CAPÍTULO 34
Acidentes aeronáuticos, ao contrário do que muitos tendem a acreditar, são raríssimos. Na realidade, aviões são um dos meios de transporte mais seguros que conhecemos. Para se ter uma ideia, não se passa um segundo sequer sem que haja milhares de aeronaves nos céus. De fato, estima-se que haja em média 9.728 aviões no ar a qualquer dado momento do dia ou da noite. Ainda assim, as chances de você morrer em um acidente aéreo são de cerca de 0,000017%, um número tão ínfimo que chega a beirar o inacreditável o fato de que a aerofobia ainda seja um dos medos mais comuns entre as pessoas.
A verdade é que a imensa maioria dos pilotos profissionais passam por toda a sua carreira sem nunca ter um único acidente sequer. Muitos nem mesmo imaginam que isso possa vir a acontecer com eles. Mas, ao contrário disso tudo, algo que todo piloto provavelmente vai ter de enfrentar ao longo de sua carreira são as arremetidas.
Arremeter é um procedimento padrão básico na aviação. E quando o piloto é obrigado a retomar o voo de uma aeronave, devido a algum problema com o procedimento de pouso.
Não existe nada de errado em arremeter. Muito pelo contrário, arremetidas salvam vidas.
Mas, sejamos sinceros, ninguém gosta de arremeter. Ninguém. Nem o piloto, nem os passageiros, nem as companhias aéreas. Todo mundo quer que o avião pouse quando chega a hora de pousar. No entanto, nem sempre é assim que as coisas acontecem.
Foi isso que me ocorreu quando estava prestes a aterrissar no aeroporto de LaGuardia, em Nova York, após um longo voo. Estava tudo pronto para pousarmos, mesmo sabendo que o mau tempo na cidade vinha causando diversos transtornos para muitas das aeronaves que pousaram antes de nós.
Depois de passar quase quarenta minutos em padrão de espera, chegou nossa vez de pousar. Entretanto, não foi possível completar o procedimento. O tempo estava muito ruim e as condições estavam excepcionalmente complicadas. Decidimos arremeter. Depois, tentamos novamente uma segunda e ainda uma terceira vez, até que eu tomei a decisão de alternar para outro aeroporto. Fomos para o JFK onde, com alguma dificuldade, conseguimos aterrissar nossa aeronave em segurança.
Devo confessar que fiquei um tanto quanto frustrado. Não era para estar ali. Não consegui pousar no aeroporto onde deveria. Aquilo me deixava verdadeiramente irritado. No entanto, eu logo aprenderia que, talvez, essas coisas acontecessem por algum motivo.
Metaforicamente, eu estava pensando em fazer uma arremetida em minha própria vida. Em vez de aterrissar permanentemente em Atlanta com minha família, eu começava a contemplar a possibilidade de sairmos de lá e "alternarmos" de volta para Daytona Beach. Porém ainda estava ligeiramente inseguro quanto a isso. Mas uma conversa que tive com alguém muito especial naquele dia, me ajudaria a decidir o que fazer com minha vida, mesmo que indiretamente.
E esse alguém foi quem eu encontrei, por acaso, nos corredores do enorme aeroporto JFK, onde eu nem sequer deveria estar. E eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar do mundo.
Liam estava obviamente mais velho do que eu me lembrava. Contudo, a idade não prejudicou sua aparência. Continuava sendo um sujeito bonito. Os volumosos cachos louros que ele outrora ostentava agora haviam sido aparados, dando lugar a um respeitável corte militar que realçava ainda mais os fortes traços de seu rosto impecavelmente barbeado. Além disso, ele parecia estar... mais alto? Como isso é possível? Não fazia sentido que um homem adulto continuasse a crescer assim, então imaginei que, provavelmente, era apenas uma impressão minha. Mas uma coisa era certa: a idade, de alguma forma, tinha feito bem a ele.
Ele também pareceu me reconhecer. Sorriu para mim e caminhou em minha direção.
- Hart? É você? Cara, quanto tempo!
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Sob O Pôr Do Sol
RomansO terceiro livro da série. A conclusão da história de Sammy e Jessie.