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A ida até o estabelecimento levou mais ou menos uns quarenta minutos.
O Jack Will não costuma a andar correndo, mas também não é lento. Ou pelo menos comigo, ele é cauteloso.
Quando chegamos no estabelecimento, nos apresentamos como os responsáveis por pegar a encomenda do Louis. Eles não fizeram nenhuma cerimônia para confiar em nossa palavra, talvez por estarmos fantasiados, ou pelo fato da garota ter ficado desconcertada com a presença do Jack Will.
Ele ainda piscou para a menina, o que deixou a mesma sem jeito. Eu revirei os olhos com a situação egocêntrica e o Jack Will ainda riu da minha cara.
Desprezível!
Quando finalmente colocamos todas as caixas no carro, eu me aconcheguei no carro e coloquei o cinto. Antes de entrar, Jack Will se despediu da garota e de um rapaz que também nos ajudou.
Quando a porta do mesmo se fechou, ele colocou o cinto e me encarou com um sorriso malicioso. O que só me estressou mais ainda, porém me esforcei para ignora-lo.
— O que foi? — Jack Will me perguntou atraindo a minha atenção.
— Nada. — respondi sem encara-lo.
— Não precisa ficar com ciúmes. — ele disse enquanto sorria maliciosamente. — você sabe que é a minha prioridade. — o mesmo continuou piscando para mim.
Impossível!
Eu o encarei como se ele tivesse violado os diretos humanos.
— Eu com ciúmes de você? — perguntei com deboche e rir.
Jack Will não se abalou, tampouco o seu sorriso presunçoso. Era como se ele não estivesse acreditado em mim.
E então, logo ele deu a partida no carro para voltarmos à festa.
Já eram dez e cinco da noite, e pelas minhas contas, deveríamos chegar lá às dez e quarenta e cinco. Se o Jack Will não inventasse em se atrasar o nosso percurso.
— Você está calada a viagem inteira. Aconteceu alguma coisa? — ele me perguntou sem tirar os olhos da pista.
— Não. Eu só quero chegar na festa do Louis logo, o pessoal devem estar preocupados com nós. — respondi voltando a encarar a pista pelo pára-brisa.
Ele me olhou de relance, como se quisesse enxergar em meu semblante algo além do que a minha rasa resposta pode oferecer. Mas não possuía nada além do meu nervoso que eu tentava mascarar, e o motivo do meu nervosismo tinha nome e sobrenome, que era o Jackson Williams.
Eu não demonstrei nenhum sentimento sequer, até evitei encarar o Jack Will nos olhos. E acho que por isso, ele desistiu de procurar alguma coisa em mim.
Jack Will apenas voltou o seu olhar atento para a pista e riu.
Sei que eu não deveria perguntar nada, afinal, era isso que o Jack Will queria. Mas a minha curiosidade falou mais alto que eu mesma.
— O que foi? — perguntei sem paciência por eu ter cedido o que o garoto queria.
Ele me encarou brevemente, ainda mantendo um sorriso.
— Você ficou com ciúmes e não quer admitir. — ele respondeu.
— O quê?! — perguntei como se fosse algo absurdo, o que só fez ele sorrir mais.
— Tudo bem, Clark. — Jack Will disse sem me encarar. — é normal se sentir assim quando gostamos de alguém. Não seja dura consigo mesma. — ele continuou.
Não é possível que esse garoto me estresse tanto!
Eu segurei a minha vontade de agredi-lo fisicamente e apenas abrir um sorriso debochado. Afinal, tudo o que ele quer é me ver sair do sério. E eu não vou dar esse gostinho a ele.
— Engraçado, você fala como se tivesse autoridade alguma sobre esse sentimento. — falei. — ou o termo certo seria, "familiaridade". — continuei com um tom debochado.
O Jack Will não se abalou e me encarou com um sorriso malicioso no rosto.
— Talvez eu tenha. — ele disse voltando a olhar a pista. — se interessa em saber quem me causa? — o mesmo continuou me encarando ainda com um sorriso no rosto para tentar me abalar, mas falhou.
Eu rir.
— E alguém é capaz de te proporcionar esse sentimento? — perguntei com deboche. — achei que o Jack Will fosse quem despertasse isso nas pessoas. — continuei.
— Você ainda tem um pensamento errado sobre mim, Laycey. — ele disse tranquilo e a menção repentina do meu apelido me pegou de surpresa e certamente ele percebeu. — eu tenho um coração, poxa! — o mesmo brincou mas eu não rir.
