Paro frente a porta dele, meu coração ainda bate acelerado como se eu tivesse vinte anos novamente.
É tão estranho pensar que o que deveria ter sido um simples argumento e uma desculpa de meu orgulho, tornou-se um calor pouco familiar em meu estômago e a agonia em saber se ocorreria novamente aquele impulso desenfreado de sentir sua boca tocando a minha.
Mal podia acreditar que realmente estava ali, aceitando o tão pequeno mas tão supracitado jantar.
Toco a campainha uma única vez e em menos de quinze segundos ele tem a porta aberta, meus olhos varrendo primeiro seus olhos brilhantes, então sua camisa polo e por consequência sua calça jeans e os pés descalços. Ele seca as mãos em um pano de prato e sorri tão abertamente em minha direção que penso parar de respirar por um segundo.
-Senhora Senadora, seja muito bem vinda. -Ele me diz em um gesto para que eu adentre o apartamento. Aceno em sua direção não segurando meu sorriso e então passo por ele, adentrando em seu espaço.
-Deputado, boa noite.
Alessandro tranca a porta atrás de nós, passa por mim e então em um ato desesperado, ajoelha-se em minha frente.
O ar me falta, aquele quase soluço em meu estômago com seu encarar profundo. Desvia seus olhos dos meus para mirar meus pés, então meu rosto outra vez.
-Me permite? -Ele diz e aponta para meu sapato, me fazendo acenar um sim em quase antecipação.
O acelerado em meu peito parece tentar me sufocar.
Alessandro usa a ponta de seus dedos para tocar meu pulso, guiando para que me apoie em seu ombro enquanto suas mãos erguem primeiro um e depois o outro de meus pés, tirando os sapatos e deixando para trás o rastro quente de sua palma contra minha panturrilha, apenas a meia fina entre nós.
Quando se põe de pé, minha mão desliza de seu ombro e quase tenciono no desejo de a deixar ali um pouco mais.
Com um aceno ele me guia pelo corredor. O sigo com meus pés suaves contra o porcelanato.
Sento ao banquinho da ilha onde ele me indica e observo ao redor a cozinha de Alessandro.
É tudo extremamente organizado, bem demais até para um homem. Bem, não que homens não sejam organizados, mas... Enfim...
Ele tem no momento o corpo de costas para mim e minha pele onde ele tocou minhas panturrilhas para tirar os sapatos ainda parecem formigar.
Ajeito meus pés no banquinho, minhas mãos um tanto inquietas no colo. Ele me olha parecendo sentir minha agonia, sorri por cima de seu ombro e volta a mexer o molho que cheira deliciosamente bem.
-Fiquei extremamente honrado por você aceitar meu convite para o jantar. -Ele diz ainda girando a colher na panela. -Espero que isso não seja um mártir pra você.
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Em Nome do Argumento - Simone e Alessandro - Simolon
FanfictionDentre as quatros paredes prestes a desabar de um casamento já em ruínas, Simone escuta atenta a confissão do marido sobre a quebra de uma única promessa feita entre os dois. Diferente da imagem pacífica que a sociedade tem sobre ela, o sangue da m...