ILEGAL - vício da paixão

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Após duas semanas de aulas e de treinamentos duro devido ao tempo que ficamos sem praticar, já estávamos aparentemente prefeitas. Ou quase!
Os meninos do time teriam um jogo hoje no qual teríamos que nos apresentar, e por isso passamos quase um mês treinando e ensaiando.
Eu estava me trocando no vestiário com as meninas  enquanto as pessoas chegavam para encher as arquibancadas. Como a minha mãe estava de folga, ela garantiu que viria nos assistir juntamente a Hanna e o Holden.
Eu fiquei triste ao saber que o Christian estaria trabalhando e não poderia vim. Durante essas últimas semanas ele e a minha mãe estão mais próximos, ou melhor dizendo, depois do jantar que a minha mãe fez para apresentá-lo ao Holden e a Hanna, eles estão mais grudados. Claro que é porque agora eles estão namorando, mas fiquei feliz em saber da proximidade dos dois.
O Jack Will se tornou um grande amigo do Christian. Até me atrevi a pensar que ele representa mais representa uma figura paterna para o meu namorado do que o seu próprio pai, mas nunca comentei com o mesmo. O Holden e a Hanna também gostaram muito do meu novo padrasto, tanto que o mesmo conversa muito mais com o Christian do que eu.
Todos adoram o novo namorado da minha mãe, e eu também. Até agora ele só trouxe felicidade para ela e consequentemente, para todos nós. No entanto, ainda não conhecemos a Cheryl, a filha do Christian. Mas ele nos garantiu que a traria em breve pois a mesma ainda não se sentia "a vontade" para nos conhecer.
Eu e o Holden tiramos a conclusão de que ela não aceitou muito bem a notícia do namoro entre o seu pai e a minha mãe, mas não a julgo. Provavelmente ela tem os motivos dela, embora eu não saiba se ela é realmente contra o namoro.
A minha mãe e o Jack Will já estavam em sua relação normal. Ainda na noite do jantar em minha casa, o mesmo conversou particularmente com a mesma e resolveram a situação. E como eu previa, bastou apenas algumas semanas para a minha mãe voltar completamente ao normal com o meu namorado.
E hoje ela estaria na arquibancada torcendo para o mesmo.
Quando eu e as minhas amigas estávamos prontas, nós nos posicionamos para entrarmos no campo. A Margot também se aproximou com as suas amigas afim de formarem a posição.
Por incrível que pareça, a presença dela e de suas amigas já não me incomodava como antes. Afinal, ela se encontrava muito mais tranquila desde que retornou da fazenda dos seus avós nas férias.
Será que o castigo a mudou?
Após o sinal, nós entramos para a nossa apresentação. Isso tudo fazia parte da pequena abertura que havia antes de todos os jogos escolares. Eu e as demais entramos no campo conforme ensaiamos, e logo depois executamos a nossa apresentação.
Conforme a competição, eu ainda mantive o meu lugar como "a estrela" da equipe. E o título parece não ter incomodado a rainha das aparições, a Margot Harris. Pois quando a Lana falou que eu seria novamente a flyer, ela nem sequer me encarou de cara feia, e se eu estava lúcida o suficiente, ainda avistei um sorriso na mesma.
Quando a música iniciou, nós começamos a nos apresentar. E como eu estava totalmente focada em meus movimentos e na dança, não olhei para a arquibancada afim de encontrar a minha mãe e o meu amigo com a sua mãe. Mas apenas seguir com a minha apresentação.
Após o término da nossa dança, todos da arquibancada aplaudiram e gritaram. Porém não tivemos muito tempo para agradecer tamanha festa que a plateia fazia, pois rapidamente saímos do campo para dar espaço para os jogadores.
Assim que os astros da tarde entraram, a multidão gritaram ainda mais para incentivar os nossos jogadores que se aproximaram com todo o gás. E assim que os adversários entraram, não demorou mais que um minuto para o jogo iniciar.
Enquanto eu e as minhas amigas estávamos preparadas e torcendo para animar a torcida.