Um silêncio se iniciou, e eu não sabia o que falar.
Pelo menos, não algo que não me fizesse me sentir uma idiota.
Fiquei calada, mas mentalizei para que o Jack Will puxasse algum assunto.
— Aquele seu amigo me detesta, não é? — Jack Will me perguntou mudando de assunto, atraindo a minha atenção.
Eu sorrir ao lembrar do meu amigo que provavelmente está doente de preocupação comigo.
— Não. Eu não acho que o Holden te deteste. — respondi e o Jack Will me encarou com os olhos arregalados.
— Não me detesta?! — ele disparou. — mas também não é do tipo que goste de mim. Eu tenho certeza. — Jack Will continuou me fazendo rir.
— Ele não te detesta. Ele te odeia mesmo. — brinquei, mas é um fato.
O Jack Will abriu um sorriso amargo.
— Posso saber o porquê? — Jack Will perguntou e eu respirei fundo.
Eu pensei em mentir para o Jack Will a respeito do motivo sobre o qual o Holden deteste o mesmo, mas eu poderia usar para saber qual a intenção do garoto que dirige o carro ao meu lado nesse momento.
— Ele te detesta porque não confia nada em você. — respondi observando a reação do mesmo. — ele acha que você é do tipo de cara que engana e usa uma garota. — continuei temerosa enquanto assistia atentamente a expressão do garoto.
O sorriso do Jack Will não existia mais nesse momento. O que restava nele, era apenas um maxilar cerrado. Mas não de raiva, e sim, de decepção ou tristeza.
— Mas e você, Layce? — ele perguntou me encarando brevemente. — você acha que eu sou esse tipo de cara? — o mesmo me perguntou.
Eu abaixei o meu olhar por alguns poucos segundos.
Uma parte de mim acreditava que o Jack Will não é esse tipo de garoto, mas outra parte... ainda sentia medo.
O meu silêncio mesmo sendo breve, acredito que foi o suficiente para que o garoto entendesse os meus pensamentos.
— Não precisa responder. — ele disse atraindo a minha atenção. E eu podia sentir tristeza em seu tom de voz.
— Eu sei que você não é esse tipo de garoto. — falei e ele me encarou surpreso. — mas ainda fico com um pé atrás. — continuei.
— Por que? — Jack Will me perguntou sério.
— Você é o garoto mais popular da escola, anda com os caras e as garotas mais ricos e populares. — respondi. — sem contar que você é um conquistador barato e que todas as meninas que babam por você, você flerta. — continuei indignada e por incrível que pareça, o Jack Will sorriu com sinceridade.
— Bom, sobre a minha galera... dê um desconto, vai. Nossa família são bem próximas e crescemos juntos praticamente. — ele falou. — e as meninas... elas quem vivem atrás de nós. Acha que somos delas. — o mesmo explicou.
— É... disso eu sei bem. — murmurei para mim ao me lembrar das ameaças da Margot, mas saiu mais alto do que eu pretendia.
— Como assim? — Jack Will me perguntou confuso.
— Nada não. Continue. — respondi e ele me encarou confuso, mas logo prosseguiu:
— E sobre flertar com as garotas, eu faço isso na brincadeira. — Jack Will falou.
— Ah tá! — disparei com deboche. — então quer dizer que você beija elas na brincadeira também? — perguntei irônica enquanto esperava uma explosão do Jack Will, mas recebi gargalhadas.
— Você está com ciúmes, Clark. — ele falou com um sorriso malicioso e eu apenas revirei os olhos.
— Isso de novo, Jack? — perguntei irritada.
— Eu só faço isso para te estressar. — ele disse ainda sorrindo. — como eu fiz com a moça da loja de salgados e doces. — Jack Will continuou.
Não segurei o ímpeto de dar um tapa no braço do Jack Will. Ele nem se mexeu, muito pelo contrário, apenas deu risada de mim e do meu tapa aparentemente fraco.
Quando eu olhei para a janela para saber onde estávamos, me surpreendi ao saber que já havíamos chegado no boliche. E estava mais cheio do que quando saímos, o que dificultou o Jack Will a encontrar uma vaga livre.
Mas depois de procurarmos bem, encontramos uma em um lugar mais afastado e escuro. Ele não pensou duas vezes e estacionou o carro.
— Então, chegamos. — Jack Will disse desligando o carro e tirando o cinto.
— Chegamos. — falei também tirando o meu cinto.
— Foi o favor mais divertido que eu já fiz na minha vida. — ele falou me encarando.
— E o único de graça, aposto. — brinquei e ele riu.
— Você é incrível demais. — ele disse ainda rindo. — na verdade, eu não sou do tipo que faz favores. Independentemente de ser pago ou não. — Jack Will continuou.
— Eu imaginei. — falei enquanto pegava o meu celular para ver as horas.
Eram exatamente dez horas e quarenta e quatro minutos. Fiz as contas certas.
— Enfim... vamos? — perguntei. — aposto que todo mundo está preocupado com a gente. — continuei.
— Você aposta demais. — ele brincou. — mas eu aposto que eles estão ocupados demais para isso. — Jack Will disse e então eu sorrir em forma de desafio para o mesmo.
— Jura? — perguntei. — nem mesmo o Holden ou o Louis? — insistir e ele revirou os olhos, mas sorriu por fim.
— Você tem razão. — Jack Will falou.
— Eu sempre tenho. — brinquei e ele sorriu.
Um breve silêncio se iniciou enquanto nem eu e tampouco o Jack Will, sabíamos o que fazer, ou dizer.
— É por isso que eu quis que você viesse comigo. — ele disse encarando o pára-brisa, quebrando o silêncio entre nós.
— Para eu te fazer rir? — perguntei e ele me encarou com um sorriso.
— Com certeza, por isso também. — ele respondeu. — mas eu te trouxe porque queria passar um tempo sozinho com você. — Jack Will explicou enquanto me encarava fixamente.
Eu gelei e fiz de tudo para não parecer tão surpresa quanto eu realmente estava, mas foi difícil já que o nervosismo tomou conta de mim.
— M-mas porque você queria passar um tempo sozinho comigo? — perguntei gaguejando, infelizmente eu não pude evitar.
— Porque eu gosto de você, Layce. — ele respondeu tranquilamente. — você é a garota mais simples, simpática e genuína que eu já conheci. — o mesmo continuou.
Eu estava incrédula.
A Lyn não iria acreditar nisso! Pensei.
O Jack Will estava se declarando para mim mesmo?!
Eu estava surtando internamente, mas me esforcei para não demonstrar.
— Eu realmente me sinto lisonjeada porque a quantidade de garotas que você conheceu, não é brincadeira. — brinquei e o Jack Will sorriu.
— Não, é sério. — ele disse sério, me encarando. — você é a garota mais incrível que eu conheço. Sem contar que é extremamente gata. — Jack Will me olhou de cima a baixo. — ainda mais hoje. — o mesmo concluiu.
Eu não vi, mas pela sensação de queimor nas minhas bochechas, tive a certeza que estava corada.
Eu estava tão nervosa que não pensei bem antes de falar alguma coisa.
— E v-você está muito lindo com essa roupa. — falei sem jeito, quase tropeçando nas palavras. — não sabia que você malhava. — continuei nervosa sem pensar, apenas disparei para puxar algum assunto.
Ele abriu um sorriso contente para mim.
— Sim, eu malho. — ele disse. — e eu não sabia que você tinha prestado atenção. — Jack Will continuou e naquele momento ele havia terminado de me matar.
Eu estava com os olhos arregalados de surpresa e vergonha. Na verdade, quase pedindo desculpas pelo ocorrido, mesmo eu não tendo culpa de nada.
Jack Will me viu toda travada de vergonha e pegou em minha mão com um sorriso tranquilo e contente.
— E por isso também, que eu gosto tanto de você. — ele disse se aproximando lentamente de mim.
Embora eu estivesse muito nervosa, eu não hesitei e tampouco me esquivei quando o Jack Will selou os nossos lábios com um beijo. Tudo o que eu fiz foi seguir os comandos dele.
Jack Will colocou as mãos na minha cintura e me puxou para mais perto dele, mas não ficamos completamente colados por conta do local da marcha do carro, então ele me apertou delicadamente.
Eu mantive as minhas mãos alternadas na nuca e nos cabelos dele, controlando o ímpeto sedento de descer lentamente pelas costas e finalmente tocar no abdômen definido do mesmo.
Posso parecer doida, mas sinto que no fundo ele sabia que eu queria explorar o corpo dele, porque ele fez umas pequenas pausas entre nosso beijo para sorrir, me provocando.
Ele sabe como me decifrar e então me desconcerta inteira.
Jack Will é o meu vício, e a minha perdição.

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