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Ao contrário do que eu imaginei, a minha mãe não brigou comigo pelo fato de eu ter chegado em casa quase meia noite.
Ela perguntou o que havia acontecido para que perdêssemos o horário e então eu tive que explicar a confusão que aconteceu na casa do Jack Will. Tirando obviamente a parte íntima em que eu e o meu namorado tivemos, que inclusive, nem eu acreditava que vivi.
Mesmo eu possuindo a liberdade para conversar sobre qualquer coisa com a minha mãe, acho que não teria coragem de contar como foi a minha experiência de ter gozado pela primeira vez sem nem ter transado. Eu nunca imaginei que sentiria tal prazer antes de fazer sexo, mas eu gostei.
Eu contei como havia sido o jantar com a família do mesmo e em sequência, a relação do meu namorado com a sua família conturbada.
A minha mãe ficou incrédula por alguns breves segundos, mas não durou tanto já que acredita que famílias de pessoas famosas e ricas geralmente são tão problemática quanto as de pessoas pobres.
Eu falei também que o prefeito conhece o meu pai por ele trabalhar em projetos do mesmo, mas que não sabia que o mesmo é divorciado. Eu achei estranho, mas a minha mãe não teve esse pensamento já que a mesma falou que o meu pai jamais iria assumir que a culpa do término do relacionamento de ambos foi dele.
Ainda mais quando se envolve traição e mulher.
Mas embora a minha mãe estivesse engatilhada no assunto da família do Jack Will, eu permaneci pensando no meu pai e nas formas que ele tem encontrado para iniciar novamente um contato comigo.
A minha mãe estava dizendo a sua opinião a respeito dos Williams com base no meu testemunho, mas o meu pensamento era apenas voltado para o homem cujo eu sempre tive a maior admiração e afeto.
O meu pai.
Eu sempre fui bastante apegada a ele, e embora a minha mãe fosse aquela que cuidava de mim a maior parte do tempo, o meu pai possuía os seus encantos.
Ele trabalha o dia todo e todos os dias da semana, mas estava livre no final da mesma. O que significava bastante brincadeiras, lanches, passeios, diversões e lazer!
Tudo o que uma criança ama.
Mas quando o meu pai começou a trair a minha mãe, foi incrível como tudo mudou conforme os meus olhos. Eram horas de trabalho sendo estendida na semana enquanto os finais de semana eram reduzidos em "viagens de trabalho".
Eu e a minha mãe estávamos vendo o nosso pai cada vez menos, o que me causava saudades e tristeza. Eu era muito pequena e não entedia das coisas, mas a minha mãe sim. Foi quando as brigas começaram a se tornarem frequentes fazendo o meu pai dormir fora de casa enquanto eu assistia sem entender a minha mãe chorar. Mas aquela vez não foi a definitiva.
Uma vez eles brigaram tão feio que eu não aguentei e comecei a chorar, e aquela foi a última vez que brigaram porque o pai saiu de casa dizendo que não iria mais morar comigo e com a minha mãe. E logo mais, começou todo o processo cansativo do divórcio.
Foram anos difíceis no começo, ainda mais por eu ser uma criança que não sabia de nada.
Eu apenas acreditava no que a minha mãe dizia:
"Eu e o seu pai apenas não nos amamos mais, quando você crescer irá entender."
Só descobrir o motivo do meu pai ter ido embora um ano depois quando acidentalmente eu ouvir uma conversa da minha mãe com uma suposta colega a respeito do divórcio. Ela disse que o meu pai a traia e então eles se divorciaram para que ele pudesse ficar com a outra.
Eu ainda era muito pequena, mas eu entendi o aquilo queria dizer:
"Meu pai nos trocou por uma mulher safada."
Passei anos odiando uma pessoa que eu nunca conheci ou cheguei a ver, até eu entender que a principal culpa era do meu pai. E quatro anos depois do divórcio ele quis voltar, falido. Mas a minha mãe não quis, afinal estávamos indo muito bem sem ele.
Mas eu estava com muita raiva dele nesse tempo, eu não suportava olhar para o mesmo. Então eu o expulsei e disse que não queria vê-lo mais, e não vi.
Minha mãe havia percebido a minha fulga de atenção e então me encarou curiosa.
— Layce, algum problema? — ela perguntou me trazendo de volta a nossa realidade.
— Nada, eu só estava pensando no meu pai. — respondi deixando a mesma confusa.
— Por que estava pensando no seu pai? — minha mãe perguntou curiosa.
Ela ainda não sabia sobre a mensagem de aniversário que o meu pai tinha me mandado, e eu acho que essa era a hora ideal para a minha mãe saber.
— Ele me mandou mensagem no dia do meu aniversário. — respondi enquanto ela me encarava surpresa.
— Ele te mandou? — minha mãe perguntou e eu assenti com a cabeça. — bom, e você respondeu? — ela perguntou temerosa.
— Não imediatamente, mas sim. — respondi.
Respondi um dia depois, para ser mais específica.
Eu não tive coragem de abrir a mensagem do mesmo no meio da minha festa e tampouco conseguir abrir depois, eu estava tão cansada que dormir assim que tomei banho.
— Então, o que você está pensando sobre? — minha mãe perguntou e eu respirei fundo.
— Eu ainda não sei, mas... acha que eu devo perdoa-ló? — perguntei enquanto a minha mãe me encarava serenamente.
— Você sabe o que eu acho sobre isso, Layce. — ela respondeu. — claro que você deve perdoar, apesar de tudo ele é o seu pai! — minha mãe falou.
Minha mãe está certa, e sempre esteve. Até mesmo ela o perdoou, embora não estejam mais juntos.
Mas eu ainda me sinto chateada com ele e por tudo que nos fez passar, como eu posso perdoa-ló se ainda sinto raiva?
— Eu sei, mãe. — falei. — mas não sei se ainda consigo. — continuei e então abaixei a cabeça, fazendo a minha mãe soltar um suspiro.
— Olha, filha. Eu sei que é difícil essa situação, mas você não pode se manter dentro dessa gaiola por muito tempo. — minha mãe falou. — você precisa perdoar para se libertar. E eu digo isso por experiência própria. — ela aconselhou.
— Mas eu não consigo ser como você. — falei. — eu não consigo esquecer. — continuei e então a minha mãe abriu um sorriso fraco.
— E quem disse que você precisa esquecer? — ela perguntou. — as vezes o que precisamos fazer é aceitar certas situações e ponto. Descobri que o feito não pode ser desfeito é o caminho. — minha mãe continuou.
— E simplesmente, aceitar? — perguntei.
— Eu não diria aceitar, eu chamaria de superar. — ela respondeu. — eu me sentir muito melhor depois de perdoado o seu pai. — minha mãe falou.
— Mas é diferente, mãe. Você não precisa mais conviver com ele. — falei. — ele não é mais o seu marido. — continuei e então a minha mãe sorriu.
— Pois é, Layce. Ele não é mais o meu marido, mas ainda é o seu pai. — minha mãe falou me acertando em cheio. — olha, eu não estou te obrigando a nada, você sabe que eu nunca te obriguei. Mas pense bem, querida. — ela falou se colocando de pé enquanto me dava um beijo em minha cabeça.
E mais uma vez a minha mãe estava certa, embora ele não fosse o marido dela, ainda é o meu pai.
E sempre será!
E isso não tem como apagar. Embora também não tenha como esquecer o que ele me fez, ou melhor, nos fez passar. Eu estava presa em meus pensamentos novamente enquanto a minha mãe passeava de um lado para o outro pela casa, e então eu me dei conta de que ela estava se arrumando para ir ao trabalho.
— Layce, eu vou para o hospital hoje e não sei que horas eu chego. Tudo bem? — minha mãe falou enquanto arrumava apressadamente a sua bolsa.
Eu lancei um olhar desconfiado para a mesma enquanto eu a assistia se arrumar.
— Tudo bem... — respondi atraindo a atenção da minha mãe.
— O que foi? — ela perguntou curiosa.
— Você vai sair hoje? — perguntei com um sorriso malicioso para a mesma que ficou sem jeito com a minha pergunta.
— Talvez. — ela respondeu e então eu sorrir.
A minha mãe nunca namorou outro cara depois do meu pai. Eu não sei se foi por trauma ou falta de tempo, mas ela nunca me deu um padrasto.
Porém eu nunca me importei em ter.
— Posso saber quem é o pretendente? — perguntei em um tom de brincadeira atraindo a atenção da minha mãe.
— Aí, Layce. Eu apenas vou sair com uns colegas do trabalho para beber após o expediente, só isso. — ela respondeu enquanto eu abria um sorriso malicioso para a mesma.
— Tudo bem, tudo bem... — falei. — divirta-se então. — continuei fazendo a minha mãe sorrir.
— Obrigada, filha. Mas eu já vou se não eu chegarei atrasada no hospital! — minha mãe falou enquanto corria apressada para a porta.
— Tchau, mãe. Eu te amo! — falei.
— Tchau, Layce. Eu te amo mais. — ela disse abrindo a porta.
— E se cuida, hein! — brinquei enquanto a mesma revirava os olhos com um sorriso largo no rosto.
Em seguida a minha mãe fechou a porta, o que anunciou a partida da mesma.
Eu olhei para a mesa e vi os pratos sujos que haviam em cima da mesma, em seguida eu juntei a coragem que não tinha que os peguei para lavar.
Enquanto eu lavava a louça, eu coloquei uma música em meu celular para animar a casa que está silenciosa. Mas fui surpreendida quando o meu celular tocou e quando eu olhei, era a Lyn.
Imediatamente sequei as minhas mãos e atendi a ligação da mesma.
"— Oi, Lyn!"
Falei contente com a chamada repentina da mesma.
"— Oi, Layce. Tudo bem?"
Ela perguntou.
"— Estou sim, e você?"
Respondi e fiz a mesma pergunta em seguida.
"— Sim. Então, eu te liguei para perguntar se você já tem planos para hoje à noite."
Lyn me perguntou me deixando curiosa.
"— Não tenho, por quê?"
Perguntei.
"— Ótimo! O que acha de vim para uma festa aqui em casa?"
Ela me perguntou novamente, mas dessa vez me deixou surpresa.
"— Hoje a noite?"
Repeti a pergunta da mesma.
"— Sim, ué. Algum problema?"
Lyn me perguntou confusa.
"— Não! É só que... eu não sabia que vocês fazem festa ao domingo."
Falei e a mesma riu.
"— Pois é, eu nunca fui em uma. Mas acho legal tentar já que os meus pais viajarão hoje a tarde e a casa ficará livre."
Ela comentou.
"— Eu entendo, mas você tem permissão para fazer?"
Perguntei preocupada.
"— Apenas os mais próximos."
Lyn me respondeu.
"— Ah, então tudo bem."
Falei.
"— E aí, você vem, não é?"
Ela me perguntou novamente e eu abrir um sorriso.
"— E como fica para acordarmos cedo amanhã?"
Perguntei e mesmo que eu não pudesse ver a face da minha amiga, eu aposto que ela estava revirando os olhos para mim.
"— Não se preocupe, isso a gente resolve amanhã."
Lyn falou e então eu rir.
"— Tudo bem, eu irei."
Falei e ela comemorou.
"— Que ótimo! Ah, e chame o Jack também. Não se preocupe que eu ligarei para o Holden nestante."
Ela disse e eu concordei.
"— Tudo bem, Lyn. Obrigada pelo convite e até mais tarde!"
Falei ao me despedir da mesma.
"— Não tem de quê, Layce. Até mais! E esteja aqui as oito em ponto!"
Lyn falou antes de desligar a ligação sem nem esperar que eu respondesse. Eu não me importei, pois provavelmente ela deve estar às pressas para convidar as pessoas para a sua repentina festa.
Assim que eu finalizei a louça, eu me pus a varrer a casa e limpar os móveis antes de começar a fazer o meu próprio almoço.
Eu mandei mensagem para o Jack Will enquanto a comida estava no fogão, e ele respondeu imediatamente confirmando a sua presença na festa da Lyn, é claro!
O conheço o suficiente para saber que ele não recusaria uma festa atoa.
Na hora do almoço, eu coloquei um filme aleatório para eu assistir enquanto eu comia. E a essa altura, estranhei não ter o Holden batendo em minha porta para falar sobre os assuntos mais banais possíveis.
Ele estava estranhamente ocupado demais para não vim, pensei.
No mesmo instante, voltei a minha atenção para o filme que passava e terminei de comer. E em seguida, me dirigir para a pia afim de lavar a louça do almoço. Lavar os pratos literalmente não era uma das minhas tarefas domésticas favoritas, embora seja a mais comum.
Assim que finalizei, eu me joguei no sofá para terminar de assistir o filme. Mas alguns minutos depois, eu sentir as minhas pálpebras pesarem e eu não lutei contra o sono que insistia em tomar conta de mim.

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