I - O Argumento

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Três dias se passam antes que eu comece a ter devaneios malucos com o rosto de Simone, junte todos os meus receios e siga pelo salão verde ao rumo de outra cor

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Três dias se passam antes que eu comece a ter devaneios malucos com o rosto de Simone, junte todos os meus receios e siga pelo salão verde ao rumo de outra cor.

Passa das 19h, era extremamente provável que eu batesse com a cara na porta mas precisava arriscar. Uso meu crachá de acesso nas portas, deixando de pisar no tapete verde para o salão azul, rumando pelas placas já conhecidas rumo ao gabinete da dita senadora.

Na primeira noite, após a visita do marido, não pude deixar de rir sozinho. Era engraçado ver o homem que tanto dizia por aí que fazia e acontecia com as mulheres sendo massacrado por uma mentira boba da esposa, ela precisando usar meu nome como uma justificativa para talvez encobrir alguma das sujeiras do sujeito estranho.

Com o tempo, aprendi que não podemos julgar os relacionamentos alheios, já que nenhum de nós vive junto dentre as quatro paredes. Mas, há as excessões, principalmente quando se vê ambos juntos. Não há combinação, não há chave, um clima e obviamente, não há uma gota de química. Não posso dizer que nunca houve amor ali, talvez tenha ocorrido, até talvez ainda ocorra, de uma forma estranha e nada respeitosa, mas talvez exista.

Mesmo assim, minha cabeça só conseguia pensar em como meu nome brotou naquela conversa, como Simone me usou para uma desculpa sobre fidelidade em uma discussão visivelmente acalorada.

Na primeira noite acabei sonhando com as mesmas imagens que durante o dia fui perturbado. Mechas de seu cabelo, anéis em suas mãos e bochechas coradas.

Na segunda acordei em um salto minutos antes do celular despertar, como se pudesse ouvir a voz dela me chamando ao longe.

E hoje, a terceira.

Acordei de um sonho zonzo, onde ela engatinhava na cama me encarando nos olhos, lambia os lábios e se aproximava de mim. Estava prestes a agarrar seu corpo em minha direção quando acordei, saltando na cama e a procurando nos lençóis.

Então aqui estou, seguindo seu gabinete na espera de que ela saia da minha cabeça e me explique o motivo de ter me enfiado nessa história toda.

No dobrar de uma esquina, vejo a porta de vidro com seu nome adesivado e ao me aproximar, surpreendentemente a encontro saindo do lugar. Oh, Deus é bom!

Ela não me nota, muito menos minha aproximação enquanto ajeita a bolsa no ombro e gira entre os dedos o molho de chaves para trancar a porta. Ainda não, querida.

-Senadora Simone? -Digo suavemente, uns três passos de distância dela. O molho de chaves cai ao chão, ela me encara rapidamente antes de as juntar e quando realmente me vê, posso ver o nítido momento em que seus olhos dilatam e ela fica ainda mais pálida.

-Deputado, boa noite. -Me diz cordial, olhos fixos nos meus e claramente nervosa.

-Peço desculpas pelo horário, mas gostaria de saber se tens um minuto. -Falo vestindo meu melhor sorriso, tentando eu mesmo não ficar nervoso com a situação.

Em Nome do Argumento - Simone e Alessandro - SimolonOnde histórias criam vida. Descubra agora