EPÍLOGO

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EPÍLOGO

Catrapo é um termo utilizado na aviação comercial para se referir a um pouso duro, daqueles em que o piloto bate com os pneus no solo abruptamente, causando um estrondo que pode ser assustador para os mais desavisados, além de uma sensação desagradável nos menos preparados. Pergunte a qualquer passageiro e a conclusão mais provável é que ninguém gosta de uma aterrissagem brusca. Contudo, em algumas circunstâncias específicas, ela se faz necessária.

Em condições climáticas altamente desfavoráveis, como água ou gelo sobre a pista, um catrapo pode ser extremamente útil para diminuir as chances de aquaplanagem, derrapagem ou outros incidentes que poderiam pôr em risco as vidas a bordo.

Trazendo essa analogia para a nossa realidade, um catrapo era justamente o que necessitávamos. E foi o que fizemos. Nos despedimos de Atlanta em definitivo, cerca de um ano após termos nos estabelecido lá. Retornamos para nossa tão querida Daytona Beach e decidimos aterrissar ali de uma vez por todas. Cravamos nosso trem de pouso no solo e decidimos que não sairíamos mais de lá. E, sinceramente, essa foi a melhor decisão que poderíamos ter tomado.

Jessie recuperou seu brilho nos olhos, ainda que fosse sobre as olheiras profundas de uma mãe cansada. Ela estava feliz. E, consequentemente, eu também estava.

Foi uma alegria poder fazer uma festa para Jolene quando ela foi declarada livre do câncer pela segunda vez. Foi motivo de grande felicidade testemunhar o crescimento de Jen que, após formar-se com honras pela Universidade da Carolina do Norte, decidiu abrir seu próprio conservatório de dança em Daytona Beach. Também foi maravilhoso poder presenciar a chegada de um novo sobrinho, Josh, que nasceu saudável após uma bem-sucedida fertilização in vitro de Juliet e Marcus. Foi um deleite poder ver nossos filhos crescerem perto de seus avós, tios e primos que tanto amavam...

Foram inúmeras as ocasiões especiais das quais pudemos participar graças à nossa decisão de nos mudarmos. Muita coisa mudou. Nós finalmente conseguimos construir nossa casa dos sonhos. Até adotamos um cachorro. Eu queria um malamute do Alasca, Jessie preferia um labrador, até que ambos nos apaixonamos por um fofíssimo samoieda que nomeamos Milo. Quando o vimos, foi amor à primeira vista. Aquela pelagem branquinha, o característico sorriso da raça e o seu jeito brincalhão nos ganharam facilmente. E ele logo se tornou parte da nossa família. A parte mais louca e descontrolada da nossa família, sim. Mas um membro fiel e amado por todos. Tanto que não foi surpresa quando a primeira palavra de ambas as nossas gêmeas não foi algo comum como mamãe ou papai, não... foi "Milo". Provavelmente porque era algo que elas se acostumaram a ouvir constantemente. - "Milo, não! Milo, senta! Sai, Milo! Para, Milo!"...

Aliás, essa foi a primeira de muitas palavras das nossas garotinhas tagarelas. Logo elas estavam falando de tudo. Especialmente Amy, a mais desinibida. Era incrível ver como as duas, apesar de serem tão parecidas na aparência, eram tão distintas em personalidade. E isso ficava cada vez mais evidente à medida que elas cresciam e desenvolviam traços tão únicos que era facílimo distinguir entre elas, mesmo que elas fossem fisicamente quase idênticas. E como eram lindas! Com seus volumosos cabelos de cachos grossos e fechados que puxaram de mim, assim como os olhos castanhos. A pele delas era ainda mais clara que a de Matthew, e elas tinham o mesmo narizinho arrebitado e o sorriso encantador que o de sua mãe.

Agora, aos seis anos, elas estavam prestes a iniciar a primeira série na mesma escola onde Matthew estudava. Os três mosqueteiros inseparáveis. Os três amores de nossas vidas. Nosso maior tesouro. Nossos bebês estavam crescendo. Ah, como o tempo voa!

Havíamos nos mudado fazia cinco anos. E agora estávamos prestes a poder presenciar mais um evento importante na família: o casamento de Rebecca.

Após assumir a empresa de Pickford, ela conheceu Antoine, o piloto do jato particular da empresa. Isso mesmo, o cargo que tanto ela quanto seu pai insistiram para que eu aceitasse acabou sendo ocupado por esse experiente piloto francês por quem Rebecca se apaixonou. E agora eles estavam prestes a se casar.

Sob O Pôr Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora