Capítulo 2

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CAPÍTULO 2

O dia 30 de dezembro não é uma data especial para muitos. É o dia anterior à véspera de ano novo e, sejamos honestos, ninguém celebra a véspera da véspera de nada. Mas naquele ano, esse dia tornou-se um dia muito especial para mim.

Pousei no aeroporto de Newark depois de uma sequência de voos longos e cansativos. Eu estava exausto e pronto para ir para casa, tomar um banho bem quente e dormir bem cedo. Mas meus planos mudaram, sem qualquer aviso prévio, quando cheguei em meu apartamento e fui surpreendido, logo na porta de entrada, com um bilhete escrito à mão que dizia "Feliz Natal" e estava cheio de marcas de beijos. Meu primeiro pensamento foi que seria alguma pegadinha de Bob, com quem eu dividia o apartamento.

Após abrir a porta, ouvi ao fundo a canção natalina "All I Want For Christmas is You", que parecia vir do meu quarto.

- Bob? Você está aí? - gritei por cima do som da música, que se intensificava à medida que eu me aproximava do quarto.

Bati na porta do meu próprio quarto antes de entrar, ainda tentando entender a estranheza daquela situação.

Alguém abriu a porta antes que eu pudesse fazê-lo, e levei apenas uma fração de segundo para perceber quem era. Bem ali, dançando sozinha dentro do meu quarto, estava Jessie, usando um gorrinho de Papai Noel e um suéter vermelho-vivo.

Sem dizer uma única palavra sequer, ela apontou para cima e eu voltei minha atenção para o batente da porta, de onde pendiam pequenas folhas de visco, amarradas em um lacinho brilhante vermelho e verde. Entendi o recado. Puxei-a para perto e a beijei, mesmo ainda estando completamente confuso.

- Feliz natal - ela disse, sem afastar os lábios dos meus.

Eu comecei a rir sem entender por quê.

- Pensei que você estivesse em Inverness com sua família.

- E eu estava. Mas tive que vir comemorar o natal com meu amor.

Não pude evitar de sorrir ao ouvi-la dizer aquelas palavras.

- Mas, Jessie, o natal foi há quase uma semana.

- E daí? O nosso natal pode ser quando a gente quiser.

Ela se afastou dois passos para trás e abriu os braços. Foi quando olhei em volta e vi que meu pequeno quarto estava totalmente enfeitado. Pisca-piscas reluzentes, guirlandas e até uma singela arvorezinha de natal.

- E como foi que você entrou aqui?

- Ora, pela chaminé, é claro. Que nem o Papai Noel - ela riu da própria piada.

- Você sabe que não tenho lareira, não sabe?

Jessie apenas deu de ombros.

- Onde há vontade, há um meio - ela disse, colocando as mãos em meu rosto.

Passei meus braços ao redor de sua cintura e a ergui do chão, dando-lhe mais um beijo, que ela retribuiu calorosamente. Nos deitamos na minha cama e estávamos trocando carícias quando, de repente, ouvi a voz de Bob vinda do corredor:

- Credo! Pelo menos fechem a porta.

Foi só então que me dei conta de que ele também estava no apartamento.

- Argh! Eu preciso me mudar daqui - sussurrei no ouvido de Jessie.

- Obrigada, Bob - ela gritou para ele. Depois sussurrou para mim: - Na verdade, ele ajudou muito. Me deixou entrar e enfeitar seu quarto.

- Pela chaminé uma ova, não é? - eu ri. Ela riu também.

- Pensei que vocês já iam ter se mandado a essa hora - Bob falou, já da porta do quarto.

Sob O Pôr Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora