquei meus sapatos com cuidado para não acordar Alyson, e comecei a caminhada pelo corredor vazio e escuro da casa silenciosa.

E quando finalmente cheguei ao último degrau, pude enfim ver o herdeiro da roses e a áurea furiosa flutuava ao seu redor. O homem estava sentado em uma poltrona espaçosa com um copo de bebida na mão; ao qual julgo ser whisky puro. Costumava ser sua bebida favorita quando éramos adolescentes, já que o garoto queria ser igual ao pai, fez a bebida de gosto amargo se tornar sua preferida apenas para que pudesse impressioná-lo de alguma forma.

— Você me ameaça, fode minha irmã e ainda tem a coragem de entrar na minha casa?— Sua pergunta não precisava de resposta alguma, mas respondi mesmo assim.

— Estamos brincando de duas verdades e uma mentira?— Não fodi com Alyson, e se tivesse feito, não a deixaria voltar para casa nem por um karalho.

Ouvi sua risada baixa e não evitei fazer o mesmo, eu sabia que o resto da noite seria bem longo e que aquilo era apenas o começo de tudo.

— Eu vou matar você, Hacker.— Caminhei até à bancada onde um copo vazio e a garrafa da bebida alcoólica me esperavam, assim como ele.— Por que você teve que complicar tudo, porra?
Era só ficar longe dela.

— Me matar seria bem mais fácil do que me pedir para fazer isso, Lorenzo.

— Sei que a ama, mas se seu sentimento é tão intenso quanto diz, você precisa...— Interrompi suas palavras antes que pudesse terminar de falar aquelas merdas todas.

— Para de falar isso, porra! Eu já não a deixei ir a dez anos atrás? Na verdade, vocês não me obrigaram a me afastar dela? A fingir que morri quando ela começou a se lembrar de quem eu era? Você não tem a merda do direito de tentar me dizer o que fazer agora, Lorenzo.

Viro o conteúdo amargo todo de uma vez enquanto sinto a garganta arder, aquela merda de conversa trazia os piores demônios a mesa. E em meio a um ataque de fúria,me vi lançando o copo em sua direção, mas sem a pretenção de machuca-lo. Lorenzo olhou para baixo e viu todo o vidro que se estilhaçou aos seus pés, eu imaginava que ele puxaria sua arma para tentar fazer algo, afinal, invadi sua casa e quebrei algo aos pés do grande herdeiro.

— Sua presença estava matando o resto da mulher que ainda vivia naquele corpo. Você a ama e isso não posso contestar, mas esse amor não vale por cinco.— Meu coração se apertou com a declaração. Saber que eu estava envenenando a mente da minha piccola, aquilo poderia me destruir, e ele sabia disso.

Todo o meu corpo estava tenso enquanto pensava no que responder para aquele que um dia foi um irmão para mim. O vi levantar e caminhar por cima dos estilhaços para poder vir na minha direção.

— Eu deveria ter estado com você, irmão.— Sua mão tocou meu ombro, e por alguns segundos eu esqueci dos dez anos de tentativas falhas de voltar para a família que me rejeitou como se eu não fosse merda alguma.— Não deveria ter te abandonado quando tudo aconteceu.

Mas ele não estava, Lorenzo não esteve comigo quando toda a merda aconteceu. Quando os guardas de seu pai me espancaram até quase perder a consciência; quando me davam os resto do jantar da casa principal e eu tinha que brigar com os cachorros, mesmo estando com os ossos quebrados e quase sem força alguma, apenas para que pudesse comer ao menos os grãos de arroz das sobras. Lorenzo não estava comigo quando eu comecei a me curar e ouvi os guardas falando que a princesa havia retornado, tentei fugir daquele lugar para vê-la e soltaram os cachorros famintos após duas semanas sem alimento, tudo para que pudessem me caçar e tentar me comer vivo. Porque no final de tudo, ela não tinha sido encontrada ainda e estavam apenas brincando com a minha mente.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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Rose Dans Le CrâneOnde histórias criam vida. Descubra agora