•••

Horas depois, saímos com o resultado do jogo.
Dois a zero para o Cyrus Rivera High School.
Depois de mais vitórias para o nosso colégio, eu já estava ficando mal acostumada com o título de campeão.
Eu estava saindo do pequeno estádio da escola com a minha mãe, Hanna e o Holden. E estávamos indo em direção do Jack Will afim de parabeniza-lo por mais uma vitória. Eu já havia me despedido das minhas amigas no vestiário. Como eu não me troquei nem tomei banho pois eu já estava indo embora, eu apenas entrei para falar com as garotas. Agora, eu estava interessada em encontrar apenas uma pessoa:
O meu namorado!
Quando estávamos na frente do colégio, eu avistei o Jack Will comemorando empolgado saindo juntamente com o Norman, Bryan e o Matthew. E assim que o mesmo nos avistou, sorriu e acenou.
Como eu estava também empolgada, corri em direção ao mesmo e o abracei ignorando os garotos que estavam ao redor.
Ele sorriu com o meu gesto repentino, e então me deu um selinho antes de se soltar do meu abraço.
— Parabéns, amor! — falei contente. — você foi muito bem hoje. — continuei fazendo o mesmo sorrir.
— Obrigado, minha linda! — ele falou me encarando fixamente e então o mesmo desceu o seu olhar para o meu corpo.
Como eu ainda estava com a roupa de líder de torcida, eu certamente estava mostrando mais do que de costume o meu corpo. Eu instantaneamente corei ao perceber a intenção do mesmo, e então me agilizei para puxar algum assunto.
— Inclusive, todos vocês foram muito bem. — falei me recompondo para os meninos que sorriram.
— Obrigado, Layce. — Norman falou enquanto o Matthew e o Bryan riam. — bem, eu vou atrás da minha garota agora! — ele continuou enquanto exercia um toque com o Jack Will, e logo em seguida repetiu com o Bryan e o Matthew antes de sair.
O Bryan e o Matthew também se despediram de nós e saíram. Estava apenas eu e o Jack Will quando fomos surpreendidos pela minha mãe, Hanna e o Holden que chegaram em nossa direção para abraçarem o meu namorado.
— Parabéns, Jack! — minha mãe falou se afastando do mesmo. — agora eu sei o porquê te chamam te estrela. — disse a mesma fazendo o mesmo sorrir.
— Além de lindo, é um ótimo atleta. — Hanna comentou.
— Ah, muito obrigado. — ele falou incrivelmente sem jeito. — eu agradeço muito pelo elogio de vocês. — o mesmo concluiu.
Um silêncio expressivo reinou entre nós enquanto encarávamos o Holden. O mesmo olhou o Jack Will como quem quisesse dizer alguma coisa, eu sentia que sim. Mas conheço o meu melhor amigo o suficiente para saber que ele não é do tipo que cede facilmente.
E o Jack Will também não.
Eu pensei em fazer algo para nos tirar daquela situação constrangedora, quando fui surpreendida pela Margot ainda trajada no seu uniforme de líder de torcida que estava se aproximando de nós.
Eu a encarei surpresa enquanto a mesma caminhava mais perto de nós enquanto o Jack Will e o Holden a encararam com firmeza.
Por incrível que pareça, ela sorriu simpaticamente assim que estava frente a nós. O que fez a minha mãe e a Hanna a encarem confusas e curiosas.
— Olá! — ela falou deixando eu, o Holden e o Jack Will surpresos.
— Olá! — a minha mãe respondeu com simpatia enquanto a Hanna sorria. — o que deseja? — a mesma perguntou a garota que mantinha intacto o seu sorriso educado.
— Bom, eu quero falar com Layce. — Margot respondeu. — em particular... se não for problema, é claro. — ela concluiu novamente me pegando de surpresa, e eu não pude conter a minha reação gélida ao ouvi-la.
É óbvio que eu deveria respondê-la, mas ao ouvir a proposta da mesma sobre uma conversa particular me estremeceu discretamente.
Embora a Margot esteja nitidamente mudada, eu ainda sinto medo da mesma.
— Mas é claro que não é problema...
— Eu sinto muito, mas é problema sim! — Holden disparou interrompendo a minha mãe que o encarava confusa.
A Margot ficou surpresa com a resposta raivosa do Holden e não poupou em demonstrar isso em sua reação.
— Holden! — Hanna o repreendeu. — que modos são esses?! — ela perguntou ao filho que permanecia encarando a Margot como se fosse uma cobra prestes a dar o golpe.
— Ele está certo, senhorita Winchester. — Jack Will falou. — eu também não quero que a Layce vá conversar com essa... essa...
— Vigarista mentirosa! — Holden disparou irritado interrompendo o Jack Will, o que deixou todos nós surpresos enquanto a Margot abaixou a cabeça com um olhar triste. O que me deixou surpresa pois eu achei que a garota iria se defender.
Porém, eu estava mais surpresa ainda por estar presenciando pela primeira vez o meu melhor amigo que tanto odiava o meu namorado, junto ao mesmo em uma opinião. Eu diria estar se feliz se não fosse pela expressão triste da Margot ou a raiva da Hanna.
— Holden Davis! — ela disparou com repreensão. — já chega! — Hanna concluiu.
— Mas o que foi deu em vocês? — minha mãe perguntou confusa.
— Longa história. — respondi batendo delicadamente a minha mão na testa enquanto a Margot voltou a nos encarar.
— Problemas? — a mesma perguntou e eu assenti. — não resolvidos? — minha mãe insistiu.
— Não, está tudo resolvido. — respondi deixando a mesma aliviada enquanto ela olhava de relance para a Margot.
A minha mãe estava desconfiada, ela sabia que havia alguma coisa nessa história.
E algo muito sério.
Ela conhece muito bem o meu melhor amigo e sabe que são poucas as coisas que o tira do sério, e geralmente é algo ruim.
Minha mãe alternou o seu olhar desconfiado entre mim e a Margot antes de falar.
— Enfim... vamos indo. — ela disse ainda sem tirar os olhos de mim e da Margot. — vamos deixar elas conversarem em paz. — minha mãe concluiu enquanto segurava a mão do Holden e a do Jack Will, os guiando para onde o carro do meu namorado estava.
Enquanto eu assistia os quatro se afastarem e adentrarem entre os poucos carros que restavam no estacionamento do colégio, eu tentava me preparar psicologicamente para uma conversa com a Margot.
O que a garota que tentou arruinar a minha vida queria comigo a essa altura?
— Então... acho que finalmente estamos apenas nos duas. — ela disse enquanto eu ainda permanecia de costas para a mesma, pois eu estava tentando "fugir" da situação encarando a minha mãe, a Hanna, o Holden e o Jack Will entrarem no carro do mesmo.
Mas como não havia forma de sair dessa conversa, eu me virei para a mesma afim de agilizar e colocar um fim o mais breve possível nessa situação.
— Pois é. — falei. — e então, o que você quer falar comigo? — perguntei diretamente fazendo a garota abrir um sorriso simpático.
— Eu quero acertar as coisas, Layce. — ela respondeu. — eu não fui justa e tampouco ética com você. Eu errei muito. — continuou a mesma me deixando boquiaberta.
Ela estava tentando se desculpar comigo?!
Eu fiquei surpresa pois da Margot Harris eu esperava de tudo, menos um pedido de desculpas.
Isso era praticamente como se render após uma batalha para ela.
— M-mas já está tudo certo. — falei ainda incrédula. — você errou, eu sei. Mas tudo está bem agora. — continuei e o sorriso dela se desfez.
— Eu sei, Layce. Mas eu não posso agir como se nada tivesse acontecido depois de tudo o que eu fiz. — Margot falou. — por isso eu vim te pedir perdão por tudo. — ela concluiu realmente me deixando surpresa.
E naquele momento eu só pensava no quanto os meus amigos ficariam boquiabertos de incredulidade ao saber que a própria Margot Harris estava me pedindo desculpas.
