Depois de trocarmos beijos por bastante tempo naquela rede, me levanto para preparar um chá enquanto Alessandro fica por ali.
Com as duas xícaras em mãos, retorno para a varanda e encontro este que digo amar em um sono profundo, respirando leve e relaxado.
Não tenho forças e nem coragem para o acordar, me sentando em um dos sofás de verão ali e aproveitando o calor de meu chá com a visita perfeita das ondas quebrando na areia.
Um tempo depois, decido aproveitar o descanso de Alessandro para tomar um banho.
Desta vez sozinha, encho a banheira com água quente e mergulho na água, lavando até mesmo meus cabelos ali.
Na boa solitude do cômodo, relaxo entre as bolhas e me permito pensar em tudo, desde minha vida inteira até a imensidão de intensidade que meu relacionamento com Alessandro se tornou.
As revelações dele de hoje me trazem respostas, mas também me apertam um pouco o peito.
Me pergunto como é possível que eu sinta como se o conhecesse de uma vida inteira quando mal sei coisas básicas sobre ele.
Me sinto conectada a ele como em algum tipo de experiência do universo.
Nada poderia ser comparado aos seus carinhos, como seus olhos mudam de cor e a forma como conseguimos ter toda a troca possível de uma hora para a outra. A maneira como ele me desperta desejo, como me acalenta, como me trás segurança, nunca, nunca encontrei em outro alguém.
Com este pensamento, não há como pensar em meu casamento, este que não vejo a hora de colocar um fim definitivo.
Há muito eu e Eduardo não somos um casal. Há muito já não há conversa simples, não há sorrisos, não há desejo.
Não sei se conseguiria de qualquer modo manter isso por mais tempo, o fim grita dentro de mim e me questiono como ele há de reagir.
Sei que não será bom, mas não posso fazer isso comigo, não posso me esconder, esconder tudo que descobri de mim mesma, a mulher escondida em meu peito para sempre.
Saio do banho com muitos mais pensamentos que entrei, mas comparado a isso, muito mais decidida.
Após secar meu corpo, vou até o quarto e ponho minha mala na cama, vendo então o pacote branco com papel de seda sobre os lençóis.
Minha curiosidade fala mais alto, mas não mexo no pacote.
Visto meu conjunto de pijamas, prevendo que vamos ficar por aqui nesta noite e desço as escadas, encontrando Alessandro ainda dormindo na varanda.
Sentada ali, desta vez não observo o mar.
Observo ele.
Os cílios longos repousam delicados em seu sono, o beicinho pequeno mas saliente de quem está em um sono bom, o respirar sereno.
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Em Nome do Argumento - Simone e Alessandro - Simolon
FanfictionDentre as quatros paredes prestes a desabar de um casamento já em ruínas, Simone escuta atenta a confissão do marido sobre a quebra de uma única promessa feita entre os dois. Diferente da imagem pacífica que a sociedade tem sobre ela, o sangue da m...