CAPÍTULO 12
A vida de recém-casados era uma maravilha. O primeiro ano de casamento é conhecido por muitos casais como "a fase de lua de mel". E é fácil descobrir o porquê.
Nossos primeiros meses foram repletos de alegria, carinho, romance e sexo. Muito sexo. Ninguém precisava pedir, ou mesmo pensar muito a respeito. Simplesmente acontecia. Sim, espontaneamente, como um fenômeno natural. Um simples beijo se tornava um amasso, que progredia para o sexo antes que pudéssemos nos dar conta do que estávamos prestes a fazer. Uma carícia trocada, uma palavra gentil, um olhar mais sensual e pronto, lá íamos nós de novo.
Mas nem só de sexo vive a fase da lua de mel. Também eram inúmeras as declarações de amor impremeditadas. Eu saía de um voo longo no trabalho e checava meu celular, cheio de mensagens lindas dizendo o quanto Jessie sentia minha falta, ou simplesmente como me amava. Eu chegava em casa após alguma viagem e trazia para ela lembrancinhas dos lugares onde estivera, não importa o quão pacatos fossem. Ímãs de geladeira do estado da Virgínia, adesivos de Montana, ou um cachecol do Minnesota. Ela amava receber meus presentes fora de época. Muitas vezes a surpreendia com flores, chocolates, jantares românticos ou declarações inesperadas. Ela me mandava bilhetinhos escondidos na mala para que eu visse quando estivesse me sentindo sozinho em um quarto de hotel qualquer... Estávamos perdidamente apaixonados um pelo outro, e dava para ver.
E não eram apenas os momentos excepcionais que nos traziam alegria. Mesmo nos dias mais banais e rotineiros, nas atividades mais corriqueiras, em tudo havia amor. Era delicioso poder jogar conversa fora numa noite qualquer. Cozinhar juntos num plácido domingo à tarde. Maratonar uma série aleatória, ou mesmo rever um filme repetido... tudo era prazeroso ao lado de minha amada.
Não havia brigas, discussões acaloradas ou mesmo comentários rudes. Apenas palavras de amor e incentivo, apoio mútuo e companheirismo. Estávamos vivendo um sonho. Andando nas nuvens. Totalmente encantados. O amor estava no ar, estava em nossos corações, em nossa cama... estava por toda parte. Era quase tangível. E era absolutamente inegável.
No início daquele ano, Jessie conseguiu um estágio no zoológico do Bronx. Era um trabalho de meio período, onde ela podia estar com os animais marinhos que ela tanto amava estudar em seu mestrado. Logo precisamos comprar um carro. Raramente os moradores de Manhattan possuem carros, a não ser os mais afortunados, ou os taxistas. Mas nós precisávamos de um, por pura necessidade.
Às vezes, eu deixava Jessie em seu estágio, ou na faculdade, a caminho do aeroporto. Outras vezes, quando eu tinha viagens mais longas que demandavam que eu ficasse fora por mais dias, Jessie me deixava no aeroporto e ficava com o carro para ir da faculdade para o trabalho e do trabalho para casa.
Contudo, nem mesmo sua rotina atarefada de estudos intensos e trabalho diário, nem minha rotina alvoroçada de viagens constantes poderia atordoar nossa fase de lua de mel. O primeiro ano é um tempo mágico, um momento singular na vida de um casal.
Nós jamais poderíamos ter imaginado, mas foi também justamente em nosso primeiro ano que enfrentamos alguns de nossos maiores desafios.
Ainda nos meses iniciais, tivemos nosso primeiro grande susto. A menstruação de Jessie estava quase duas semanas atrasada. Ela começou a sentir-se estranha e logo o pensamento veio à nossa mente: será que ela estava grávida?
- Eu não posso estar grávida - Jessie repetia para si mesma, em desespero.
- Bem, nós não fomos assim tão cuidadosos - relembrei.
- Mas eu não posso. Não posso. E meus estudos? Como vou terminar meu mestrado, enquanto ainda faço estágio, se estiver carregando um bebê dentro de mim?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sob O Pôr Do Sol
RomanceO terceiro livro da série. A conclusão da história de Sammy e Jessie.