— Nossa! — falei deixando a mesma confusa.
— O que foi? — ela perguntou.
— Não me leve a mal mas, você me pedindo desculpas é tipo... algo que eu jamais pensei em ouvir. — respondi fazendo a mesma sorrir.
— É, eu sei. Eu também não achei que seria capaz de fazer isso algum dia. — ela falou. — mas sabe, Layce. Essas minhas férias sem internet na fazenda dos meus avós me ajudou a refletir bastante sobre mim e sobre os meus atos, eu realmente não sou uma boa pessoa. — Margot concluiu.
Eu estava feliz por estar ouvindo a mesma falar todas aquelas coisas, e mais contente eu estava por saber que ela realmente havia aprendido com os seus erros.
Agora ela finalmente entendia que o Jack Will não a quer e nos deixaria em paz.
— Ah, também não precisa ser dura consigo mesma, Margot. — falei atraindo a atenção da mesma. — tudo bem que você errou, mas o que importa é que esteja arrependida e que mude suas ações. — continuei enquanto ela sorria.
— Por isso que eu estou aqui. — ela falou. — eu realmente quero consertar as coisas, Layce. Por isso eu quero saber se tenho o seu perdão. — a mesma questionou.
A Margot realmente me fez sofrer. Além de ter armado e mentido para me deixar contra o Jack Will. Eu passei semanas sem querer olhar o mesmo por conta das mentiras dela, mas no final tudo se acertou entre mim e ele.
Acho que também devo acertar tudo com ela para colocar de vez um ponto final nessa história fatídica.
— Está certo... — falei. — você tem o meu perdão, Margot. — continuei com um sorriso que fez a mesma sorrir.
— Aí, Layce, eu sabia que você me perdoaria! — Margot falou empolgada enquanto me abraçava repentinamente me deixando surpresa.
— Mas é claro. — falei ainda abraçando a mesma. — eu só quero colocar um ponto final em tudo. — continuei e a mesma se afastou de mim para me encarar.
— Você tem razão. E foi por isso que eu resolvi conversar com você. — Margot falou e eu sorri.
— Fico feliz que tenha vindo. — falei fazendo a mesma rir.
— E eu fico contente em saber que tenho o seu perdão. — a mesma comentou e agora eu quem sorrir.
Embora fosse um momento estranho por estar fazendo as pazes com a minha "inimiga", eu gostei bastante de vivência-lo. É bom sentir a sensação de resolver uma pendência, mesmo que eu e a Margot não sejamos amigas.
— Enfim... eu já vou. — falei quebrando o silêncio e atraindo a atenção da garota. — minha família deve estar me esperando. — expliquei.
— Ah, com certeza! — Margot falou. — mas tudo bem, pode ir. Eu também tenho um compromisso agora. — ela continuou.
— Então... até qualquer hora? — perguntei deixando a mesma levemente surpresa, e ela sorriu em seguida.
— Até qualquer hora. — Margot repetiu o que me faz sorrir.
Eu me virei para seguir o meu caminho em direção ao carro do meu namorado quando a mesma me fez parar ao chamar o meu nome.
— Sim? — perguntei me virando para a mesma.
— Cuide bem do Jack, está bem? — ela perguntou e eu sorrir.
— Pode deixar, eu irei cuidar bem. — respondi fazendo a mesma abrir um sorriso amargo.
Eu sei o quão difícil é aceitar que alguém não sente a mesma coisa por você, e pior, já é feliz com outra pessoa. E a Margot reconheceu isso.
Admiro a maturidade que a mesma tomou nesse curto período de tempo das férias.
Novamente eu me virei para ir embora e dessa vez eu não fui interrompida pela voz da Margot que me chamava. Então eu continuei o meu caminho até o carro, onde fui recebida por bastante olhares curiosos, especialmente da minha mãe e da Hanna que àquela altura já sabia o que a Margot havia aprontado.
Então eu sorri e contei ainda surpresa sobre o pedido de desculpas da Margot enquanto o Jack Will nos levava de volta para as nossas casas em seu carro.