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A semana de provas finais foi dura.
Eu particularmente, não fazia mais nada que não fosse estudar e revisar matéria. Sem contar que eu precisava focar e me manter descansada para me concentrar nas provas e nos estudos, então eu dormia logo cedo.
Nas tardes livres, eu via com frequência o meu melhor amigo Holden. Nós estudávamos juntos quando estávamos em casa nas tardes, mas os meus demais amigos, eu apenas via na escola.
Estava até com saudade de estar com eles em outro momento que não fosse no refeitório revisando matérias minutos antes das provas. Por sorte, a semana mais árdua do colégio Cyrus Rivera se encerou hoje com uma prova de matemática e filosofia. E como eu estava bem na média, não fiquei de recuperação em nenhuma.
Meus amigos também estavam bem e se livraram da recuperação, com exceção da Lisa que ficou devendo apenas um ponto em história.
Ela ficou estressada quando soube, como particularmente eu também ficaria se algum professor me deixasse na recuperação por conta de um ponto. Mas rapidamente ela acertou com a professora um dia na semana que vem para que ela entregasse uma pesquisa básica sobre o nosso assunto. Claro, não melhorou o humor da Lisa, mas facilitou as coisas.
As coisas com o Jack Will estavam até que tranquila, embora eu não estivesse conversando bastante com o mesmo devido a semana de provas. Eu o vi na escola, mas não parava para conversar muito.
Para duas pessoas que haviam se declarado recentemente, nós estávamos agindo como dois estranhos.
As nossas conversas eram virtuais ou ligações, como um típico relacionamento a distância. Mas tivemos que agir dentro das rédeas para não desfocar do nosso objetivo, que é passar com boas médias.
Para alunos "comuns" a média alta pode não ser tão cobrada, mas quando se é um atleta estudantil, precisamos ser sempre um exemplo. E isso nos pressiona mais do que o normal.
Eu estava no meu quarto me arrumando para ir ao boliche com os meus amigos, afinal hoje é sexta-feira e estamos oficialmente de férias. Temos muito o que comemorar!
Eu vesti uma calça jeans preta rasgada nos joelhos. Calcei o meu tênis branco alto que eu amo, uma blusa branca com um desenho simplista e peguei a minha bolsa preta que combina com quase todos os meus looks.
Para a maquiagem, eu passei base e selei com um pó translúcido. Passei blush, fiz um delineado e passei rímel. Por fim, passei um gloss simples e finalizei a minha "arrumação" com um perfume.
Deixei os meus cabelos soltos. Eu geralmente não uso muito penteados. Apesar dos meus cabelos serem longos o suficiente para arruma-lo.
Eu estava distraída tirando algumas selfies em meu celular quando eu fui surpreendida com a buzina do carro do Holden. Me apressei empolgada para ir até o mesmo.
Quando eu desci as escadas, a minha mãe já me esperava na sala. Ela me olhou como quem queria me dizer alguma coisa, então eu parei e a encarei.
— Aconteceu alguma coisa, mãe? — perguntei um pouco preocupada ao ver a expressão chorosa da minha mãe.
— Venha aqui, minha filha. — minha mãe falou abrindo os braços para pedir um abraço e sem hesitar, eu a abracei.
A minha mãe não disse nenhuma palavra, e embora meu coração estivesse transbordando em dúvida eu ignorei e apenas aproveitei aquele momento único com a minha mãe.
As vezes ela só estava carente.
Eu estive bastante ocupada com as provas da escola e mal pensei no quanto a minha mãe se sentia solitária, as vezes.
Desde que ela e o meu pai se separaram, a minha mãe nunca arrumou um namorado sequer. Ela vive para o trabalho e para mim. E isso tem ficado mais recorrente depois do divórcio.
As vezes ela apenas gostaria de ter a companhia de alguém, e eu estava disposta a dar isso a ela.
Eu sair do abraço da minha e a encarei séria.
— Mãe, você quer que eu fique aqui hoje com você? — perguntei. — podemos assistir o seu filme favorito, o que acha? — insistir fazendo a minha mãe sorrir.
— Imagina, minha filha. Pode ir se divertir com os seus amigos. — minha mãe falou enquanto pegava as minhas mãos. — você merece depois dessa semana puxada na escola. — continuou ela.
— Mas e você? — perguntei preocupada.
— Eu vou ficar bem, filha. Pode ficar tranquila. — minha mãe respondeu. — inclusive, eu vou para a casa da Hanna beber um vinho e conversar. — ela comentou me deixando mais tranquila.
A minha mãe tem se tornado amiga da Hana desde o início da minha amizade com o Holden. Nossas mães sempre se apoiaram uma na outra quando estavam com dificuldades, o que mantém a relação das duas muito firme.
Tanto que quando decidiram se mudar, tiveram que fazer isso juntas. Literalmente.
Eu fico feliz que a minha mãe tem uma amiga como a mãe do Holden. Isso me traz uma sensação de alívio e segurança.
— Deixa eu adivinhar. — falei. — noite das garotas? — perguntei e a minha mãe abriu um sorriso cintilante.
— Tipo isso. — ela respondeu.
— Que bom. — falei. — vê se não vão beber muito, hein. — brinquei enquanto a minha mãe me encarava com uma sobrancelha arqueada.
— Eu quem te digo isso, mocinha! — minha mãe falou.
— Ah mãe, você sabe que eu não bebo. — falei.
— Mas isso não assegura de que você não irá, algum dia. — minha mãe falou.
— Ai, mãe! — bufei fazendo a minha mãe rir enquanto seguia para o armário da cozinha e tirava uma garrafa de vinho de lá.
Desde que o meu pai foi embora, somos apenas eu e minha mãe. O que significa que temos muito cuidado e preocupação uma com a outra, então eram constantes as vezes que eu fazia o papel da mãe chata e preocupada enquanto a minha mãe saia. Até porque eu nunca fui de sair muito.
Estávamos em um silêncio reflexivo quando fomos surpreendidas com a buzina do Holden mais uma vez, me lembrando de que o mesmo estava do lado de fora em seu carro me esperando.
— Vai, Layce! — minha mãe disparou. — ou vocês irão se atrasar! — ela continuou e eu assenti.
— Tchau, mãe! — disparei enquanto eu me dirigia para a sala as presas.
— Tchau, filha! — minha mãe gritou. — tenha cuidado e se divirta. Eu te amo! — ela concluiu.
— Pode deixar, mãe. Eu te amo também! — falei enquanto fechava a porta atrás de mim e seguia para o carro do meu amigo quase correndo.

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