CAPÍTULO 33
Mesmo em meio a todas as dificuldades que enfrentamos durante nosso período de adaptação, Jessie sempre encontrava meios de me fazer sorrir. Sempre cuidava de mim e dos nossos filhos com o maior amor. Sempre fez de tudo para que estivéssemos felizes. E eu queria fazer o mesmo por ela.
Seu aniversário foi apenas nove dias após sua maravilhosa surpresa para mim naquele fatídico dia dos namorados, então eu quis surpreendê-la também. Estava escalado para trabalhar nesse dia, mas consegui trocar com outro bondoso comandante, o que permitiu que eu chegasse em casa um dia mais cedo do que o esperado.
Levando um buquê de flores, entrei sorrateiramente pela porta dos fundos e me deparei com uma cena caótica: Jessie tentava fazer com que Matthew comesse seus vegetais enquanto ainda carregava Amy no colo e balançava Aurora em seu carrinho. Ambas as meninas estavam esgoelando. E minha pobre esposa parecia exausta.
- Não sabia que você viria para casa hoje - falou por cima do choro desesperado das pequenas, demonstrando estar surpresa ao me ver.
- Surpresa! - respondi, estendendo o buquê para ela. Mas logo vi que ela sequer tinha uma mão livre para pegá-lo.
Coloquei o buquê na mesa e me apressei em ajudar. Tirei Aurora do carrinho e a carreguei em um braço enquanto pegava Amy com o outro. Elas enfim se acalmaram. Por algum motivo, elas pareciam ficar bem mais tranquilas quando estavam juntas.
Jessie terminou de dar comida a Matthew enquanto eu colocava as meninas para dormir. Quando voltei para a cozinha, ela tinha adormecido, debruçada sobre a mesa de jantar, enquanto Matt corria pela casa, brincando com sua bola.
- Shhh! - eu o segurei e falei baixinho, apontando para Jessie: - a mamãe dormiu. Não podemos fazer barulho.
- Dormiu na mesa - ele constatou.
- Sim. Na mesa - confirmei. Depois sugeri: - Então, vamos brincar lá fora?
- Eba!
Brincamos no quintal por não sei quanto tempo e, quando entramos, Jessie ainda dormia a sono solto. Concluí que o melhor presente de aniversário que eu poderia dar a essa mãe extremamente cansada era um pouco de descanso e, talvez, uma boa noite de sono.
Dei banho em Matthew e coloquei-o para dormir em seu quarto, depois desci e encontrei Jessie ainda na mesma posição. Quando tentei carregá-la para a cama, ela acordou atordoada.
- Calma, está tudo bem - tranquilizei-a. - As crianças já estão dormindo. Vou te levar para o quarto.
Ela deu um sorriso sonolento e permitiu que eu a carregasse em meus braços até a cama. Assim que a deitei, ouvimos pela babá eletrônica o choro sincronizado de ambas as gêmeas. Jessie levantou-se, suspirando.
- Deixa que eu cuido delas - ofereci, me levantando também.
- Não tem jeito. Elas precisam mamar.
Então fomos os dois. Jessie amamentou as meninas, depois eu as coloquei para arrotar, troquei suas fraldas e nós as colocamos para dormir. Voltamos para o nosso quarto e, quando finalmente achamos que estávamos livres, Matthew apareceu na porta.
- Estou com medo - choramingou.
- Disso eu posso cuidar - falei, me levantando novamente.
Coloquei Matt em sua cama e tentei fazê-lo dormir, mesmo com ele insistindo constantemente que queria a mamãe.
- A mamãe está cansada, Matt. Mas o papai está aqui. Não precisa ter medo - eu tentava acalentá-lo.
- Eu quero a mamãe! - ele insistia, como se nem me ouvisse.
Ao ver que o persistente garotinho não iria mesmo se dar por vencido, Jessie juntou-se a nós no quarto de Matthew e ele enfim se acalmou. Eu nem podia culpá-lo. Algo sobre a presença dela realmente podia fazer com que tudo parecesse melhor.
Quando Matt finalmente adormeceu, já era quase de manhã.
- Eu não sei como você consegue - falei, bocejando, quando Jessie e eu nos deitamos novamente.
- Sem você, eu não conseguiria - ela respondeu, sorrindo com ternura para mim.
- Feliz aniversário, meu amor.
Comecei a beijá-la e quase pensei que nossos calorosos amassos poderiam progredir para algo mais, mas o choro de Aurora ecoou da babá eletrônica, seguido do de Amy, e o ciclo se repetiu.
Era óbvio que Jessie estava exausta. Era desumano que ela tivesse que fazer tudo isso majoritariamente sozinha. Precisávamos desesperadamente de ajuda. Eu queria poder fazer algo para mudar essa realidade. Foi quando comecei a questionar se eu realmente tinha feito a escolha certa nos mudando para Atlanta. Uma pontada de arrependimento começou a ecoar em minha mente naquela noite, e ressoou comigo por meses a fio, até que uma nova possibilidade surgiu. A oportunidade de um retorno para a Flórida.
A Universidade Aeronáutica de Embry-Riddle me fez uma proposta de emprego, para fazer parte do corpo docente da faculdade. Alguns anos antes eu jamais teria considerado aquela possibilidade, mas agora me soava bastante tentadora. Trabalhar em horas normais, estar em casa todas as noites e aos finais de semana e, acima de tudo, estar de volta a Daytona Beach, o lugar onde nossas famílias estavam; o lugar onde certamente teríamos a tão necessária ajuda; o lugar que ambos amávamos de todo o coração; a cidade onde tudo começou... o lugar onde Jessie era genuinamente feliz. Aquilo era, indubitavelmente, algo a se considerar.
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Sob O Pôr Do Sol
RomanceO terceiro livro da série. A conclusão da história de Sammy e Jessie.