Capítulo 25

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CAPÍTULO 25

Recidiva é uma palavra que nenhum paciente oncológico jamais quer ouvir, em hipótese alguma. É um dos maiores medos de todos aqueles que estão em remissão de um câncer, após seu doloroso tratamento. Significa a recorrência de um tumor cancerígeno. Significa a reincidência do câncer, uma doença tão cruel que o seu tratamento frequentemente chega a ser comparado a uma guerra. E, não à toa, a recidiva é o pior pesadelo de alguém que pensava ter vencido essa guerra, mas descobre que ainda há mais batalhas por vir.

Jessie ficou devastada. Após chorar copiosamente por horas a fio, ativou seu "modo superprotetora". Passou a pesquisar minuciosamente sobre o tipo de câncer que sua mãe estaria, novamente, enfrentando. Buscou entender mais sobre todos os tratamentos disponíveis. Quis saber exatamente como ela poderia ajudar Jolene a superar de vez essa terrível doença. Em seu desespero para ajudar sua mãe, Jessie quase se esqueceu de que ela também precisava de ajuda naquele momento. Em meio a uma gravidez gemelar excepcionalmente arriscada, ela deveria desacelerar, repousar e lembrar-se de se cuidar antes de poder pensar em tomar conta de mais alguém. Além disso, também já tínhamos Matthew, que dependia de nós e ainda necessitava de cuidados constantes.

Eu também queria ajudar, mas nem sequer sabia como. E, para piorar, ao final daquela tarde eu precisava sair para trabalhar. Estava prestes a embarcar em uma viagem na qual eu ficaria fora por três dias consecutivos. Me senti extremamente inadequado quando me aproximei de Jessie, carregando nosso filho no colo para entregá-lo a ela antes de ir para o trabalho.

- Você está bem? - perguntei, mesmo sabendo que ela não estava.

- Vou ficar... - respondeu pesarosa.

- Eu preciso ir trabalhar.

- Eu sei.

- Me desculpe.

Entreguei Matthew para ela. Ele saltou sorridente para o colo de sua mãe, sem ter a menor noção de que aquele era um momento triste para nós dois. Sua risada, tão genuína, ingênua e pura, fez com que Jessie sorrisse também.

- Sammy, eu... - ela hesitou por um segundo. - Eu preciso ir para Daytona. Tenho que cuidar da minha mãe. E de mim. E do Matt. Não podemos mais ficar aqui sozinhos.

- Eu entendo. Mas e suas consultas? Você sabe que não podemos negligenciar o pré-natal. É importante demais. Como vai fazer seu acompanhamento com a doutora Lisa?

- Estive pesquisando e encontrei boas indicações de obstetras especialistas em gravidez gemelares de alto risco na Flórida. E, como já fiz a cerclagem, não devo precisar de novos procedimentos, apenas um acompanhamento regular.

- Certo - suspirei, conformado, sem saber o que mais dizer.

- O mais importante agora é manter o repouso - ela relembrou. - E ficando aqui sozinha eu não vou conseguir repousar.

- Você tem razão.

- Acho que vai ser melhor se ficarmos lá até o final da gestação. Assim eu vou ter mais ajuda, e minha mãe também.

- Também acho - concordei. Ela me abraçou, com Matthew bem no meio de nós, o que ele achou o máximo. - Quando vocês vão?

- Amanhã.

- Eu vou lá ver vocês assim que puder.

- Vamos sentir sua falta - falou, com a voz embargada. Depois me deu um beijo no rosto. - Te amo.

- Também te amo - eu retribuí beijando sua testa. - Já estou com saudades.

Quando comecei a me afastar deles, Matthew agarrou minha gravata e segurou com força, como se soubesse que eu não devia sair.

Sob O Pôr Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora