Capítulo 28

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CAPÍTULO 28

Os minutos pareceram horas enquanto eu aguardava uma atualização sobre o estado de saúde de minha esposa e filhas. Cobri meu rosto com as mãos e comecei a chorar, sozinho naquele corredor. Desolado, não sei por quanto tempo chorei compulsivamente até que, de repente, senti uma mão tocar meu ombro. Levantei meus olhos marejados e vi James e Jolene de pé ao meu lado. Alguém deve tê-los avisado sobre o parto em andamento quando eles deixaram a ala de oncologia.

- Não me deixaram ficar lá com ela - bradei, inconformado, entre soluços. - Ela estava perdendo muito sangue... tanto sangue...

- Eu sei - James replicou em um tom ao mesmo tempo calmo e preocupado. - Mas conheço os médicos daqui. Sei que eles estão fazendo o melhor que podem neste exato momento. Tenho certeza de que ela está recebendo o melhor cuidado disponível.

- Agora só nos resta esperar - Jolene concluiu, sentando-se ao meu lado.

Ficamos os três em um silêncio angustiante, aguardando ansiosos por qualquer notícia. Médicos e enfermeiros transitavam pelo corredor, passando por nós sem dizer nada. Até que, finalmente, um rosto conhecido apareceu. Era o médico obstetra que estava conosco na sala de cirurgia, eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar do mundo. Ele se aproximou de nós, lentamente, e nos deu a notícia que tanto esperávamos:

- Mãe e filhas estão estáveis. As gêmeas nasceram pesando 1600g e 1250g, respectivamente. Elas foram levadas direto para a UTI Neonatal e vocês já podem ir vê-las, se desejarem.

- Posso ver minha esposa? - perguntei, aflito.

- Por ora, ela ainda está no pós-operatório. Mas você poderá vê-la em breve.

Foi como se uma enxurrada de alívio lavasse minha alma. Eu sabia que nossos desafios estavam apenas começando, mas as três estavam vivas e isso, indubitavelmente, já era motivo de grande alegria. Fomos direto para a UTI Neonatal para ver minhas garotinhas.

As incubadoras das meninas estavam lado a lado e meus olhos se encheram de lágrimas assim que as vi. Elas eram tão pequenas, mas tão perfeitas. Ambas tinham tubos de alimentação em seus narizes e estavam cercadas por fios e monitores. Eles pareciam tão frágeis que me senti, mais uma vez, completamente impotente espiando pelas incubadoras de fibra de vidro. Nenhuma delas tinha cílios e Amelia tinha uma orelhinha dobrada onde sua cartilagem ainda não estava totalmente formada. Seus corpos eram tão miudinhos que faziam com que suas fraldas minúsculas parecessem enormes.

Após mais de 4 horas em recuperação, Jessie foi finalmente liberada pelos médicos. Eu saí da UTI Neonatal e me apressei em ir vê-la. Eu a abracei tão forte que ela soltou um gemido de dor. Minha emoção era tão grande em vê-la viva que quase me esqueci que ela tinha acabado de passar por uma cirurgia massiva.

- Quero ver as meninas - foi a primeira coisa que ela falou.

- Claro.

Ajudei-a a sentar-se em uma cadeira de rodas e a empurrei até a UTI Neonatal. Parada diante das incubadoras, ela chorou.

- Está tudo bem - tentei consolá-la. - Elas estão bem.

- Eu sinto que falhei com elas.

- Você não falhou em nada. Fez um trabalho incrível. Foi uma guerreira durante toda a gestação, e mais ainda durante o parto. Eu estava lá. Eu vi o quanto você lutou. Você fez tudo o que podia. Está tudo bem.

- Sinto que meu corpo não conseguiu fazer o trabalho direito - ela falava com tanta raiva direcionada a si mesma, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. - Eu deveria ter conseguido mantê-las seguras na minha barriga por mais tempo. Eu sinto que as decepcionei antes mesmo de nos conhecermos.

Sob O Pôr Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora